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Quarta - 16 de Março de 2016 às 09:46
Por: Futebolpress

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Craque do Mixto na década de 80, atuando ao lado de Ruiter, Nelson Vasques, Bife, Polaco, entre outros ídolos históricos do Mixto, o lateral Gilson Paulino não foi só isso no passado como jogador. Foi e é ídolo do Vasco (RJ), titular absoluto, indicado para a seleção brasileira, e atuou em outros grandes clubes nacionais, como o Atlético Mineiro, Coritiba, Atlético Paranense, Flamengo e no Exterior. Como treinador, comandou categorias de base de grandes agremiações, atuou no Rio, principalmente, e trabalhou no Oriente Médio e no América (México). 

Competente, dedicado e extremamente educado, começou como técnico no Cabofriense, Bangu, Macáe, na Bahia e também em três clubes da Arábia Saudita:  Alltaall, Riad e Rad. Convidado a trabalhar no Mixto, neste ano, Gilson  aceitou, principalmente por que lhe “venderam” um projeto de time que queria subir, disputar a Copa do Brasil, no ano que vem, e ser campeão estadual, mas o que mais lhe motivou foi a garra da torcida. Desligado sem motivos, Gilson veio e viu um clube comandado por uma profusão de diretores, sem estrutura, sem compromisso com salários, sem respeito, com mentalidade de futebol amador. Veja a entrevista:    

FUTEBOLPRESS - Professor, afinal, o que houve, o que está havendo? 

PAULINO – Na verdade, nem queria falar sobre isso, porque se trata de relações entre um clube e profissionais, mas a situação é crítica, se agravou. É caso de polícia ...

FUTEBOLPRESS -  ...Então é bem mais grave e sério do que as pessoas imaginam nas ruas? 

PAULINO – Lamento pela torcida e pelo escudo, pela camisa do Mixto, mas os dirigentes não são pessoas certas para mexer com futebol. O que eles estão fazendo é “escravidão”, falta de respeito, falta de consideração.. Estamos com três salários em atraso, não há mínimas, mas mínimas mkesmo condições de trabalho. A mentalidade de quem dirige o Mixto é mentalidade de gente que mexe com futebol varzeano ... É uma pena. Os mixtenses não merecem isso.

FUTEBOLPRESS – Mas, falando de salários, pelo que sabemos, é que há pendências com a comissão técnica, mas os salários dos jogadores estão em dia ....

PAULINO – Coisa nenhuma. Neste jogo com o Poconé, de domingo, eles deram um “vale” de 300 reais para cada jogador. Olha, são pais de família, profissionais, gente que paga aluguel aqui ou fora, que paga pensão, isso não é irresponsabilidade, é crime, perversidade, desumanidade.

FUTEBOLPRESS -  E eles es não falam em pagamento?

PAULINO -  Um empurra para o outro, e o outro empurra de volta. São muitos. No time tem muitos que mandam e nenhum que resolve. O dr. Helber, por exemplo, que avalizou minha vinda para cá, não me recebe, não fala a respeito, e, no pouco que consegui falar com ele, me disse, taxativamente: “não vou te pagar, procure seus direitos”.  O Marcelo, nosso preparador está em mesma situação, como os demais. Você mede essa irresponsabilidade quando eu lhe explico, por exemplo, que, depois de três meses de trabalho eles estão me oferecendo – e para o Marcelo e os demais – R$ 1.500, que é para a agente pegar viajar, sem falar nos salários. 

FUTEBOLPRESS – E o que seriam seus salários atrasados, hoje?

PAULINO – Quando me chamaram para dirigir o time, me prometeram que os salários podiam até atrasar um pouco, pelas dificuldades, mas que não se acumulariam. Até hoje, 98 dias, nada. Não vou falar em valores, mas o clube me deve cerca de R$ 18 mil, sem contar outros aditivos.

FUTEBOLPRESS  - Essa situação já era esperada...

PAULINO - ...Sim ! Já era esperada. Os problemas se agravaram mais ainda quando eu e a comissão e jogadores fomos destratados em um restaurante após o jogo com o Sinop. Esse comportamento entrou em campo há tempo, a crise extra-campo influenciou o time, que vinha bem. Os jogadores estão desestruturados psicologicamente, sofrem pressão das esposos, dos pais, não conseguem render. O clube quer resultado,,mas não faz a sua parte, é um círculo, uma roda girando, ninguém se entende. Dizem que pagam hoje, que pagam amanhã, que pagamos emana que vem. Não há bolas para treino, remédios, às vezes falta alimentação. O time treina um dia em um campo, no outro em outro campo, depois não tem campo, é uma bagunça. Infelizmente, a torcida maravilhosa do Mixto não merece isso. Eles sofrem, amam o clube, são apaixonado. Aliás, agradeço a torcida, que sempre apoiou os jogadores e a comissão, porque acompanham o que está acontecendo.

FUTEBOLPRESS – E qual a sua direção agora?

PAULINO – Vou aguardar, não quero polemizar, o que falo é o que já saiu nos jornais, nos sites, nas rádios, nas TVs. Eu não criei a crise, o time estava em segundo, depois veio para terceiro, dentro da competição, mas ninguém produz nessas condições. É lamentável ! Fico triste pelos torcedores. Só sei que vou esperar, trabalhei, fiz o que pude, fiz tarefas que não eram e nem são minhas atribuições. Acho que deveria haver mais respeito. Eu e a comissão aguentamos três meses sem proventos e nunca falamos nada, levamos para o diálogo, compreendendo a crise, mas isso passou dos limites porque se associaram desrespeito, crime, escravidão e indiferença.  




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