Desembargador Marcos Machado pede para ser investigado após divulgação de escutas
Marcos Machado se reuniria junto aos demais desembargadores em sessão administrativa do Pleno do TJMT nesta quinta-feira, mas enviou ofício ao presidente do tribunal, desembargador Paulo da Cunha, comunicando sua ausência e alegando “absoluta falta de condição psicológica”.
No mesmo ofício o desembargador também informou que designou um advogado para representá-lo em sindicância solicitada por ele para apurar sua conduta depois que foram divulgados trechos das gravações de conversas entre ele e o ex-governador - que se encontra foragido da Polícia Civil desde a tarde de terça-feira devido a investigações da operação Sodoma, contra fraudes em incentivos fiscais do estado.
Gravações
Obtidas com autorização judicial e divulgadas pela TV Centro América, as gravações das escutas telefônicas mostram o ex-governador e o desembargador em uma suposta articulação para obter decisão judicial de soltura da ex-primeira-dama Roseli Barbosa, presa no dia 20 de agosto durante a operação Ouro de Tolo, do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco).
Em primeiro lugar, Silval Barbosa telefona para um de seus advogados cobrando providências para obter a soltura de sua esposa. Depois, no mesmo dia, o ex-governador recebe uma ligação de um telefone celular que consta da lista dos aparelhos funcionais do TJMT. Conforme a lista, o número é utilizado pelo desembargador Marcos Machado, que foi indicado para o cargo em 2011 pelo ex-governador durante sua gestão.
Na conversa, o interlocutor de Silval Barbosa afirma que está “aguardando o caso”, coloca-se à disposição caso ele precise de um “diálogo” e para “contribuir com alguma posição”. O ex-governador agradece e eles encerram a ligação.
Num telefonema seguinte, o interlocutor do ex-governador afirma que está ligando apenas para “lhe dar um retorno”, dizendo que “não foi o ideal”. O ex-governador tenta dispensar a conversa dizendo que retorna em seguida, mas o interlocutor insiste no recado de que “não foi o ideal”, dando a entender, segundo o MP, que alguma coisa não transcorreu da forma planejada, e ambos se despedem.
A reportagem da TV Centro América telefonou para o aparelho interceptado nas ligações com Silval Barbosa. Quem atendeu foi o desembargador Marcos Machado, que negou qualquer traço de tráfico de influência nos diálogos mantidos com o ex-governador.
Segundo Machado, ele mantém relacionamento pessoal com o ex-governador. O próprio magistrado lembrou que foi indicado para o cargo por Silval Barbosa (anteriormente, ele era promotor de Justiça) e classificou como uma “ofensa” o questionamento a respeito de eventual tráfico de influência. Ele ainda lembrou que não foi relator do pedido de liberdade da ex-primeira-dama no TJMT.
Já a assessoria de imprensa do TJMT confirmou o recebimento do pedido de sindicância feito por Machado, mas também informou que o presidente, Paulo da Cunha, não deverá se pronunciar sobre o caso.