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ASSISTÊNCIA SOCIAL
Segunda - 19 de Junho de 2017 às 16:16
Por: Redação TA c/ Secom-Cba

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Foto: Jorge Pinho

A rede de alimentação escolar da Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), com base no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), na Lei nº 12.982/2014 e na proposta humanizada da atual administração, oferece cardápio diferenciado de qualidade e totalmente saudável para 231 alunos com necessidades específicas de alimentação.

De acordo com Coordenadoria de Nutrição Escolar (CNE), foi realizado um trabalho de orientação junto às equipes gestoras escolares para divulgar e conscientizar todos os envolvidos (pais ou responsáveis, alunos, comunidade e coordenadoria escolar) sobre o direito à alimentação diferenciada.

Para coordenadora de Nutrição Escolar, Ana Domingas, é importante destacar que a alimentação diferenciada é um direito previsto em lei e muitos pais ou responsáveis não possuem conhecimento ou muito menos sabem da existência desta legislação.

Segundo Domingas, o trabalho dos diretores escolares é fundamental na tarefa de informar e propagar a informação. "Os pais ou responsáveis são os que realmente conhecem as necessidades dos alunos. A estratégia utilizada nas escolas, creches e CMEI foi afixar o fluxograma do PNAE em murais e locais visíveis das unidades escolares, além de tornar de conhecimento verbalmente no ato da matrícula", explica .

Procedimento

O acesso ao atendimento especial na alimentação escolar deve ter o primeiro passo no ato de preenchimento de formulário específico no período de matricula e deve constar informações acerca da patologia do aluno se possui ou não necessidade de restrições alimentares, neste caso, com base no laudo médico.

A unidade de ensino Infantil ou Fundamental, por sua vez, deve encaminhar o laudo à coordenadoria de Nutrição Escolar para a equipe de Nutrição e de Gastronomia elaborarem e desenvolverem cardápio especificamente voltado às necessidades daquele aluno.

Entretanto, a nutricionista Bruna Vieira ressalta a necessidade desse procedimento porque, na teoria, estes passos nem sempre são seguidos, o que dificulta o trabalho em alguns casos, segundo ela, o alerta principal é para um fato: a diferença entre laudo e prescrição.

“Alguns pais não entregam o laudo e outros entregam apenas a prescrição com a fórmula a ser utilizada. Mas, é importante frisar que se trata de coisas diferentes, pois o laudo vai conter em detalhes o tipo e patologia da criança, de forma comprovada pela medicina. A prescrição indica apenas algo que elas devem consumir e, muitas vezes, nós temos aquele produto, mas sob outra marca. E nós, como entidade pública, não trabalhamos com marcas e sim com composições” detalhou Lopes.

Ainda de acordo com a nutricionista, a compra de produtos é feita por meio de licitação e as marcas específicas se definem conforme o vencedor do processo licitatório. “Por isso é importante explicar aos pais a importância do laudo completo. Além disso, nós não trabalhamos com marca, mas sim com composição nutricional, que é do que as crianças precisam”, concluiu.

Cardápio diferenciado

São cerca de 157 mil refeições diárias servida no sistema de Educação do município, sendo pouco mais de 700 de cardápio diferenciado, todas com o aval das equipes de Nutrição e de Gastronomia.

Na educação Infantil, voltado à crianças de zero a cinco anos, são oferecidas entre cinco e seis refeições diárias.

O gastrônomo Rafael Rossito Carneiro demonstra-se orgulho em cuidar desta área inovadora na gestão pública, das necessidades alimentares especiais dos alunos da rede municipal.

“Normalmente, nosso foco é evitar o desperdício e criar novas receitas e formas de elaboração. Mas, neste caso, nossos esforços e criatividade são muito necessários para que as crianças possam se alimentar sem ter a saúde prejudicada, cada um de acordo com sua necessidade. E isso é gratificante”, contou.

A equipe de Nutrição e de Gastronomia elabora, em conformidade, dentro da suas respectivas áreas de atuações, os cardápios de acordo com os valores nutricionais necessários para cada criança, além de ministrar capacitação contínua, ano a ano, para os Técnicos de Nutrição Escolar (TNEs).

Os profissionais ainda vistoriaram as unidades de ensino para fiscalização do controle de estoque e das condições gerais de preparo dos alimentos.

Realidade

A Técnica em Nutrição Escola, Marli Tomazini, há mais de 20 anos na rede municipal, conta que o principal tempero no preparo da alimentação dos quase 50 mil alunos é o amor. “Eu preparo com amor. Eu sempre gostei do que faço. Amo cozinhar para as crianças e preparar as coisas do jeitinho que elas gostam. Tudo dentro das normas, é claro”, afirmou com alegria.

Ela trabalha no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Engenheiro Oscar Amélito, que atende a crianças com vários cardápios especiais, como é o caso de Jorge, aluno de 3 anos com intolerância a lactose.

O pai da criança, Lucas Atamantchuk Fogaça, avalia de forma positiva o trabalho do município na Alimentação Escolar e enfatiza o empenho da unidade infantil desde o inicio. “É tranquilizante porque você vai trabalhar e deixa seu filho em um lugar e tem a certeza de que ele será bem tratado. Desde o começo eles [unidade escolar] ofereceram esta condição [alimentação diferenciada] e ele recebe a nutrição adequada” revelou.

A disfagia (dificuldade de deglutição) é uma outra patologia presente entre alunos da rede municipal de ensino como é o caso do aluno Antônio, de pouco mais de dois anos de idade. A fonoaudióloga Carina Kuhn explica que a disfagia é um atraso na deglutição, causado, geralmente, por uma disfunção neurológica. “Por isso, pessoas com disfagia precisam tomar cuidado com a consistência dos alimentos, que não pode ser sólida, porque pode engasgar e ir direto para o pulmão”, frisou.

Segundo o pai da criança, Antonio Ramos, as Técnicas em Desenvolvimento Infantil, responsáveis por oferecer e dar a refeição, entendem a condição do aluno e o tratam com muito carinho, principalmente na hora da alimentação, o que é percebido de forma nítida nas reações do filho.

“O cuidado deles é excepcional, excelente. Eles têm todo o cuidado, todo o carinho para alimentar. Nós que somos pais, percebemos e vemos essa paciência que elas têm para alimentar porque ele come muito devagar. Elas conversam com ele e explicam o que estão lhe dando. E o reflexo é visível, tanto que tem dias em que ele chora quando vamos busca-lo porque não quer ir para casa. Ele é grudado nas professoras e assim a gente vê que se ele não vem é porque tem amor”, contou.

Dentre as principais restrições ou doenças alimentares atendidas e assistidas pela administração municipais estão a intolerância à lactose e as alergias as quais são as mais prevalecentes como, por exemplo, da proteína de leite de vaca. Outras patologias como a doença celíaca (não poder consumir glúten), disfagia (dificuldade de engolir), constipação, alergias múltiplas também se enquadram no cardápio diferenciado.

Além da adaptação ligada aos casos inerentes à questão de saúde, temporários ou permanentes, o aspecto sociocultural também é levado em consideração na elaboração de cardápios especiais.

“Uma criança que não consome suínos devido a motivos religiosos, por exemplo, deve ter sua alimentação alterada, substituindo o suíno por outro ingrediente de igual valor nutricional, nos dias em que precisar. E assim a criança, além de ter sua alimentação suprida, também tem as suas individualidades respeitadas”, explicou Bruna Vieira.





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