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TRÂNSITO
Segunda - 21 de Dezembro de 2015 às 13:26
Por: Da Redação TA c/Assessoria

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 O Comitê Pela Saúde no Trânsito realizou esta semana a última reunião anual, com objetivo de apresentar os resultados alcançados nesses dois anos de atividades e divulgação do primeiro relatório de acidentes de trânsito fatais nas áreas de expansão em perímetro urbano de Cuiabá. O relatório é referente ao ano de 2014 e as informações  de contabilização dos dados estatísticos são da Secretaria de Saúde do município (SMS) com registros da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP) e outros órgãos de saúde e trânsito municipais e estaduais.

O Comitê está em funcionamento desde 2013 e faz parte do Projeto Vida no Trânsito, que é uma parceria do Ministério as Saúde com a Organização da Saúde, lançado em 2011. O projeto já é desenvolvido em capitais brasileiras como Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Palmas e Teresina.

Para o secretário de Saúde, Ary Soares, o projeto é de extrema importância para o município, pois auxilia os gestores a terem uma visão real das mortalidades e indica qual a melhor  metodologia a ser aplicada para diminuir os números de mortalidades por acidentes no trânsito. “O trabalho realizado pelo grupo vai além de relatórios. Ele é um estudo e muito bem elaborado.  Esses dados são a base para que, nós gestores, tenhamos êxito nas ações. Uma vez que temos em mãos as informações, conseguiremos intervir de maneira mais eficaz”, destacou.

Nesse contexto o secretário classificou o trabalho como uma medida efetiva por parte do município “Não podemos mais cruzar os braços diante da epidemia que vem se tornando as mortes causadas por acidentes de trânsito no Brasil. Também não podemos esperar somente, que o Governo Federal faça algo. Temos que trabalharas ações preventivas intersetoriais. Assim, vamos buscar, a cada dia, aperfeiçoar este trabalho na capital e futuramente, estado”, especificou.

O Coordenador do Centro de Vigilância Epidemiológica do município, Fernão Leme Franco, explicou que o  Comitê é um projeto novo para Cuiabá e que a tendência é ele se expandir por todo estado. “O projeto é oriundo do período de Copa do Mundo, em que pelo porte do evento, necessitava de uma equipe para coletar e analisar os acidentes neste período de grande fluxo na cidade. Então, vimos que era importante expandir as atividades. Assim começamos a desenvolver o trabalho e hoje, depois desses dois anos, estamos colhendo os resultados. Gradativos, mas precisos”, contou.

Segundo Fernão, a demora para computar os dados se dá pela sequência de análises feitas em cada acidente pelos órgãos envolvidos. “ São muitos os detalhes e cada órgão tem seu relatório. Cada análise leva cerca de três semanas para um resultado. Depois de termos em mãos todos os laudos, podemos começar o processo de cálculo para a estatística. Os casos foram avaliados e discutidos individualmente, a fim de identificar os fatores de condutas de risco e os usuários que contribuíram para a ocorrência do acidente”, explicou.

“Agora, com os alinhamentos e entendimentos dos trâmites, e as conquistadas que a equipe alcançou, com a publicação da Portaria de Coleta, Análise de Dados e Gestão da Informação e  publicação do Termo de Cooperação Técnica SMS e SESP Nº 016/2015, teremos mais ferramentas para trabalharmos as informações dentro do cronograma e a divulgação será feita também, dentro do ano pertencente”, disse Fernão.

 Números

Segundo dados do Comitê, no ano de 2014 foram identificados 69 acidentes, com um total de 77 óbitos. Um caso foi excluído por configurar-se como atípico, totalizando assim 76 casos de acidentes fatais.

A maior parte das vítimas residiam no município de Cuiabá, representando 92,1%  dos casos. Os  7,9% residiam no município de Várzea Grande. As vítimas residentes na capital eram predominantes do sexo masculino 61 (88,2%) em relação ao feminino 9 (11,8%). Já em Várzea Grande, a predominação foram os homens, com 100% dos casos.

Desses acidentes, 63% foram por condutores de veículos, seguido por 25% de pedestres e ocupantes de veículos com 11,8%. Do total de condutores de veículos que vieram a óbitos, 38,6% conduziam motocicletas, 18,4% conduziam automóveis e 6,6% bicicleta. Com relação as vítimas fatais de pedestres, 42,1% foram atropelados por automóveis,  36,8% por motocicleta, 15,7% por ônibus e 5,2% por caminhão.

A equipe apontou que em relação aos meses de maior ocorrência de óbitos de acidentes fatais, novembro registrou o maior número, com 12 casos. Já os dias da semana, observou-se maior incidência na quarta-feira, com 22,4%, entre os turnos dia entre 6h às 17h59m e noturno/madrugada das entre às 18h e 5h59m.

A enfermeira Kelly Brandão, uma das analisadoras do Comitê, explicou que nos turnos da noite e madrugada de quarta feira e sábado concentram o maior número de acidentes fatais, enquanto que durante a semana no turno do dia há uma constância no número de ocorrências.

“No dia e horários que aconteceram o maior número de acidentes, sempre coincidem com a transmissão dos campeonatos de futebol, em que alguns torcedores têm a pratica de acompanhar nos bares. Claro que isso é só uma pontuação e não é somente ela que  justifica os casos. Mas ajuda-nos a entender os fatores,” apontou.

Para alinhar a análise, foi demostrado os resultados com os levantamentos dos fatores que ocasionaram os acidentes. Em Cuiabá, a velocidade (excessiva ou inadequada) e o uso do álcool por condutores,  foram os principais fatores de risco encontrados. Em relação a condutas de risco, os comportamentos que mais contribuíram para o acidente foram: Conduzir sem habilitação e Transitar ou converter em local proibido.

Os três principais tipos de acidentes relacionados ao excesso de velocidade foram colisão 51,4%, atropelamento 20% e choque 17,1%. Já os usuários responsáveis pelo excesso de velocidade nas vias em sua grande parte são condutores de motocicleta 51,4% seguidos pelos condutores de veículo leve 42,8%.3

A conduta de risco por dirigir sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH),  foram registrados 19 acidentes com vitimas fatais, uma das partes envolvidas não possuía CNH. Sendo estes condutores 73,7 % de motocicleta e 26,3% de carro.

“O compartilhamento dessas informações é essencial para auxiliar na determinação da causalidade e subsidiar a tomada de decisão e intervenções nas áreas do planejamento e gestão, vigilância e assistência nos diferentes setores envolvidos, bem como para subsidiar o monitoramento e avaliação das intervenções propostas”, finalizou Kelly.

O trabalho também tem como parceiros Secretaria de Estado de Saúde, Secretaria de Mobilidade Urbana (SEMOB), Departamento de Trânsito do Estado (Detran), Universidade Federal de Mato Grosso. 





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