Bairro violento de Várzea Grande recebe projeto de inclusão social
Um episódio que assustou os moradores foi a chacina de cinco pessoas em um bar do bairro no ano passado. Segundo testemunhas, homens encapuzados chegaram e atiraram contra oito pessoas, três sobreviveram, mas até hoje ninguém foi preso. Conforme a Polícia Militar, de janeiro a fevereiro deste ano foram registrados 22 homicídios na região. Em 2014 foram assassinadas 225 pessoas em Várzea Grande, sendo 11 apenas no bairro São Mateus.
Para tentar diminuir a violência na região a Polícia Militar criou Centro Avançado de Tecnologia de inclusão social (Catis). Esse projeto também é feito em seis lugares na cidade. "É de inclusão social e ele deve se expandir para regiões mais excluídas, onde a incidência da violência é maior, como o São Mateus", observa Sérgio Coneza, coronel da Polícia Militar de Mato Grosso.
A ação é desenvolvida pela Polícia Militar e o Conselho de Segurança de Várzea Grande. A cada três meses 90 pessoas recebem capacitação profissional gratuitamente. No laboratório são 33 computadores para cada aluno. Todas as pessoas de qualquer idade podem participar do projeto, ainda que não tenham tido acesso à informática. Dona Marli conta que foi participar logo que soube. Moradora do bairro há 15 anos, ressalta que nunca tinha utilizado um computador. "Quero aprender, está difícil, mas vou continuar",, disse a dona de casa.
Os participantes aprendem noções de informática e ainda recebem orientação sobre outras áreas profissionais. " Além da informática básica a gente ensina outros assuntos, prepara para o mercado de trabalho mesmo, aprendem até algumas ferramentas de escritórios, como de auxiliar administrativo, atendimentos de caixa e até o setor financeiro" explica o instrutor de informática, Fábio Mariano.
As aulas acontecem de segunda a sexta, na sede da Associação de Moradores em Várzea Grande. O espaço foi doado e a ação deve ser permanente. Sérgio Dorival, presidente da Associação de Moradores do bairro São Mateus conta que pretende mudar essa imagem de violência e para isso auxilia no projeto. "Estamos correndo atrás de parceiro de energia, pagamos aluguel e pintamos", disse.
O objetivo é expandir as unidades do centro de inclusão avançada para outros bairros. O São Simão, o Marajoara, o Parque do Lago, o Costa Verde e o Cristo rei estão entre os que devem receber o projeto. A previsão também é de que isso seja levado para outras regiões do estado e até para a zona rural.