Após grande incêndio, família de onça-pintada retorna a parque
Pode ser que a onça tenha se reproduzido no parque, e se isso for confirmado, é um avanço pra biodiversidade local porque a vida animal está retornando à Serra Azul. Além disso, é um tesouro para os moradores, já que durante o incêndio vários animais fugiram ou morreram, diminuindo a expectativa de vida da flora e fauna. Batistella acredita que a natureza continua resistindo à ação humana e já desenvolveu recursos naturais capazes de oferecer abrigo à outras espécies de bichos. “Essa descoberta significa que o parque tem qualidade ambiental adequada, pois existe presa suficiente para alimentar as onças, então, é possível que a natureza já esteja saudável”.
Após a identificação das onças no parque, o coordenador informa que a Sema vai intensificar o monitoramento e a fiscalização no local para evitar que a natureza volta a ser agredida e isso prejudique a permanência da vida animal. Ele alerta que matar animais como a onça-pintada é crime inafiançável, já que a espécie é listada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como ameaçada de extinção. Globalmente é classificada como quase ameaçada. “A população precisa se conscientizar e não agredir o meio ambiente porque muitas espécies sofrem quando seu habitat é destruído.”
Monitoramento acadêmico
As armadilhas fotográficas foram instaladas há um ano no parque pelo pesquisador e professor de ecologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Fernando Pedroni, para a realização de um inventário da biodiversidade local. O trabalho faz parte do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) que tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).
Segundo o professor, só um monitorando mais aprofundado pode mostrar se a família de onça só estava de passagem ou se realmente reside lá. “É emocionante saber que há registro de onça-pintada no parque. Só tínhamos relatos dos fazendeiros que moram próximo ao local, mas essa notícia nos serviu de alerta para intensificar a preservação daquele espaço que é rico em biodiversidade”. A câmara capturou também imagens de outros felinos, como jaguatirica e onça-parda e canídeos, como lobo-guará e cachorro-do-mato.
Destruição
O incêndio que atingiu 70% do Parque Serra Azul aconteceu em agosto do ano passado e durou quase 8 dias. Esse foi um dos maiores incêndios dos últimos 7 anos. Na época, o caso ganhou repercussão nacional devido sua gravidade. A investigação identificou que o fogo surgiu na casa de um casal de idosos que moravam numa chácara nas proximidades do parque. Eles estavam cozinhando feijão com gordura de porco e ao final do preparo da comida jogaram um tição (resto de madeira queimada) no mato e foram dormir. Na manhã seguinte o fogo se espalhou rapidamente e consumiu a vegetação.
Em agosto deste ano teve início de queimada numa área distante do parque, mas antes que as chamas se alastrasse o incêndio foi controlado.
O parque