Em Cuiabá, o COB e as Confederações convocaram promissores talentos para inéditas seleções escolares
Olimpíadas Escolares chega ao fim cumprindo a missão de integrar a juventude em torno do esporte
Mais que uma competição esportiva, as Olimpíadas Escolares têm o objetivo de inserir socialmente milhares de jovens de todo o país através do esporte. E o objetivo vem sendo cumprido. Com o término da etapa de Cuiabá, para alunos atletas de 15 a 17 anos, neste sábado, dia 8, o evento fecha o segundo ciclo olímpico alcançando números significativos. Ao longo dos últimos oito anos, mais de 15 milhões de jovens foram envolvidos na competição, seja nas etapas municipais, estaduais ou nacionais.
Na capital mato-grossense, a maior edição das Olimpíadas Escolares desde 2005, quando, sob a organização do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a competição passou a adotar o atual modelo, reuniu 4.025 jovens de todas as regiões do país, representando 1217 escolas, além da delegação convidada da Grã Bretanha. Ao todo, mais de seis mil pessoas estiveram envolvidas no evento, entre atletas, treinadores, árbitros, voluntários, organizadores, etc. Durante 15 dias, com 13 modalidades em disputa (atletismo, basquete, ciclismo, futsal, ginástica rítmica, handebol, judô, natação, taekwondo, tênis de mesa, vôlei, vôlei de praia e xadrez), o futuro do esporte nacional pôde apresentar seu cartão de visitas e o retrato de um país enorme, repleto de talentos e histórias, que só o esporte é capaz de trazer à tona.
“Estamos muito contentes com os resultados que atingimos neste segundo ciclo à frente das Olimpíadas Escolares. O evento está consolidado e a cada ano conta com a participação de mais escolas e municípios de todo país. O projeto dá a oportunidade de jovens de locais distantes dos grandes centros competirem em um evento de abrangência nacional e com rigorosos padrões de organização. A meta é continuar crescendo e para isso temos que disseminar o projeto através da valorização do profissional de Educação Física. Eles têm uma função primordial na inserção dos jovens no esporte e devem ter todas as condições para educar seus alunos. O esporte como ferramenta de transformação social é o principal pilar das Olimpíadas Escolares”, declarou Edgar Hubner, diretor geral das Olimpíadas Escolares e gerente geral de juventude e infraestrutura do COB.
Além do aspecto social, as Olimpíadas Escolares vêm conseguindo contribuir para a detecção de talentos para o esporte de alto rendimento. Na edição de Cuiabá, por exemplo, os atletas tiveram diversas oportunidades. O COB e as Confederações Brasileiras Olímpicas convocaram 52 destaques do atletismo, judô e natação para o 6º Festival Olímpico da Juventude da Austrália. Através de convite recebido COB, esta será a primeira vez que o Brasil participará do evento, que acontece de 16 a 20 de janeiro do ano que vem, nas mesmas instalações que receberam os Jogos Olímpicos Sydney 2000.
Também foram selecionados atletas para a primeira Seleção Brasileira escolar de vôlei de praia, que realizará treinamentos no Centro de Desenvolvimento da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), em Saquarema (RJ), em 2013. A Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) também selecionará 36 atletas (16 meninos e 16 meninas) e seis técnicos para a primeira seleção escolar de handebol para treinamentos no ano que vem.
Além disso, observadores das confederações brasileiras olímpicas escolheram destaques da natação e do judô para períodos de aprimoramento técnico com as seleções de suas categorias, em 2013. Outras confederações enviaram “olheiros” para Cuiabá e utilizaram a competição como um dos principais laboratórios de observação de jogadores para suas seleções de base.
Os técnicos das seleções brasileiras adultas masculina e feminina de handebol, o espanhol Jordi Ribera e o dinamarquês Jordi Ribera, estiveram em Cuiabá como observadores, juntamente com Cristiano Cedra, assistente técnico da Seleção Adulta Feminina, e André Germano, técnico das seleções de base masculina (basquete), Vinicius Gomes, o Alegrete, e Mauricio Thomas (voleibol). “As Olimpíadas Escolares são o melhor campeonato da categoria Infantil (até 14 anos) e Infanto-Juvenil (até 16 anos) para encontrar as revelações do esporte. É na escola onde os jovens começam a jogar vôlei e são incentivados pelos professores a seguir na carreira. Com certeza, é o lugar perfeito para observar quem vem despontando e tem potencial para chegar à seleção”, considerou Maurício Thomas, do vôlei.
A maior competição esportiva estudantil do país reuniu atletas de 25 estados do Brasil, mais o Distrito Federal, uma delegação da cidade anfitriã e o Reino Unido, convidado internacional com 20 atletas em três modalidades (natação, vôlei e vôlei de praia). “Agradeço imensamente pelo suporte e pela hospitalidade com que fomos recebidos. Toda a experiência foi excelente e bem organizada. O ambiente esportivo e cultural a que os jovens atletas foram expostos vai ficar com eles para o resto de suas vidas”, afirmou o inglês Guy Taylor, diretor nacional da Talented Athlete Scholarship Scheme, entidade responsável pela delegação inglesa em Cuiabá.
