Centro de Referência em Cuiabá resguarda população vulnerável
Desde 2011 funcionando com atuação ampliada na capital mato-grossense e com ações levadas ao interior, o Centro atende em média 30 pessoas que relatam dezenas de atos que atentam contra a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas.
De acordo com a ONU, são direitos humanos aqueles que respaldem vida, a propriedade, liberdades de pensamento, de expressão, de crença e igualdade perante a lei. Além deles, também são previstos os direitos econômicos, sociais e culturais, como ao trabalho, à educação, à saúde, à segurança, à previdência social, à moradia, à distribuição de renda, à paz, ao progresso, à inclusão digital, entre outros.
Segundo a coordenadora do CRDH, Eliane Ferreira Marques de Almeida, o local foi criado primeiramente para atuar como uma central de atendimento às vítimas de homofobia. Com o tempo, no entanto, entendeu-se a necessidade de que o auxílio fosse expandido.
Hoje, além de apuração de denúncias, o Centro é responsável pela realização de fóruns de debate, palestras educativas, encontros e reuniões estratégicas para apoio a grupos em situação de vulnerabilidade social. O trabalho feito também tem o objetivo de promover a articulação entre a rede de proteção social e garantia de direitos, por meio de encaminhamento a hospitais, delegacias, a unidades de assistência social e conselhos, por exemplo.
Alguns dos grupos beneficiados pelos serviços prestados nos CRDH estão os dedicados à garantia dos direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). “Infelizmente ainda há muita discriminação e preconceito. A situação é de muita vulnerabilidade. Alguns saem de casa e são perseguidos, agredidos. Até mesmo os atendimentos em postos de saúde não respeitam o direito dos transexuais, por exemplo, de serem chamados pelo gênero que se consideram, que é o nome social. Só usam o civil, de registro. Eles precisam que seus direitos sejam respeitados, serem tratados com dignidade”, explica a coordenadora.
Nicole Lemes, 30 anos, é estudante de Serviço Social de uma universidade particular de Cuiabá. Transexual, é natural de Nova Mutum e encontrou no CRDH a oportunidade de extensão curricular por meio de estágio e há mais de um ano atua no acompanhamento a pessoas vítimas de homofobia, nome dado a série de atitudes e sentimentos negativos em relação a pessoas homossexuais, bissexuais e transgêneros.
A universitária, além de acompanhar a realidade enfrentada por vítimas de homofobia, vive na pele o que classifica como “intolerância e desrespeito”. “A partir do momento que você se aceita, tudo é mais fácil, mas, para trabalho ou qualquer outra situação fora a familiar, é complicado, é muito difícil. Essa barreira do preconceito ainda existe. O povo ainda vê uma trans como um objeto de prazer”, lamenta.
Além do público LGBT, o Centro de Referência também atende crianças, adolescentes, idosos, mulheres, ribeirinhos, pessoas em situação de rua, com deficiência, com hanseníase, coletores de materiais recicláveis, pessoas negras, indígenas, ciganas, quilombolas, egressos do sistema prisional, vítimas de intolerância religiosa, xenofobia e todas as pessoas vítimas de abusos, maus tratos e abandono.
O CRDH está localizado na Rua Pedro Celestino, número 291, no Centro de Cuiabá. O horário de atendimento é das 8h às 12h e das 14h às 18h. Mais informações pelo telefone (65) 3624-4730 e, para denúncias, o número é 100.
Central de intérpretes
No próximo dia 28, o Centro de Referência em Direitos Humanos ganhará reforço. O Governo do Estado colocará em funcionamento a primeira central de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) de Mato Grosso.
Inicialmente composta por quatro profissionais, a central prestará atendimentos diversos aos deficientes auditivos que vivem em Mato Grosso, desde acompanhamento para que sejam sanadas dúvidas jurídicas e de transporte público até tradução simultânea de eventos onde seja necessário.