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CIDADE
Quinta - 13 de Agosto de 2015 às 15:56
Por: Da Redação TA c/ Assessoria

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 Cerca de 30 reeducandos trabalham hoje para a Prefeitura de Cuiabá na poda de árvores, capinagem e jardinagem. Todos cumprem penas em regime aberto, foram aprovados em processo seletivo e recebem salários em torno de R$ 1,2 mil, depois de demonstrarem esforço e bom desempenho nas funções.

“Eles fizeram por merecer. Tiveram a oportunidade, se recuperaram e hoje recebem todos os direitos de um trabalhador. Começamos este projeto há dois anos, tivemos alguns problemas, mas estes que estão conosco são muito esforçados, não dão trabalho, pois fazem o serviço com muito empenho, e mostram que pessoas podem ser resgatadas”, disse o secretário de Serviços Urbanos, José Roberto Stopa.

Condenado por homicídio, Gláucio de Oliveira, 32, cumpre pena até 2022. Começou a trabalhar no próprio presídio, em regime fechado, e pelo bom comportamento ganhou o benefício do semi-aberto. “Trabalhava durante o dia, escoltado, e voltava à noite para o presídio. Não recebia um salário inteiro, nem tinha direitos trabalhistas, mas era um começo”, contou ele, que fez cursos da Secretaria de Educação e tem quatro diplomas, em pintura, trabalho em madeira e em couro e fabricação de brinquedos.

Depois de participar do processo seletivo, Gláucio foi contratado pela Secretaria de Serviços Urbanos e já presta serviços de poda de árvores há um ano. Por estar empregado, ele recebeu outro benefício: o de trabalhar durante o dia, sem escolta, e dormir em casa. O funcionário é casado e pai de cinco filhos.

“Como ainda estou cumprindo pena não posso ter carteira assinada e perdi o direito de votar, por isso, tive muita dificuldade de arrumar emprego. Com esta oportunidade recebo um salário digno e só preciso comparecer uma vez por mês ao Fórum para comprovar que não fugi e que estou trabalhando”, explicou Gláucio.

Ratificando o que o reeducando contou, Stopa comentou que os trabalhadores foram condenados pelos mais diversos crimes, como homicídio, latrocínio e estupro, e a reinserção no mercado de trabalho é sempre difícil. “Não apenas pelo preconceito, mas também porque eles precisam se ausentar do serviço durante uma tarde inteira uma vez por mês para ir ao Fórum. Em um emprego comum isso não é visto de forma positiva”, relatou.

Para Jerônimo Amâncio de Figueiredo, 63, que é réu confesso e cumpre pena de 21 anos por estupro de menor, a chance é uma forma de recomeçar a vida. Ele era comerciante e estava separado da família quando conheceu as jovens que o acusaram.

“Eu tinha um espetinho no Parque do Lago e as duas irmãs, uma de 14 e outra de 16 anos, frequentavam meu comércio. Nossa relação teve o consentimento delas, mas a mãe das meninas queria que eu casasse e como recusei, ela me denunciou. Fui condenado porque eram menores de idade”, esclareceu Jerônimo, que depois de cumprir pena de 1 ano e três meses em regime fechado recebeu o benefício do programa da Justiça, “Extra muro”, permitindo que ele trabalhe durante o dia e passe as noites em casa.

Ele também foi aprovado no processo seletivo da prefeitura e está contratado há cerca de um ano. “Passo sufoco, mas continuo lutando. Sei que esta é minha chance de recomeçar a vida e no futuro quero retomar meu comércio”, afirmou o reeducando. Hoje ele mora com as duas irmãs que o acusaram, tem um filho com cada uma, e conta com o consentimento da sogra. “Não guardo rancor de ninguém”.

Os funcionários prestam serviços em praças, escolas, residências, canteiros de ruas e avenidas e unidades de saúde. “Eles fazem um trabalho de forma impecável e são boas pessoas. Cometeram um erro e estão pagando a dívida. Merecem nosso respeito e devem ser tratados como cidadãos, pois se recuperaram”, destacou o secretário de Serviços Urbanos.





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