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ECONOMIA
Quinta - 24 de Setembro de 2015 às 11:34
Por: G1

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 O dólar comercial opera em alta pela sexta sessão consecutiva nesta quinta-feira, avançando 1,42% contra o real. A divisa americana opera cotada a R$ 4,200 para compra e a R$ 4,202 para venda. Na máxima da sessão, a divisa já atingiu R$ 4,249. O dólar, que disparou 2,5% pela manhã, perdeu força com as declarações do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini. A cotação chegou a zerar toda sua alta às 11h11m, minutos depois de Tombini iniciar seu discurso. Ao longo da fala do presidente do BC, porém, a divisa recuperou fôlego. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), por sua vez, registra baixa de 1,58%, aos 44.622 pontos.

Tombini afirmou que as reservas internacionais “podem e devem” ser usadas para atuação no câmbio, medida que vem sendo classificada de necessária por vários agentes do mercado. Segundo ele, todos os instrumentos estão à disposição do BC e o Tesouro para evitar volatilidade e ansiedade nos mercados, se necessário. Mas Tombini indicou que sua função não é conter a cotação da moeda, mas manter o funcionamento do mercado de câmbio.

— No acompanhamento diário do mercado de câmbio veremos quando se dará a ação e qual instrumento usaremos — disse Tombini. — A lógica do regime é de flexibilidade da taxa de câmbio e a atuação do BC deve ser no sentido de fazer que mercado funcione.

Para Jaime Ferreira, superintendente de câmbio da corretora Intercam, o mercado estava sentindo falta de uma declaração mais direta do BC sobre o câmbio.

— A fala do Tombini em Brasília deu um certo alívio aos investidores. Todos estávamos meio no vazio, sem ninguém explicando o que o BC previa fazer. O Tombini veio a público e ratificou que o dólar é flutuante, que pretende manter os juros no patamar atual mas também que o BC tem instrumentos para atuar. Óbvio que o dólar segue subindo, mas houve certo alívio — explicou.

Durante os últimos dias, os analistas atribuíram a alta do dólar ao temor de um novo rebaixamento da nota de crédito soberano do Brasil e ao impasse político que emperra a aprovação do ajuste fiscal.

Em escala global, porém, dólar opera em leve queda. O índice Dollar Spot da Bloomberg, que mede a força da divisa contra uma cesta das dez principais moedas do mundo, recua 0,13%.

ESPECIALISTAS FALAM EM ATAQUE ESPECULATIVO

 A postura do Banco Central (BC) de deixar o câmbio flutuar está dando margem aos grandes players para especular em cima do câmbio. Ataque especulativo é um termo muito forte ainda, mas é como se fosse isso. O mercado está, de certa forma, testando o BC. Se ele não agir de forma mais efetiva, veremos o dólar passar R$ 4,50 e chegar, quem sabe, a R$ 5 — afirmou Ricardo Zeno, sócio-diretor da AZ Investimentos. — A desvalorização do real tem fundamentos, é claro, mas não nesses níveis. Pode estar havendo um efeito manada.

Hoje o BC conseguiu vender 20 mil contratos de swap cambial (que funcionam como uma venda de moeda no futuro) equivalentes a US$ 1 bilhão. Ontem, a intenção da autarquia era também oferecer 20 mil contratos mas só encontrou demanda junto aos bancos para 4,4 mil. Além da oferta de novos contratos de swap, o BC faz a rolagem de 9.450 contratos que venceriam em outubro, como vem fazendo nas últimas semanas.

Mas Zeno acredita que esse tipo de operação não será suficiente para conter o câmbio. Para ele, a situação exige que o BC venda dólares à vista no mercado, hoje depositados nas reservas internacionais de US$ 370,8 bilhões da autarquia.

Pode até ser que a venda de dólares à vista não contenha a disparada do câmbio, mas ela geraria no mercado a noção de que ele o BC está intervindo. Além disso, o órgão comprou reservas em momentos em que o dólar estava muito baixo. Faz sentindo vender parte desse montante para segurar um pouco o câmbio que, nos patamares atuais, não é interessante para ninguém — recomendou o especialista. — A sinalização até agora do BC, porém, não é nesse sentindo. Mas eu acho que a moeda vai subir ainda mais e ele vai acabar tendo que intervir com mais força.

INTERVEÇÃO MAIOR DO BC

Ontem, em pregão dominado por nervosismo, o Banco Central (BC) reforçou sua artilharia para tentar conter a volatilidade no mercado de câmbio. Foram anunciados dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), no total de US$ 4 bilhões, e uma nova oferta de contratos de swap cambial de US$ 1 bilhão.

Mas essa intervenção de US$ 5 bilhões não foi suficiente para segurar a cotação do dólar comercial, que encerrou a R$ 4,145, com alta de 2,24%, um novo recorde desde o início do Plano Real, em 1994.

Fontes da equipe econômica consideraram que a oferta do BC de empréstimos em dólar foi a ação adequada para tentar acalmar o mercado financeiro, além de aliviar a pressão sobre os cupons cambiais. Como não quer queimar reservas, o BC usou o leilão de linha para irrigar o sistema, combinado com operações de swap. Segundo essas fontes, não adiantaria vender dólares no mercado à vista, ou seja, sem o compromisso de recompra.

MAU HUMOR NAS BOLSAS EXTERNAS

No mercado de ações, o dia é negativo para as ações europeias. Os investidores operam com cautela, à espera de declaração, à tarde, da presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Janet Yellen. Contribui para o mau humor os desdobramentos do escândalo Volkswagen, depois de da revista alemã “Autobild” dizer que o carro esportivo X3, dessa vez da BMW, excede os limites de emissão de poluentes da Europa. A BMW emitiu comunicado negando qualquer manipulação de dados, mas suas ações chegaram a cair até 9,5%, maior tombo em quatro anos.

Com isso, a Bolsa de Frankfurt recua 2,23%, enquanto o pregão em Londres opera em baixa de 0,74%. Em Paris, a Bolsa cai 1,94%. O índice de referência do continente, o Euro Stoxx, cai 1,94%.





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