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JUSTIÇA
Sábado - 16 de Julho de 2016 às 15:22
Por: G1 MT

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Foto: GcomMT/Maria Anffe
 Por risco de contaminação dos pacientes, a juíza Flávia Catarina Oliveira de Amorim Reis, da Vara de Fazenda Pública de Cuiabá, mandou o governo de Mato Grosso suspender as cirurgias de catarata realizadas durante a Caravana da Transformação, que está em atividade desde a última quinta-feira (14) em Barra do Bugres, a 169 km da capital, e deve durar até domingo (17). O estado informou que vai recorrer da decisão e tachou a ação como "estratégia de grupos rivais".

A liminar é de sexta-feira (15) e foi dada durante o plantão judicial. "Defiro parcialmente o pedido e concedo a tutela de urgência (…) tão somente para suspender qualquer contratação de unidades móveis para cirurgias de catarata em regime de mutirão que desrespeitem a dignidade do ser humano e colocam a população em risco de infecção e morte”, diz trecho do despacho.

A decisão atendeu ao pedido da Associação Mato-grossense de Oftalmologia, que alega que cirurgias feitas dessa maneira - com mais de uma pessoa ao mesmo tempo e fora do ambiente hospitalar - expõem os pacientes a riscos.

"Na verdade, não é um pedido só da associação. É uma normativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologa. Está havendo uma banalização da cirurgia. Eles montam um contêiner e fazem seis cirurgias simultaneamente. Isso é absurdamente contra as normas da Vigilancia Sanitária", disse Renato Bett, presidente da Associação Mato-grossense de Oftalmologia.

Conforme o médico, há riscos de infecção e perda da visão. Em fevereiro deste ano, pacientes que passaram por um mutirão de catarata em São Bernardo do Campo foram contaminados por uma bactéria e parte deles perdeu a visão.

"Há exemplos, já vimos que não dá certo. Há hospitais regionais em todas a regiões de Mato Grosso que têm condições de fazer esse tipo de cirurgia. Da forma que é feita, não dá nem tempo de esterilizar porque somente para isso são necessários aproximadamente 40 minutos", disse Bett.

O médico também criticou a falta de atendimento no pós-operatório. "A caravana fica uma semana e depois vai embora. Como fica esse paciente? Eles dão um número 0800 para essas pessoas. O que acontece depois é um abandono, e sempre há riscos após uma cirurgia", acrescentou.

O advogado da associação, Nestor Fidélis, negou o caráter político da ação e disse que foram feitas tentativas de dialogar com o governo antes do mutirão. "Juntamos matérias jornalísticas no processo sobre os riscos. Há relatos que o tratamento dado é desumano", disse.

Outro lado

O governo disse que a associação está agindo ou de má-fé ou por desconhecimento quando aponta os riscos de contaminação, e que os procedimentos cirúrgicos da Caravana da Transformação são regulados e auditados pela Vigilância Sanitária, e que acompanha todos os procedimentos.

Disse também que os relatórios são encaminhados diariamente ao Ministério Público e que cada um dos pacientes passa pelo “risco-cirúrgico” em pré-operatório, para saber se está apto para a cirurgia nos modelos do programa.

Os demais serviços da Caravana da Transformação continuam normalmente, informou o estado.





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