Meta é unir esforços na busca de consolidar a Escola Ciclada, valorizando todos os atores envolvidos
Com presença do secretário, comissão debate realidade da educação em MT
Sobre o modelo "Escola Ciclada", o secretário se mostrou favorável à permanência do sistema, mas defende mudanças e aprimoramentos que passem pela afirmação da política de formação continuada dos professores, a pactuação de que professores e coordenadores pedagógicos exercem suas funções pedagógicas ao invés do que ocorre hoje com uma escola “onde professores se preocupam com todas as demais questões, exceto com a parte pedagógica e o aprendizado do aluno”.
Sobre este item, o presidente da comissão, deputado Wilson Santos, disse que “é preciso implantar o ciclo definitivamente, assim como fez a Inglaterra, França e os Estados Unidos; os países mais ricos do mundo já adotaram e não há mais volta. É preciso implantar no Brasil”. Ele sugeriu um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) entre os envolvidos, inclusive Ministério Público, universidades, Undime, Sintep, ALMT, AMM, para fazer valer o ciclo, com todas as competências e atividades de cada um desses atores definidas.
Santos percorreu o estado promovendo amplo debate sobre a implementação da "Escola Ciclada" e compreendeu que os professores estão perdidos em sala de aula, ainda ministram aulas com foco no sistema seriado, quando é preciso sair do processo antigo para o moderno. O parlamentar afiançou que o relatório enviado ao governo será pormenorizado e conterá opiniões dos professores que vivem a realidade da escola ciclada e que poderá ser unido aos estudos que estão sendo feitos pelo governo com estudiosos do assunto, para se encontrar um mecanismo eficiente de gestão.
Ao falar sobre a diferença entre o número de alunos registrados no sistema da Seduc e os que efetivamente estão em sala de aula, que foi detectado em estudo pelo atual governo, chegando a mais de 10 mil, Permínio preferiu não denominar de “fantasmas” e ressaltou que “aconteceu uma distorção por culpa ou dolo de alguém e agora a secretária escolar fará os lançamentos no sistema cada vez que um aluno saia de um estado para outro, deixe de frequentar as aulas. Vamos ficar vigilantes e com a secretária da escola mantendo esse número no sistema de forma precisa”, garantiu.
Permínio informou também que uma parceria entre a Associação dos Produtores de Algodão (Ampa) e o governo vai fornecer uniformes escolares a partir de 2016 e que poderá ser colocado um chip que vai permitir informações sobre os alunos. A reaproximação da escola com os pais também entrará em pauta, tanto que está sendo estabelecida uma agenda para que o governador participe de reuniões de pais e mestre nas escolas. Também está sendo pensado o aumento da inclusão da informatização na escola. Todas essas medidas é para que o aluno queira permanecer em sala de aula.
Sobre transporte escolar, o secretário reconheceu que o percentual de R$ 1,90 km rodado por aluno é insuficiente, mas lembrou que esse número era menor no início do ano, R$ 1,80, e que a cada R$ 0,5 de aumento por aluno são acrescidos cerca de R$ 7 milhões em investimentos. Ele informou que, desde 2010, não havia aumento e que encontrou um orçamento de R$ 47 milhões para uma demanda pactuada de R$ 61 milhões, um déficit de R$ 14 milhões, e que já conseguiu suplementar esses R$ 14 milhões. Sobre esse tema, o deputado Nininho ressaltou que é uma pauta importante a ser discutida, afiançou que a ALMT poderá contribuir na busca de mais recursos no orçamento e se disponibilizou a tentar sensibilizar os demais parlamentares.
Sobre a merenda escolar, Wilson Santos disse que diagnosticou que, em alguns municípios, as crianças estão ficando sem proteína animal porque não há abatedores na cidade e os açougues não têm o selo de inspeção exigido para a compra da carne para a merenda. Ele sugeriu a compra de charque (carne salgada e seca ao sol em exposição maior que outras dessecadas com o objetivo de mantê-la própria ao consumo por mais tempo). Será estudada uma parceria entre Agricultura Familiar e Indea para abate de pequenos animais dentro das condições sanitárias exigidas.
O debate incluiu ainda a proposta de Wilson Santos que prevê aumento gradual dos recursos da educação, sendo aumento gradual, fixado em 0,05% ao ano, o que, segundo Santos, vai permitir uma escola de qualidade até 2015. Entre as melhorias que se espera, aliar índices como o fato de que Mato Grosso paga o 3º maior salário no país, mas é o 2º colocado em qualidade da educação.
Uma mãe, Gabrielle Andrade, compareceu ao debate para reivindicar ampliação do atendimento a crianças com dislexia (dificuldade na área da leitura, escrita e soletração), disgrafia (dificuldade de aprendizado com a língua escrita) e descalculia (dificuldades no aprendizado com números). Ele informou que está sendo criada a Associação de Dislexia de Mato Grosso. Segundo ele, o problema é grave em nosso estado porque falta atendimento para crianças com essas especialidades. Gabrielle e outras mães estão formando a Associação de Dislexia de Mato Grosso.
Ainda o deputado Emanuel Pinheiro foi ao debate para sugerir um outro encontro, desta vez com Permínio Pinto e tendo como novo convidado o padre Paulo Ricardo para debater sobre a questão das drogas na escola. A sugestão foi dada quando o secretário admitia que esse problema afeta em muito as escolas. Só no ano passado, citou Permínio, foram cometidos 8 assassinatos de alunos próximos de escolas. Este ano já são 2 e todas as 10 mortes ligadas ao envolvimento com drogas. O deputado Max Russi compareceu para agradecer pelas visitas técnicas que o secretário e a equipe estão fazendo a escolas de vários municípios. Para ele, “ o olhar sensível e diferenciado dará uma grande contribuição a melhora da educação em Mato Grosso”.