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CIDADE
Terça - 08 de Dezembro de 2015 às 11:44
Por: Diario de Cuiabá

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 Com o rompimento de uma barragem de mineração em Minas Gerais (MG), a população ribeirinha e urbana de Cuiabá, Várzea Grande e Santo Antônio de Leverger vêm se questionando quanto a um possível vazamento da barragem da hidrelétrica de Manso, localizada a cerca de 100 quilômetros da capital. Porém, as Defesas Civil do município e do Estado e a direção da usina garantem que não há riscos de uma tragédia semelhante, até por possuírem características distintas. Se existem, segundo as autoridades locais, são mínimos. 

“O risco de rompimento existe como em qualquer barragem, porém, no caso de Manso, a probabilidade é muito remota. Isto porque a usina conta com quatro vertedouros, que funcionam como saídas de água. Conforme a chuva, o nível do rio robe. No entanto, ele não alcança altura suficiente para romper a barragem, devido ao esvaziamento pelos vertedouros. Dessa forma, o rio nunca enche de uma vez só, diminuindo os riscos de rompimento”, informou o superintendente da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel Abadio José da Cunha Junior. 

Cunha tranquiliza ainda mais a população desses municípios por onde passaria a tromba d’água. Segundo ele, devido à distância de quase 100 km entre a usina e Cuiabá, a estimativa é de que a água levaria de 4 a 8 horas para chegar à capital. “Para que a região metropolitana fosse atingida no caso de um rompimento, seria necessário, primeiro, encher todo o Pantanal até que a água começasse a retornar à cidade. Por isso, dizemos que a usina de Manso funciona como um regulador de água, que evita as cheias na capital e Várzea Grande. Antes dela, a água vinha de uma só vez”. 

Esse tempo pode ser ainda maior, conforme informações do coordenador municipal em exercício da Defesa Civil, José Pedro Zanetti. “Existe um estudo feito há décadas, ainda na época em que o doutor Iglésias (Domingos Iglésias, já falecido) era superintendente da Defesa Civil do Estado, que mostra que se houvesse um atentado terrorista na barragem, a onda de cheia demoraria 36 horas para chegar a Cuiabá”, comentou. 

Zanetti afirma que, atualmente, o risco é menor ainda porque a barragem está com volume d’água abaixo da sua capacidade. “Na terça-feira (01.12), estava com 53% de sua capacidade e com vazão na jusante de 130 metros cúbicos de água por segundo”, informou. “Já tivemos anos em que, nessa época, um pouco mais para o fim de dezembro, em que o nível da bacia atingisse 97% e uma vazão de 400m3/s. E, mesmo que chegue a 99%, tem toda uma margem de segurança”, acrescentou, comentando que o mais “arriscado”, no momento, é de a população enfrentar uma seca. 

Cunha reforça também que a usina conta com um plano de emergência muito extenso, que de maneira geral consiste em indicar as formas de acionamento dos órgãos de segurança, de resposta e condições de alerta à sociedade no caso de uma emergência. Nesse caso, o órgão estadual orienta que a população abandone seus locais de moradia e trabalho e deixe seus pertences em pontos mais altos. “Em 2015, começamos um trabalho de capacitação para que a sociedade saiba como agir após um alerta de emergência. Atualmente, a população não está preparada para ações de evacuação e mobilização, mas a Defesa Civil pretende mudar isso”, disse Cunha. 

Localizada próximo ao Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, a usina hidrelétrica de Manso pertence ao sistema Furnas Centrais Elétricas. Por meio da assessoria de imprensa, a empresa informou que “Manso está em plenas condições de operar com segurança, não existindo anormalidades que comprometam sua integridade e/ou sua funcionalidade”. 

Segundo Furnas, a usina tem sido periodicamente inspecionada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e seu protocolo de segurança conta com instrumentação instalada composta por 77 equipamentos de verificação do desempenho das estruturas. “Todas as usinas de Furnas possuem um plano de ações emergenciais para ser utilizado no caso de registros de anomalias na barragem”, reforçou. 

Com potência instalada de 210 MW, a hidrelétrica foi projetada para atender ao conceito de usos múltiplos do reservatório e da água. Sua barragem possui comprimento total de 3,6 quilômetros. 

A Defesa Civil deu início este ano às visitas técnicas em todas as barragens de Mato Grosso. Das quase 80, 15 foram visitadas. A previsão de encerramento deste trabalho é de seis meses. Porém, independentemente disso, as empresas responsáveis por cada barragem são obrigadas a apresentarem os planos de emergência. “A Defesa Civil já notificou as empresas para que nos encaminhem estes documentos. O objetivo é elaborar planos de contingência baseados nestas informações”, informou Abadio Cunha. 





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