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SISTEMA PRISIONAL
Quinta - 23 de Março de 2017 às 08:24

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Foto: Sejud-MT

Uma turma de 25 reeducandos da Penitenciária Major Eldo de Sá Corrêa, em Rondonópolis, tem uma nova perspectiva de trabalho, especialmente quando o tempo de pena for cumprido e cada um ganhar sua liberdade. Eles fazem parte da oficina de corte e costura ampliada agora na unidade por meio do Projeto Japuíra – uma iniciativa de qualificação em costura industrial oferecida pelos produtores da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa). O projeto é resultado da parceria entre a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos com a associação e vai qualificar os reeducandos no corte e costura de peças como calças e bermudas.

A penitenciária já conta com cinco máquinas de costura, operada por três reeducandos como Jerson, Adenilson e Valdenir, que começaram a atividade costurando à mão e hoje são resonsáveis pela confecção dos uniformes de parte dos 1.300 presos, além de jalecos e calças usados pelos professores e agentes da unidade. Com o projeto Japuíra serão cedidas mais máquinas para o curso, além de materiais como tecido e linhas, e os técnicos responsáveis pela qualificação e manutenção do maquinário.

J. S., 40 anos, é iniciante na costura e acredita nessa oportunidade de qualificação dentro dos muros da penitenciária como a chance para melhorar sua vida quando sair. "Aprendi alguma coisa de costura em casa, sei fazer à mão. Agora com o curso podemos caprichar mais".

G.T.S., 36 anos, cumpre pena há dois anos na penitenciária. Morava em Campo Verde, onde trabalhava como operador de máquina em lavouras. "Vejo essa oportunidade como uma possibilidade de ter uma nova vida", afirmou o reeducando, cuja mãe trabalha com costura.

A assinatura do convênio reuniu nesta terça-feira (21.03), em Rondonópolis, representantes das instituições, Prefeitura, Conselho da Comunidade e Polícia Militar, além da equipe da penitenciária. Para o diretor da unidade, Ailton Ferrreira, a qualificação representa um progresso na unidade, que hoje tem dezenas de atividades laborais para os presos, inclusive com contratos com empresas e órgãos públicos. "O mercado de trabalho é carente desses profissionais e essa oportunidade aos vislumbra novos horizontes a quem se encontra segregado, oportunizando a profissionalização para que ao alcançar a liberdade possa buscar a efetiva inserção no mercado de trabalho e, consequentemente, no meio social"

O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Airton Siqueira Jr, frisou o crescimento de atividades laborterápicas, assim como de salas de aulas abertas - onde atualmente estão matriculados 2.600 reeducandos no ensino fundamental e médio, em 45 unidades prisionais. Ele reforçou que entre as prioridades da gestão do Sistema Penitenciário está o fortalecimento de atividades de ressocialização. Para isso, serão buscadas parcerias com órgãos públicos e empresas. “Temos a certeza de que apenas com o trabalho é possível humanizar e dar uma ocupação a quem está em privação de liberdade. E parceria como esta com a Ampa nos estimula a seguir em frente”, pontuou Siqueira.

Presente à assinatura do convênio, o presidente da Ampa, Alexandre Schenkel, destacou a posição de Mato Grosso na cotonicultura e a importância social do projeto Japuíra na qualificação de mão de obra. "Mato Grosso hoje produz mais de 50% do algodão brasileiro e é o maior produtor do país. Boa parte desse sucesso devemos à mão de obra que atua na cotonicultura e esperamos que, com o projeto Japuíra, vocês passem a integrar a cadeia produtiva do algodão", afirmou Schenkel diante dos reeducandos escolhidos pelo critério de bom comportamento para participar da primeira turma do Japuíra.

Projeto Japuíra

Idealizado em 2004 por Álvaro Salles, atual diretor do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), o Japuíra já levou a milhares de pessoas em vários municípios de Mato Grosso a possibilidade de qualificação em costura industrial com um método eficaz desenvolvido pelo consultor pernambucano Romero Sobreira. Consultor do IMA, Sobreira garante que qualquer pessoa está apta a atuar numa confecção após a conclusão do curso, que tem uma carga horária de 528 horas, geralmente realizada em 90 dias de treinamento intensivo.

Na penitenciária da Mata Grande, o treinamento poderá durar entre 100 a 120 dias por conta do horário determinado pelas normas internas. A parceria nasceu da iniciativa do diretor do presídio Ailton Ferreira e do assistente administrativo Emanuel Rodrigues de buscar qualificação profissional para os reeducandos da unidade prisional. Eles já contam com um setor de costura, com cinco máquinas, onde são confeccionados uniformes para os presos. Responsável pela execução do projeto na penitenciária, Emanuel buscava formas de ampliar o setor de costura quando soube do trabalho realizado pelo Japuíra e foi apresentado a Osmar Rodrigues de Sousa, do IMAmt, pela direção da Escola Técnica de Rondonópolis.

A abertura do projeto na penitenciária contou com as presenças do comandante do 4º Comando Regional da Polícia Militar, tenente coronel Wilker Sodré; vereador Silvio Negri; presidente do Conselho da Comunidade de Rondonópolis, Tales Passos de Almeida e do secretário de Desenvolvimento Econômico de Rondonópolis, Milton Mutum.





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