Pai descobre que filha assassinada era agredida e ameaçada por suspeito
“Estamos sofrendo, mas minha mulher está sofrendo mais que eu. Temos que dar uma de durão. A coisa que eu mais amava era a minha filha”, declarou o pai da estudante, Francisco Cazado, que trabalha como comerciante na cidade. Isabella morava com os pais e com uma irmã portadora de necessidades especiais.
Segundo Francisco, os amigos disseram que Isabella também teria sido ameaçada de morte pelo namorado, pelo cunhado e até pelo sogro. No entanto, apenas a ameaça de morte por parte de Fernando foi oficializada no inquérito aberto pela Polícia Civil após depoimento de testemunhas.
As agressões e demais ameaças são investigadas pelo delegado responsável pelo caso, Nilson Farias. Rony teria ameaçado matar os pais de Isabella, caso ela contasse sobre as agressões. A família sabia das constantes brigas, porém, nunca tinha presenciado agressões ou ameaças por parte de Rony.
“Os amigos nos disseram que ela apanhava dele. Mas para nós ela nunca contou nada. Ela não contou para nos proteger [do namorado]. Disseram que ele a ameaçou falando que se contasse iria nos matar. Isabella tinha medo de que ele fizesse algo conosco”, disse o pai da vítima.
As agressões físicas teriam começado há quase três meses, conforme relato dos amigos da estudante. O pai de Rony, Anísio dos Santos, de 49 anos, foi preso na última sexta-feira (3). Ele também teria ameaçado matar Isabella depois de um dos inúmeros términos de namoro do casal. Os policiais foram até a casa de Anísio para cumprir um mandado judicial de busca e apreensão, já que havia indícios de que a arma usada no crime estaria lá. A polícia não encontrou a arma mas flagrou uma quantidade de munição e algumas cápsulas de munição já deflagrada.
“Nós nunca aceitamos o namoro deles. Ela o largava e eles voltavam e brigavam várias vezes. Ele era agressivo. Não tenho dúvidas que foi ele quem a matou. Existem pessoas que viram [o crime]. No mínimo ele quis voltar com ela [de novo], discutiram e aconteceu isso”, lamentou.
A única ameaça que a família de Isabella sabia era a de Fernando. Na ocasião a família não o denunciou à polícia por medo da reação de Rony e do próprio Fernando. “Chegamos de ver alguns hematomas nela, mas ela dizia que eram de quedas e tombos. Isabella nos disse que não iria se casar com Rony. Ela planejava se formar no final do ano e ir morar com a avó no Paraná”, lembrou Francisco.
A estudante de Direito estava desenvolvendo um trabalho de conclusão de curso (TCC) sobre violência contra a mulher no 9º semestre do curso, na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), no campus de Diamantino, a 209 km de Cuiabá.
Os pais de Isabella acreditam que o irmão de Rony tenha ajudado e inclusive motivado o rapaz a matar a namorada.
O crime
Conforme apontam as investigações até o momento, Isabella Cazado foi morta durante uma discussão com o namorado, Rony Santos, dentro do carro dele na noite do dia 31 de maio. Há indícios de que, além do casal, o irmão de Rony - Fernando Santos, de 21 anos – estava no banco de trás do carro e disparou o tiro que efetivamente matou a estudante, atingindo-a na nuca. Rony está foragido desde a noite do crime. Já Fernando está preso desde o dia 12 de junho.