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DESENVOLVIMENTO
Sábado - 05 de Novembro de 2016 às 09:23
Por: Redação TA c/ Gcom-MT

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Foto : Lenine Martins/Sesp-MT
Novos escrivães da PJC
Novos escrivães da PJC

Quando o escrivão Bento Roseno da Silva, 51 anos, ingressou nos quadros da Polícia Judiciária Civil, nas delegacias ainda havia máquinas de datilografia, carregadas “debaixo do braço” para fazer oitivas de detentos em unidades prisionais ou testemunhas nas mais diversas regiões.

Quinze anos depois, a realidade estrutural da PJC é outra, vieram novas viaturas, computadores e efetivo. Mas o papel do escrivão de polícia – cujo aniversário se comemora neste sábado, 05 de novembro – segue intacto, o de materializar e eternizar os atos do Inquérito Policial.

Ameaçado de morte diversas vezes, durante inquéritos emblemáticos de casos de grande repercussão em todo o Estado, o escrivão Bento atua desde 2001 na Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), em Cuiabá.

Com comprometimento e seriedade, Bento Roseno trabalhou em investigações de casos complexos, ligados a grupos de extermínio como o comandado pelo Cabo Hércules, Célio Alves e João Arcanjo Ribeiro envolvendo a morte do jornalista Sávio Brandão, o desaparecimento de jovens no bairro Tijucal, o duplo homicídio de um casal no bairro Jardim Humaitá e recentemente na complexa operação Mercenários – que desmantelou um grupo responsável por dezenas de mortes nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande.

“As ameaças de morte são constantes em nossa profissão, por telefone e pessoalmente, especialmente pela particularidade da delegacia em que trabalho. O escrivão fica à frente com os criminosos e com isso fica bastante exposto, mas continuamos firmes em nosso trabalho por entender que servimos a um propósito maior, prender a pessoa que oferece um risco real à sociedade, e proteger a população. A verdade é que todo policial quando sai de casa não tem certeza se vai voltar, e assume esse risco. A palavra 'servir' atinge seu grau máximo”.

Amor pelo ofício

Nesses 15 anos, a Polícia Civil mudou da água para o vinho, avalia o escrivão. “Quando peguei a portaria de lotação na DHPP, em 2001, eram 4 escrivães (hoje são 17) e só havia um computador no Cartório Central. Ar condicionado não havia em nenhuma sala e a delegacia só contava com 4 viaturas”, relembra.

O efetivo aumentou, a estrutura melhorou, e o avanço tecnológico deu maior celeridade ao trabalho. No entanto, o foco segue o mesmo, a busca por justiça, vencendo dificuldades.

“A Delegacia de Homicídios atua nos piores crimes, que são os contra a vida, dom sagrado que só Deus pode tirar. Cotidianamente, vemos a angústia das famílias que vêm procurar ajuda, após perder um ente querido. Eles estão cientes que estas pessoas não vão voltar mais, mas se apegam na busca por justiça, esperam de nós, um serviço técnico, apresente o suspeito para a justiça e sociedade, a fim de ser julgado e condenado”, explica.

“Todas as vezes que o escrivão acessa o inquérito policial, investiga, possibilita a prisão e apresenta o autor, é extremamente gratificante. A família vê o resultado prático do nosso trabalho. Isso nos orgulha com a sensação de dever cumprido”.

Atualmente, Bento atua no Cartório Central, setor que reúne e coordena os trabalhos dos outros cartórios da unidade. “O escrivão é o responsável por colher todas as provas testemunhais, reunir os indícios de autoria, organizar o material que mais a frente servirá de subsídios para que o delegado requisite pela prisão ou pela busca e apreensão de objetos relacionados com o crime, que será a base de um eventual e futuro processo criminal”.

Em um dos inquéritos em que atuou, no ano de 2013, todas as testemunhas de acusação foram assassinadas. Então, Bento foi intimado para se apresentar em juízo para dar fé pública sobre o conteúdo dos relatos que ele colheu e reduziu a termo das testemunhas quando estavam vivas. “Em casos semelhantes uma testemunha crucial pode ser o escrivão de polícia”, exemplifica.

Dia dos Escrivães

Dinâmicos e essenciais para elucidação de qualquer atividade criminosa, atualmente a Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso conta com 722 escrivães de polícia lotados em delegacias de todas as regiões do Estado de Mato Grosso. Esse quantitativo é distribuído em 307 homens e 415 mulheres.

Para o delegado geral da Polícia Judiciária Civil, Rogério Atílio Modelli, os escrivães desempenham papel fundamental nas atividades desenvolvidas pela Instituição. “A Polícia Civil mato-grossense tem o privilégio de contar em seu quadro de servidores com competentes e engajados escrivães, que atuam com zelo e comprometimento para reunir as provas de autoria e materialidade delitiva, superando adversidades para servir a sociedade na busca pela justiça”.

A categoria foi homenageada na noite de sexta-feira (04), em sessão solene na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, por iniciativa proposta pelo deputado estadual Wancley Carvalho.

Para o presidente do Sindicato dos Escrivães de Polícia Judiciária Civil do Estado de Mato Grosso (Sindepojuc), Davi Nogueira, “o escrivão de polícia é um profissional de suma importância para a Segurança Pública e para a Justiça. O escrivão é responsável por formalizar a história do crime. Então, a sentença que um juiz dá vai depender muito do trabalho que foi feito no inquérito policial. E formalizar isso, de forma que o juiz e o promotor tenham essa segurança, é trabalho do escrivão. O escrivão ouve uma história e transforma isso em algo formal”, afirma.

O dia 05 de novembro foi escolhido como o Dia Nacional do Escrivão de Polícia, em referência ao jurista, diplomata e escritor Ruy Barbosa, nascido nesta data no ano de 1849.





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