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ECONOMIA
Segunda - 14 de Junho de 2010 às 09:27
Por: Revista Única

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Presidente da Fiemt, Jandir Milan
Presidente da Fiemt, Jandir Milan

A indústria é responsável por 140 mil novos empregos na última década. As exportações superam R$ 8 bi. O Estado representa 30% da balança comercial brasileira e os indicadores econômicos apontam um crescimento de 14% para os próximos anos.

Mato Grosso está crescendo e seu desenvolvimento ultrapassa os índices brasileiros. Essa reflexão é unânime no meio econômico e os dados corroboram a afirmação. O responsável é o setor industrial, que apresenta uma participação decisiva nas contas do Estado. Um estudo realizado pela Federação das Indústrias (Fiemt) registra um crescimento de 10% nos últimos anos e uma projeção de 14% para os próximos quatro. As taxas são muito superiores às da média nacional, que gira em torno de 3%, e equiparadas às da China, país que mais cresce atualmente no mundo.

Para o presidente da Fiemt, Jandir Milan, o Estado é um dos melhores lugares para se investir. É o sétimo em renda per capita e a tendência é aumentar. Avaliando-se que a população não chega a 3 milhões e que o total do Produto Interno Bruto (PIB) estadual gira em torno de R$ 43 bilhões (35% vem da produção industrial), o valor per capita atinge em MT surpreendentes R$ 17 mil. "Esse dado é relevante ao levarmos em consideração o fato de sermos o 15º Estado em número de habitantes".

Em outro diagnóstico, realizado pela Secretaria Estadual de Indústria e Comércio, constata-se a abertura de 100 mil novas empresas nos últimos cinco anos. Destas, 84.387 foram no setor do comércio, 15.670 no de indústria e 2.861 na área rural. O governo do Estado incentivou 683 delas a partir dos Programas de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Prodeic) e Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Fundeic). Outras 214 buscaram recursos junto ao Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO). Ao todo, 877 empresas investiram em Mato Grosso cerca de R$ 6 bilhões e geraram pelo menos 310 mil empregos diretos e indiretos. "Hoje são 14 mil filiadas à Federação e 40 municípios com distrito industrial", garante o diretor da Secretaria Estadual, Sérgio Romani.

A indústria tem fator decisivo nessa distribuição de renda, ao gerar no período de 1985 a 2009 mais de 140 mil empregos formais. É a que mais gera emprego ao se comparar com outros setores, como a agropecuária. O setor industrial foi o responsável pela geração de 21,4% dos empregos formais de 2009, no Estado, sendo a média brasileira de 25,4%. A expectativa é de que em quatro anos Mato Grosso atinja a média nacional. O Estado é o segundo da região Centro-Oeste em participação da indústria na geração de empregos, só perdendo para Goiás, que gerou 23,7% dos empregos formais.

Essa realidade é direcionada a todo o território mato-grossense. Segundo o levantamento da Fiemt, diferentemente do passado, em que as indústrias se concentravam principalmente na capital e na região sul, as ocupações estão espalhadas por investimentos feitos ao longo da BR- 163 (Sinop, Sorriso, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde); na região leste (Primavera, Campo Verde e Barra do Garças) e em locais de pouca tradição no setor secundário como os municípios de Nobres e Rosário Oeste. "É um emprego que oferece a mobilidade social para as colocações que estão surgindo", explica o presidente da Fiemt.

Exportação em alta

Outro
dado que confirma que o desenvolvimento do Estado é maior que o do Brasil é o referente às exportações. Mato Grosso registrou no primeiro quadrimestre deste ano um superávit acumulado na Balança Comercial de US$ 2,58 bilhões, exportando US$ 2,88 bilhões e importando US$ 303 milhões. Tal resultado é pouco maior do que o do mesmo período do ano passado, mas ainda assim contrapondo positivamente com o saldo do país, que é 67% menor no mesmo período. Em abril, Mato Grosso vendeu US$ 923,10 milhões, 6,7% a mais que em abril de 2009. A China é hoje o maior cliente, comprando cerca de 30% das vendas externas, seguida da Holanda, com 11,4%, e da Tailândia, com 6%.

Nesse quadrimestre, Mato Grosso é o sétimo maior Estado no ranking da exportação do país e o segundo na balança comercial do agronegócio, perdendo apenas para São Paulo. Ainda assim, é destaque em pelo menos sete atividades relacionadas à agropecuária. É o maior rebanho comercial do Brasil com 26 milhões de cabeças e o maior produtor de soja. Para o secretário estadual de Indústria e Comércio, Pedro Nadaf, o Estado está vivendo um momento ímpar. "Nosso crescimento pode ser comparado apenas ao dos Tigres Asiáticos que crescem em média 8% ao ano".

Falta logística

Mato Grosso está sendo considerada a unidade federativa que mais contribui com a geração de riquezas no país. Aliado a isso, um ousado projeto de logística promete transformar a região em um polo central irradiador de produtos, mão-de-obra e tecnologia. Os empreendimentos incluem a conclusão da Ferronorte, ligando o sul ao norte do país pelos trilhos, a melhoria da BR-163 – com saída para o Atlântico através da região norte, duplicação da BR-364 entre Rondonópolis e a capital, Cuiabá, e em projetos de abertura de estradas que cortarão os países andinos como a Bolívia e o Peru – chegando-se ao oceano Pacífico. "O desempenho registrado na indústria vai dar um boom, transformando Mato Grosso no mais novo celeiro agroindustrial brasileiro", avaliza Milan.

As perspectivas são de tornar o Estado um local estratégico para os negócios e de apresentar um crescimento superior ao da China. Os números dos últimos anos confirmam essa tendência. Entre os segmentos industriais que registraram maior crescimento, está a indústria de transformação, com destaque para a indústria alimentícia, gerando a expectativa de que o Estado passará, em breve, da condição de exportador de alimentos in natura e commodities para exportador de produtos industrializados, agregando valor ainda mais expressivo à receita estadual.

 

Novos investidores

Com uma proposta de produzir mensalmente 14 milhões de metros de tecido, o equivalente a 12 milhões de calças, a empresa têxtil Vicuña se prepara para abrir uma fábrica em Cuiabá. O projeto é para ter início em 2012, mas os investidores já estão em Mato Grosso cuidando dos preparativos e das estratégias da fábrica para a capital mato-grossense. O projeto total é de R$ 350 milhões que incluem a infraestrutura necessária para seu funcionamento.

A nova fábrica faz parte dos trabalhos de expansão e modernização da empresa, que está há mais de 40 anos no mercado da América Latina. A localização de Cuiabá vai proporcionar uma economia de R$ 18 milhões por ano no transporte do algodão. "Vamos gerar dois mil novos empregos em cargos técnicos e administrativos", esclarece o diretor do grupo, Marcel Yoshimi Imaizumi. O Grupo Votorantim também escolheu o Estado para instalar mais uma fábrica de cimento que será construída na região do Distrito da Guia, Rosário Oeste ou Acorizal.

A escolha dependerá de uma análise das opções de jazida, solo e estrutura de cada município. O investimento será de R$ 350 milhões no projeto. O protocolo de intenções com o governo do Estado foi assinado no dia 6 de maio concedendo incentivos que reduzem 50% do ICMS à empresa, em um período de dez anos. Cerca de mil empregos serão gerados na nova fábrica, pelo menos 400 diretos. O funcionamento total está previsto para o final do ano de 2012. Além da Votorantim, a Hering também se instalará no interior do Estado.





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