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SISTEMA PRISIONAL
Quarta - 19 de Fevereiro de 2014 às 05:01

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O plano que deu fuga a 35 detentos da unidade prisional foi arquitetado ao longo de oito meses
O plano que deu fuga a 35 detentos da unidade prisional foi arquitetado ao longo de oito meses
A Polícia Judiciária Civil concluiu a investigação da fuga em massa da Penitenciária Central do Estado (PCE), ocorrida na madrugada de 20 de agosto de 2012. Em quatro fases de apuração, 11 pessoas foram indiciadas e quatro delas tiveram mandados de prisão preventiva solicitados pelo delegado Gianmarco Paccola Capoani, que conduziu as investigações pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e depois lotado na Delegacia Fazendária.

Conforme dados estatísticos apontados no relatório policial, dos 35 detentos  envolvidos na fuga da PCE, 72% foram recapturados, 17% foram mortos durante investidas em ações criminosas e 11% ainda estão foragidos.

A investigação também revelou que 37% dos reeducandos possuíam vínculo com crimes de roubos/furtos contra instituições bancárias e 90% dos indiciados soltos (identificados até o momento) e que participaram do atentado na PCE possuem registros criminais em roubos a banco.

O plano que deu fuga a 35 detentos da unidade prisional foi arquitetado ao longo de oito meses por presos recolhidos no Raio 3 e teria custado cerca de R$ 500 mil, conforme relatos de um dos presos. A investigação comprovou que a ação foi financiada pelo ladrão de banco, Lindomar Alves de Almeida, 33, conhecido por “Nenezão”, considerado um dos maiores assaltantes de banco do Brasil, que está recolhido em uma penitenciária de segurança máxima, no estado da Bahia, desde novembro de 2012.

O criminoso também tem histórico de fugas. Em março de 2013, Lindomar tentou fugir do Complexo Penitenciário da "Mata Escura", em Salvador, na Bahia, nos mesmos moldes da fuga em massa da PCE.  Depois da tentativa, ele foi transferido para outra Penitenciaria de Segurança Máxima no interior da Bahia.

De acordo com as investigações da Polícia Civil, Lindomar Alves de Almeida planejou libertar membros da quadrilha do “novo cangaço”, presos na PCE desde o ano de 2010, quando a Polícia Civil desarticulou, na operação “Lacraia”, uma das quadrilhas mais atuantes no Estado, liderada por Sílvio César Araújo, o “Cabelo de Bruxa”.

As investigações da explosão do muro da PCE apontam que, de dentro da unidade, a fuga foi executada pelos detentos Sérgio Nunes da Silva, o “Lacraia”, Cecliênio Lourenço de Araújo, o “Timpa” e, principalmente, Sílvio César Araújo, o “Cabelo de Bruxa”, com apoio do lado de fora dos criminosos Lindomar Alves de Almeida (que na ocasião estava solto), Pedro Antônio dos Santos, Sinval Machado Xavier e Junior Farias de Almeida.

Conforme apurado, os quatro (Pedro, Sinval, Junior e Lindomar) estiveram presentes na reunião preparatória que antecedeu a explosão, em uma residência no bairro Jardim Industriário, em Cuiabá, onde mais de um dos diversos reeducandos interrogados na investigação afirmam que a “fuga estava sendo patrocinada por um ‘cara de Goiás’”, estado que o criminoso Lindomar possui propriedades e residência em Goiânia.

O assaltante Lindomar Alves de Almeida também foi visto em frente à residência usada para a reunião, nas vésperas do atentado. Ele estava em um veículo sedan preto, o mesmo automóvel, um Sonata, que foi encontrado com ele, quando foi preso em novembro de 2012, no município de Feira de Santana, na Bahia. “O que fortalece ainda mais os indícios de que efetivamente foi o mentor e patrocinador do principal atentado”, conclui o relatório da investigação.

Pedido de prisão

O assaltante articulador da fuga, Lindomar Alves de Almeida (Nenezão), Sílvio Alves de Almeida (Cabelo de Bruxa), Sérgio Nunes da Silva (Lacraia) e Cecliênio Lourenço de Araújo, (Timpa), tiveram pedido de prisão preventiva representado no final da investigação. “Considerando que os indiciados são indivíduos de alta periculosidade e que atentaram contra o Estado Democrático de Direito, e que certamente ameaçarão testemunhas e continuarão a delinquir no submundo do crime organizado e que o fato gerou grande clamor público, causando uma sensação de insegurança evidente, além de arriscar a vida de servidores públicos e cidadãos”, justifica o pedido.

Dos quatro, apenas Sílvio Alves de Almeida (Cabelo de Bruxa) está foragido. O criminoso Lindomar Alves de Almeida (Nenezão) está preso na Bahia e Sérgio Nunes da Silva (Lacraia) foi recapturado na cidade de Tapurah, com uma pistola 9mm e encontra-se  preso na PCE. O criminoso Cecliênio Lourenço de Araújo, o “Timpa", também foi recapturado e está na PCE.

A fuga

Conforme o inquérito, os infratores, utilizando-se de cerca de 25 quilos de explosivos, destruíram parte do muro lateral da Penitenciária Central do Estado e resgataram dezenas de presos, que serraram a grande da cela 10, do Raio 3, e aguardaram no corredor da unidade a explosão do muro e mediante escalada do alambrado tiveram acesso à via pública pela abertura no muro danificado. Todos fugiram com o apoio de pelo menos 15 carros e 3 motocicletas, dentre eles roubados/furtados, efetuando ainda disparos de arma de arma de fogo contra os servidores da segurança pública que trabalhavam no local.

A fuga foi articulada em três frentes distintas: uma responsável por adquirir carros e as placas clonadas, outra com a incumbência de arregimentar pessoas do lado de fora que dessem apoio na fuga e outra encarregada de adquirir o armamento. Os explosivos foram adquiridos no Paraguai, conforme relata um dos presos envolvidos no esquema de fuga.

Presos ouvidos ao longo da investigação confirmaram que “quem comandava a fuga era os presos ‘Cabelo de Bruxa’ e ‘Lacraia’ e inclusive a hora do fato foi marcada pelo ‘Cabelo de Bruxa’ e a ordem para os presos se acomodarem no corredor do presídio foi dada pelo ‘Cabelo de Bruxa’ e ‘Lacraia’”.

As investigações apuraram que não houve participação de policiais militares e agentes prisionais na fuga dos detentos.





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