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MEIO AMBIENTE
Quinta - 30 de Abril de 2015 às 08:40
Por: Da Redação TA c/ Assessoria

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 As  belezas do bioma Amazônia foram suplantadas pela exploração mineral no município de Peixoto de Azevedo, onde  a  atividade garimpeira ainda é a base da economia, deixando para trás enormes buracos e a devastação de parte considerável da floresta. Tentando reverter o passivo ambiental e aproveitando os resíduos deixados pelo garimpo, a Assembleia Legislativa, em parceira com o Governo do Estado e a prefeitura municipal de Peixoto, promoveram o 1° Fórum de Piscicultura, atividade apontada como melhor opção para geração de emprego e renda na região. 

A principal proposta apresentada durante os debates foi  a utilização das áreas degradadas pelo garimpo do ouro e diamante, transformadas em buracos conhecidos pela população local de "crateados", em tanques de piscicultura, como forma de desenvolvimento econômico da região. As crateras, dependendo de sua profundidade e largura, seriam transformadas em viveiros para uma grande variedade de peixes, que poderão ser cultivados de forma tradicional ou em  tanques rede.

O Fórum levantou as demandas dos 15 municípios que compõem a região do Vale do Peixoto e as principais necessidades apontadas foram a criação de um centro de ração e a formação de cooperativas para comercialização do pescado, uma vez que no nortão não existe frigorífico especializado.

Autor do Requerimento para realização do Forum, o deputado estadual Dilmar Dal’ Bosco (DEM) destacou que a piscicultura em área de garimpo é uma alternativa ecologicamente sustentável e economicamente viável para a região. Ele apontou a escassez no número de peixe nos rios de água doce que cortam Mato Grosso, afirmando que a criação em reservatórios é a solução mais viável, também para os ribeirinhos.

“Restringiram a atividade garimpeira e não deram à população de Peixoto novas alternativas de renda. Tentaram fazer isso com a pesca profissional, mas nós conseguimos evitar, pois acredito que antes de proibir qualquer coisa o Poder Público precisa criar alternativas de sobrevivência digna para essas famílias”, defendeu Dilmar.

O secretario estratégico de Desenvolvimento Regional, Eduardo Moura, afirmou que uma das metas que serão usadas pelo Governo Estadual para reduzir as desigualdades regionais são investimentos na cadeia produtiva do leite e na piscicultura, para isso o governador irá buscar uma linha de credito específica junto ao banco Mundial.

“Temos que reduzir as desigualdades regionais. Mato Grosso continua sendo um estado rico para poucos, e a linha da BR-163 é prova disso. Nela encontramos os maiores IDHs de Mato Grosso e do Brasil mais também situações de extrema pobreza, com economias exauridas e abandonadas pelo Poder Público”, destacou  Moura.  

De acordo com o secretário de Agricultura Familiar e Regulação Fundiária, Suelme Fernandes, para  a  implantação da piscicultura na região serão necessários alguns levantamentos técnicos, a exemplo da identificação da qualidade do solo, a disponibilidade e qualidade da água, além de estudos que permitam enxergar o acesso ao mercado consumidor, em vista aos problemas de logística existentes na região.

A príncipio, porém, ele acredita que possa haver o aumento do consumo no mercado interno, a partir, por exemplo, da ampliação da oferta de peixe para o preparo da merenda escolar. A descentralização das licenças ambientais, repassando as atividades de baixo impacto para as prefeituras municipais, também foram apontadas pelo secretário como alternativa para viabilizar a proposta.

“Nosso compromisso é com quem quer produzir e trazer riquezas para a sociedade e não para si. O governo vai entrar aqui e pensar no pequeno, por isso, a partir desse Fórum está instituída a participação de Peixoto de Azevedo no projeto de piscicultura que o governo vai implementar, já em 2016. Nosso técnico levará as necessidades à Seaf”, afirmou Suelme.

Suelme pontuou ainda que é necessário estudo, seguido de uma campanha publicitária,  para esclarecer a sociedade que não há possibilidade do mercúrio usado no garimpo contaminar os peixes criados em tanques de crateados.

“Existe uma mentira que os peixes são contaminados por mercúrio, precisamos investir em publicidade para desmistificar  isso, que  pode ser uma grande impeditivo no mercado. Lá em Poconé ocorreu esse boato, que  quebrou a piscicultura local. Precisamos agir em conjunto com a Assembleia para desmistificar esse assunto”, cobrou Suelme. 

O prefeito de Peixoto de Azevedo, Sinvaldo Brito, destacou a importância do evento para o município. Ele afirmou que a regularização fundiária e a agricultura familiar são os dois maiores empecilhos para o desenvolvimento da região. Ele enxerga na piscicultura uma possibilidade real de manter as famílias com dignidade na área rural. 
 
“ É preciso tirar o foco do garimpo que causa muitos problemas ambientais”, afirmou o vereador peixotense Eduardo da Farmácia”.  “Não só Peixoto, mas toda a região sofre com a ausência de frentes de trabalho. Esse Fórum vem ao encontro das nossas necessidades”, completou a vereadora Josevânia Ferreira Amorim.

O vereador por Guarantã do Norte, Zilmar Assis de Lima, afirmou que a atividade só será viável mediante a regularização fundiária e ambiental dos assentamentos que trará mais segurança jurídica aos produtores, destacando que concorrência com as grandes pisciculturas pode atrapalhar a comercialização da agricultura familiar.

Cerca de 200 agricultores familiares participaram do evento, que também contou a presença dos prefeitos Sandra Martins, de Guarantã do Norte, Dorival Lorca, de Nova Santa Helena, José Hélio da Silva, de Novo Mundo, além do gestor de Peixoto de Azevedo. Secretários de Agricultura da região também acompanharam os debates.





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