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EDUCAÇÃO
Terça - 20 de Outubro de 2015 às 10:00
Por: G1 MT

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O calendário acadêmico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) deverá voltar ao normal apenas em 2018, após a greve de 139 dias realizada pelos docentes da instituição. A previsão foi dada nesta segunda-feira (19) pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da universidade e o novo calendário deve ser publicado nesta terça-feira (20).

Os 20 mil universitários afetados pela paralisação deverão retornar às aulas apenas na próxima segunda-feira (26) e, segundo o novo calendário, terão o período referente ao primeiro semestre deste ano encerrado apenas no dia 15 de dezembro. O período de férias letivas também será menor, uma vez que o segundo semestre de 2015 terá início no dia 11 de janeiro de 2016.

Segundo a reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavalli Neder, as colações de grau deverão ser realizadas durante esse intervalo de fim de ano, enquanto o primeiro semestre letivo de 2016 deverá ter início apenas no mês de maio.

Para recuperar a normalidade do calendário devem ser necessários de três anos e meio a quatro anos, com essa reorganização e a economia de 15 dias a cada semestre. A previsão é de que as coisas comecem a se regularizar em 2018, afirmou.

O novo calendário afeta diretamente os alunos dos campi da instituição em Cuiabá, Barra do Garças, Sinop e Rondonópolis, que passaram mais de quatro meses longe das salas de aula. É o caso de Edson José de Castro Júnior, que cursa o penúltimo semestre do curso de agronomia na capital e viu a graduação – que antes estava prevista para dezembro deste ano - ser adiada por mais seis meses, por conta da paralisação.

Eu pretendo fazer pós-graduação fora da UFMT, em uma universidade que tem um calendário regularizado, e agora terei que esperar mais seis meses para me formar e poder fazer a prova. A gente entente os motivos pelos quais a greve ocorreu, mas eu preciso fazer com que a minha vida ande no ritmo que o mundo anda, não no ritmo dos grevistas, afirmou.

Segundo o estudante, o ritmo de estudos também é quebrado, principalmente no caso dos alunos que haviam dado início à graduação e foram surpreendidos pela greve. Em alguns casos, o movimento resultou até mesmo na perda de oportunidades extracurriculares.

Eu vejo isso dentro de casa. Meu primo passou em Ciências Contábeis e havia iniciado o 1º semestre quando a greve foi deflagrada. Ele havia acabado de conseguir um estágio em uma secretaria de estado e perdeu a vaga porque não conseguia pegar um documento comprobatório de que já estava na universidade, durante a paralisação, lamentou.

A última grande greve da UFMT ocorreu em 2012, quando os professores ficaram 129 dias sem aulas. Após essa paralisação, o calendário apenas foi regularizado neste ano, segundo a Associação dos Docentes da UFMT.

Culpa do governo

Para o presidente da Adufmat, Reginaldo Araújo, a culpa pela bagunça criada no calendário acadêmico da instituição é exclusivamente do governo federal, que se mostrou insensível durante todo o período da greve.

Nunca fizemos uma greve tão longa e nunca a encerramos sem que o ministro da Educação tenha nos recebido. Não tem outro culpado que não o governo federal, que não se sentou conosco para dialogar. Se tivessem sentado conosco e conversassem, ainda que no contexto da crise, para explicar que não poderiam atender todas as demandas, essa greve teria acabado muito antes, afirmou.

Ao todo, 1.740 professores da instituição cruzaram os braços. De acordo com Reginaldo, a paralisação foi à forma encontrada pelos docentes para pressionar o governo a atender às reivindicações. Segundo ele, que atua como professor e pesquisador na instituição, os membros da categoria também sentem diretamente as consequências da paralisação.

Eu não vou conseguir conciliar as férias com a minha filha pelos próximos três anos, então, eu sei como isso é ruim. Isso porque a gente trabalha durante a greve na pós-graduação e depois, na graduação. A gente não para. Cria para os estudantes e para os docentes uma situação de constrangimento, mas que é necessária para a sociedade perceber a importância da universidade. Mas é uma pena que poucas pessoas se importem, disse.

Reivindicações

Entre as reivindicações que motivaram a greve dos docentes estava o reajuste de 27% no salário e a reestruturação de carreiras. Os professores rejeitaram a última proposta feita pelo governo federal de aumento salarial na ordem de 10,8% divididos em dois anos, o que, segundo a Adufmat, significaria um retrocesso para a categoria, uma vez que o acordo prevendo tal aumento se limitaria à discussão salarial.

Havia muito mais em jogo, como os questionamento a respeito do corte de R$ 11 bilhões da Educação e a necessidade de investimento para a contratação de professores e a finalização de obras, como é o caso do campi da UFMT em Várzea Grande, afirmou Reginaldo.





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