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JUSTIÇA
Quarta - 29 de Abril de 2015 às 07:50
Por: Da Redação TA c/ Assessoria

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 O enfermeiro Evanderly de Oliveira Lima, acusado de assassinar a juíza Glauciane Chaves de Melo em junho de 2013, no município de Alto Taquari (479 km ao sul de Cuiabá), foi condenado a 18 anos e seis meses de prisão, em regime fechado, por homicídio qualificado.

O julgamento teve início na manhã de ontem (28) e terminou na madrugada desta quinta-feira (29).

Em seu interrogatório, Evanderly confessou o crime e disse ter perdido o controle da situação. No início do depoimento, se emocionou e chegou a chorar.

Em momento algum eu entrei no Fórum para executar a juíza. Naquele dia, perdi a cabeça. Ajoelhei aos pés dela. Ela se exaltou, me chamou de fracassado, de gigolô e disse que eu não tinha dignidade", afirmou o acusado. Em seguida, acrescentou que na época não estava bem psicologicamente por conta da separação. "Hoje sinto falta dela, falta da felicidade. A pior prisão é a sentimental, não consigo esquecer e nem parar de pensar nela", revelou.

De acordo com o réu, no dia do crime ele foi ao Fórum para mais uma tentativa de reconciliação. Contudo, a juíza teria dito que já estava em outro relacionamento e, por isso, começaram a discutir.

"Ela disse que não tínhamos mais nada a conversar e que eu poderia me retirar da sala. Perdi a cabeça, perdi o controle e efetuei dois disparos. Não foi por amor, ela me rebaixou, me senti um inútil ali", contou Evanderly.

Questionado pelo magistrado presidente do Tribunal do Júri, Carlos Augusto Ferrari, o réu afirmou estar arrependido. "Eu me arrependo demais, penso em minhas filhas, minha família e na família dela. Imagino a dor e o sofrimento da dona Lourdes, mãe da Glauciane. Peço perdão a ela pelo que eu fiz, pela dor que estou causando. Estou aqui e vou ter que pagar pelo meu erro custe o que custar", disse.

No fim do interrogatório, Evanderly acrescentou que, se pudesse, voltaria atrás. "Nada vai trazer a vida dela de volta, é uma perda irreparável", afirmou.

Crime premeditado

Para o Ministério Público, o crime foi premeditado. “Quem vai buscar a reconciliação não leva uma arma de fogo com cinco balas, leva um buquê”, afirmou o promotor de Justiça Márcio Florestan.

 

De acordo com a acusação, após a negativa da juíza em se reconciliar, o réu sacou um revólver calibre 38 e disparou dois tiros, que acertaram a nuca dela e resultaram na morte da magistrada.

“Evanderly tentou justificar o crime dizendo que foi ofendido e humilhado. Mentira! As portas da sala estavam abertas e ninguém ouviu qualquer ofensa dirigida a ele por Glauciane. Seria impossível que alguém não tivesse ouvido. Infelizmente ele não falou a verdade”, sustentou o promotor.

Durante o interrogatório, Evanderly afirmou nunca ter agredido e nem ameaçado Glauciane Chaves de Melo e negou ter premeditado o assassinato da juíza. O réu contou que entrou armado no Fórum de Alto Taquari no dia do crime e que escondia o revólver em uma pochete. Entretanto, disse que jamais havia imaginado um "desfecho trágico como esse".

Contudo, testemunhas afirmaram durante a sessão do Tribunal do Júri que a vítima estava sendo perseguida e ameaçada pelo acusado. De acordo com relatos das testemunhas, o réu perseguia e rondava a casa de Glauciane. A magistrada teria até parado de se exercitar em áreas públicas do município depois de uma ameaça do ex-marido.

"A juíza sempre o tratou bem. Na época da separação, não tinha medo. Depois passou a ter. Ele a perseguia enquanto ela fazia caminhada", afirmou uma das testemunhas.

Outra testemunha disse acreditar que a juíza não relatou essas situações às autoridades por não imaginar que ele pudesse fazer algo contra ela.

Para o promotor, outra prova da premeditação do crime é o depoimento de um homem que diz ter sido procurado pelo réu três vezes para que lhe conseguisse um revólver. "Evanderly já pensava em matar Glauciane. A arma que ele queria comprar era, sem dúvida nenhuma, para matá-la", destacou.

Além disso, Márcio Florestan apresentou como prova o conteúdo de mensagens de celular em que a magistrada pedia para ele parar com as perseguições e ameaças.

Defesa

O advogado do acusado, Edno Damascena, alegou que o réu estava sob forte emoção quando atirou e matou a juíza. "Esse homem que estamos julgando, por um fato que ocorreu em cinco minutos, viveu o relacionamento com intensidade. É um homem de carne e osso, méritos e defeitos. Confessou que atirou, matou e está arrependido", disse o advogado para os jurados.

Na sustentação da defesa, Edno ressaltou que a justiça não significa condenação e nem punição. Para ele, o melhor conceito de justiça é "dar a cada um aquilo que é seu". O advogado falou ainda que o réu se comportou bem diante do interrogatório no Tribunal do Júri, respondendo a todas as perguntas e reconhecendo a ajuda que recebeu da vítima para terminar os estudos.

A defesa analisa recorrer da decisão. 





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