Uma multidão de trabalhadores da educação lotou o ginásio da Presidente Médici
Assembleia geral decide manter greve na rede estadual de educação
A assembleia geral dos trabalhadores da educação da rede estadual de ensino deliberou manter a greve por tempo indeterminado, que soma hoje 35 dias. Professores, apoios e técnicos administrativos confirmaram durante a votação o que o Conselho de Representantes apontou durante o final de semana, de que sem proposta oficial do governo os trabalhadores não retornam as atividades.
A manutenção do acampamento ao lado do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) no Centro Político e Administrativo (CPA) também foi um ponto deliberado em assembleia, que registrou a mobilização geral da categoria para a greve. O ginásio da Escola Estadual Presidente Médici em Cuiabá esteve lotado durante as 3 horas de debates e votação.
Os trabalhadores confirmaram ainda a moção de repúdio à secretária-adjunta da Secretaria de Estado de Educação Rosa Neide Sandes de Almeida, moção de aplauso aos acampados e a realização da semana de atividades na Capital e interior com a manifestação em órgãos de governo.
Terça-feira (17) pela manhã está agendada a panfletagem na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e à tarde os educadores seguem para a Assembleia Legislativa, onde começam a participar das sessões e realizam uma aula de cidadania.
A participação no Legislativo segue na quarta-feira (18) com o acompanhamento das sessões nos 3 turnos e na quinta-feira (19) pela manhã. Na tarde de quinta-feira os trabalhadores retornam para a Seduc, onde fazem panfletagem.
Sexta-feira (20) o Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) orienta os educadores de todo o Estado a realizarem panfletagem. Se ocorrer o envio de proposta do governo durante a semana a categoria se reunirá na sexta-feira em assembleia geral para avaliar o documento. Caso o governo não reaja a categoria programa ato público para quinta-feira (26) em Cuiabá.
"Nós não temos elementos que justifiquem a suspensão da greve, por isso está mantida. Em que pese a decisão do governo em relação à greve vamos procurar meios legais e esperamos chegar até à última instância", disse o presidente do Sintep/MT Henrique Lopes do Nascimento no final da assembleia geral.
A decisão judicial movida pelo governo, que declarou a greve "abusiva não surpreendeu a categoria. Segundo Henrique a decisão do desembargador Marcos Machado fortaleceu o movimento e profissionais que ainda não haviam parado estão aderindo à greve.
Para a categoria a finalização da greve depende de um posicionamento oficial do governo. "Desde o dia 2 o governador instigou os trabalhadores, prometendo aumentar o percentual de investimento em educação, propondo uma proposta.
Mas, parece que o governador está mais preocupado com a Copa do Pantanal e outras coisas. O que vai decidir o término da greve ou não é a proposta do governo e a assembleia", diz Henrique.
Movimento grevista
O professor e secretário de comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Robinson Cireia parabenizou o movimento grevista que está fortalecido em todas as cidades. Em uma visita a Tangará da Serra Robinson assistiu uma manifestação com profissionais, pais e alunos reunidos.
O presidente da subsede de Cuiabá convocou os profissionais da rede a participarem das atividades no acampamento às 8h desta terça-feira (17). "Estamos na greve até à proposta do governo. Por isso, chamamos vocês à unidade".
Os delegados do interior reafirmaram a continuidade da luta e a manutenção do acampamento. O movimento grevista recebeu apoio dos estudantes e representantes de outras entidades, como o Sindicato dos Agentes de Trânsito de Cuiabá. O vice-presidente Sandoval Vieira destacou a importância de mais investimentos em educação para a sociedade.
Categoria
A rede estadual de ensino é formada por cerca de 38 mil trabalhadores, sendo que mais da metade são contratados temporariamente. O chamamento dos aprovados no concurso público de 2010 é uma das reivindicações da categoria. Além disso, a pauta de reivindicações exige a política que vise dobrar o poder de compra dos educadores em até 7 anos; realização imediata de concurso público; garantia da hora-atividade para interinos; melhoria na infraestrutura das escolas; aplicação dos 35% dos recursos na educação como prevê a Constituição Estadual; autonomia da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) nos recursos devidos na área.