UFMT prevê que VLT de Cuiabá terá custo final de R$ 2,5 bilhões
Para o presidente da CPI, deputado estadual Oscar Bezerra (PSB) algumas informações prestadas pelo depoente nesta quarta, serviu para cobrirem falhas do testemunho do Superintendente. Entre estas informações, destaca-se que a Caixa Econômica já liberou praticamente todo o financiamento para a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), no valor total de R$1,150 bi, sendo que já foram liberados R$1,066 bi.
Com 73% das obras do VLT concluídas, há 71% do pagamento total realizado, sendo que deste valor, a Caixa Econômica praticamente liquidou o financiamento, e o restante corresponderia ao valor de desoneração tributária do Estado em torno de e a contrapartida de R$68 milhões. O gerente destacou que o governo não cumpriu a contento com as suas obrigações de pagamento, o que causou um descasamento entre o financiamento da Caixa e a contrapartida do Estado para totalizar o valor do empreendimento orçado em R$1,477 bi.
Conforme Manoel Tereza, as medições eram recebidas pela Caixa enviadas pela extinta Secretaria da Copa (Secopa), e para a liberação do pagamento, os engenheiros realizavam a aferição em campo. Contudo, destacou que a inspeção é visual e que a instituição não conta com quadro especializado das diversas áreas da engenharia necessárias para a implantação da obra.
Sobre diversos erros em obra, como os viadutos da UFMT e da Sefaz, o gerente da Caixa destacou novamente a inspeção visual, e que do ponto de vista visual este último viaduto estava pronto. “A inspeção ocorreu dentro dos critérios da Caixa, que é a aferição visual com as medições atestadas pelo governo do Estado e o Consórcio contratado para a obra. O que ocorreu em algumas obras pontuais, foi de não concordarmos com o material utilizado e pedirmos a sua substituição”, explicou.
Com relação a possíveis superfaturamentos nos preços praticados para a implantação do VLT, Manoel Tereza destacou que a Caixa não constatou sobre preço, que constavam nos parâmetros de análise, mas destacou que a Caixa não teria como aferir todos os valores contratados. Já sobre os atrasos nas obras, o gerente observou que não foi cumprido o cronograma apresentado pela Secopa. “As obras não evoluíram conforme o cronograma e achávamos o ritmo não compatível e questionamos o governo, chegamos a propor um plano de arranque, e informaram que seria realizado, com a vinda de outros trabalhadores até de outros Estados, para compor a equipe do VLT e acelerar o andamento com uma grande frente de trabalho e reafirmaram a conclusão no prazo de 12 de junho de 2014”, informou Manoel.
O gerente também informou que o retorno parcial do financiamento já está em vigor, mas que a carência deste prazo vencido pode ser readequada. O retorno parcial é a contabilização da parcela junto ao saldo devedor. Com isso, a Caixa garantiria o retorno do investimento.
Ao ser questionado sobre possível pressão do governo federal para a liberação do financiamento devido a contratação ser para obras da Copa, Manoel Tereza negou e declarou que havia naturalmente, a consciência da urgência devido ao cronograma.
Além do gerente executivo, o professor da UFMT, Luiz Miguel de Miranda apresentou uma tese de mestrado que analisa a necessidade de implantação do VLT em Cuiabá e Várzea Grande. Com os dados, o professor demonstrou que o modal que melhor atenderia os municípios seria o Bus Rapid Transit (BRT), a um custo muito inferior do VLT.
A construção do VLT por quilômetro está saindo ao custo de R$ 67 milhões, e o professor não acredita na conclusão do modal com o valor total já empregado, defendendo a tese de que seria necessário empregar um total de R$ 2,5 bilhões, ou seja, R$1 bi a mais do que já foi contratado.
Para Luiz Miguel de Miranda, o governo agiu com soberba com a população sobre o VLT e que faltou interesse na gestão em realizar as obras, e esconder da sociedade a realidade sobre o transporte público e a necessidade das mudanças na mobilidade urbana das cidades.