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PARALISAÇÃO
Segunda - 10 de Março de 2014 às 16:50

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Os trabalhadores paralisaram a obra desde a manhã desta segunda (10), em protesto contra as más condições de trabalho.
Os trabalhadores paralisaram a obra desde a manhã desta segunda (10), em protesto contra as más condições de trabalho.
Membros do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Cuiabá e Municípios (SINTRAICCCM) realizaram nesta segunda uma reunião com o chefe de Fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), José de Almeida, para relatar a situação dos trabalhadores da obra do Centro Oficial de Treinamento (COT) da UFMT, que paralisaram a obra desde a manhã desta segunda (10), em protesto contra as más condições de trabalho. A obra é de responsabilidade do consórcio formado pelas construtoras Engeglobal e Três Irmãos.

Almeida informou que a SRTE enviará uma equipe ao local na tarde desta segunda. 
Segundo ele, a última fiscalização no local aconteceu em dezembro do ano passado, e na época não foram detectadas irregularidades graves. Ele, porém, salientou que a vistoria era específica sobre segurança e saúde no trabalho, e que à época, a construção ainda não estava no ritmo que se encontra hoje. “Vamos ao local para constatar o que realmente está acontecendo”.

As denúncias foram feitas pelo presidente do SINTRAICCCM, Joaquim Santana, e pelo vice-presidente, Elias Henrique, acompanhados por uma comissão de trabalhadores da obra.

Os cerca de 200 operários cruzaram os braços por volta das 7 hs desta segunda, e bloquearam a entrada de veículos no local. Eles reclamam da má qualidade da água servida no local, sendo que alguns relatam problemas de saúde que poderiam estar relacionados a isso.  De acordo com eles, os banheiros estão em péssimas condições para uso e a alimentação servida, além de ser de má qualidade, não é suficiente para todos. Outra reclamação é quanto ao salário de fevereiro, que ainda não foi pago.

Há denúncias também sobre a falta de depósito do FGTS e de repasse de vale transporte ou vale combustível, o que deixa os trabalhadores sem condições de locomoção. É o caso do auxiliar de eletricista Antônio Gaspar, natural da cidade de Alto Alegre, no Maranhão, empregado há mais de um mês na obra. Além de não ter certeza se sua carteira foi assinada, ele reclama da humilhação de ter que pedir carona no ônibus para ir trabalhar. “Moro no bairro Alvorada, preciso pegar dois ônibus para vir e é muito difícil ter que pedir ajuda para o motorista. É muito humilhante um pai de família passar por isso”. Casado e com uma filha, ele diz ter trazido a família para Cuiabá em busca de melhores condições de vida, mas que já pensa em ir embora.

O bombeiro hidráulico Air  Gonçalves, que está no local desde o início da obra, em março do ano passado, denuncia a falta de infraestrutura desde então. Segundo ele, no início não havia água no local, o que obrigava os trabalhadores a buscá-la em outras áreas da UFMT. Para o uso dos trabalhadores, só havia banheiros químicos, e não estava instalado refeitório, não tendo sido servido café da manhã no local durante o primeiro mês. “A partir deste ano, começaram a atrasar o salário, descumprindo o que a lei determina, que é o pagamento até o quinto dia útil”.

Natural da cidade de Santa Luzia do Paruá, no Maranhão, o pedreiro Wagner Conceição Rodrigues, reclama que seu aluguel está atrasado, assim como a escola de sua filha. “Queria ficar aqui em Cuiabá, mas vou tentar emprego em outra empresa, pois aqui está impossível”.

Além dos empregados, os ex-funcionários também sofrem para receber seus vencimentos. É o caso do ajudante Antônio da Silva Gomes Filho, demitido no dia 28 de fevereiro, que até hoje não recebeu seus direitos trabalhistas.  Morador do estado do Piauí, ele aguarda apenas uma posição da empresa Engeglobal para voltar definitivamente para casa. “No começo, estava até bom aqui, mas agora decidi ir embora. Estou com dois meses de aluguel atrasado, não sou casado, mas tenho compromissos assumidos que não estou conseguindo quitar”.

No último dia 24 de fevereiro, o SINTRAICCCM protocolou reclamação na SRTE e no Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre o caso. O ofício também foi encaminhado à diretoria do consórcio responsável pela obra e à Secopa-MT.

Na época, foi denunciado também que de acordo com relatos dos operários, o final do expediente está sendo registrado às 18 horas nos cartões de ponto, mas todos trabalham até às 19 horas.

O sindicato havia visitado a obra no último dia 10 de fevereiro e se reunido com os trabalhadores e com a direção da construtora, com a qual tentou diálogo, sem sucesso. O prazo máximo dado para que a Engeglobal resolvesse a questão esgotou-se no dia 20 de fevereiro.

O  COT da UFMT começou a ser construído em 4 de março do ano passado e deveria ter sido entregue em dezembro passado, mas teve a inauguração remarcada para abril.





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