A etapa de Cuiabá da maior competição esportiva escolar do país marcou a estreia do vôlei de praia na programação do evento. Já na primeira participação, a modalidade foi disputada por 24 duplas no masculino e 20 no feminino, de quase todo o Brasil, o que demonstra que tem potencial para crescer e mais talentos surgirem para uma das mais vitoriosas modalidades da história olímpica do país.
“Realizamos em Cuiabá as maiores Olimpíadas Escolares da história do esporte estudantil do país e uma das melhores já organizadas. O apoio do Governo do Estado do Mato Grosso e da Prefeitura Municipal de Cuiabá foram decisivos para nosso êxito. Fomos recebidos com muita atenção e profissionalismo e todas os encargos exigidos foram cumpridos. Demos ótimas condições aos atletas e mostramos nossa capacidade de organização. Aqui vimos o início da carreira esportiva de muitos promissores talentos. Tivemos a presença de técnicos de seleções, convocando para treinamentos com as categorias de base e quem sabe alguns deles estarão representando o Brasil nos Jogos Olímpicos”, declarou Edgar Hubner.
Paralelamente aos eventos esportivos, uma série de atrações culturais e sócio-educativas agitaram o Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, onde foi montado o Centro de Convivência, a base do Comitê Organizador e o restaurante do evento, que serviu mais de 50 mil refeições até o dia 8 de dezembro. Lá, também foram realizadas as cerimônias de entregas de medalhas para os vencedores das competições. Exposição de fotos de atletas olímpicos e da edição 2011 das Olimpíadas Escolares, exibição de filmes do acervo do Comitê Olímpico Internacional (COI), estande de livros produzidos pelo selo COB Cultural, exposição de uniformes do Time Brasil em Londres 2012, jogo da memória Alimentação Saudável, karaokê do Hino Nacional Brasileiro e shows culturais com artistas de Cuiabá foram algumas das atrações para os participantes do evento. Um quiz sobre doping também foi montado no local graças a uma parceria entre o COB e a Agência Mundial Antidoping (WADA, em inglês).
Em Cuiabá, os jovens receberam a visita de estrelas do esporte brasileiro selecionadas pelo COB para atuarem como Embaixadores das Olimpíadas Escolares. Entre eles, os campeões olímpicos Arthur Zanetti e Sarah Menezes. No Programa Embaixadores das Olimpíadas Escolares, ícones do esporte nacional, incluindo campeões olímpicos, mundiais e pan-americanos, vão ao encontro dos participantes da competição estudantil para compartilhar suas experiências e disseminar o espírito olímpico. Em Cuiabá, os Embaixadores fizeram uma série de atividades juntos aos atletas participantes do evento, como palestras, demonstrações, cerimônias de premiação, atividades culturais, entre outras. Também estiveram em Cuiabá medalhistas olímpicos e pan-americanos como Alison (vôlei de praia), Yane Marques (pentatlo modernos) e Adriana Araujo (boxe), Vanderlei Cordeiro (atletismo), Erika Souza (basquete), Ana Sátila (canoagem slalom), Luciano Pagliarini (ciclismo), Angelica Kvieczynski (ginástica rítmica), Lucila Viana da Silva e Maik Ferreira dos Santos (handebol), Tatiana Lemos (natação), Diogo Silva (taekwondo), Hugo Hoyama (tênis de mesa) e Anderson Rodrigues (vôlei).
Referência internacional e um dos cinco maiores eventos escolares do mundo, as Olimpíadas Escolares Cuiabá 2012 receberam observadores internacionais de comitês olímpicos e entidades esportivas de 14 países: Alemanha, Argentina, Bangladesh, Camboja, Gambia, Grã-Bretanha, Haiti, Malaui, Moçambique, Paraguai, Portugal, República Dominicana, Sérvia e Ucrânia. Os representantes de quatro continentes estiveram na capital mato-grossense para conhecer todos os detalhes da organização do evento. O saldo foi positivo e os observadores tiveram excelente impressão da organização dos jogos. O programa de observadores tem a chancela do COI, através da Solidariedade Olímpica Internacional (SOI), e desde 2007 já levou 60 visitantes internacionais às Olimpíadas Escolares.
Atividades para escolas locais como o teatro de bonecos, bate-papo com os Embaixadores das Olimpíadas Escolares e doação de livros e cartilhas também foram inseridas no programa, assim como diversas ações de sustentabilidade, como plantio de árvores, reciclagem e iniciativas para reduzir o impacto ambiental do evento. As ações de sustentabilidade realizadas durante as Olimpíadas Escolares são apoiadas em três pilares: medir o impacto ambiental da competição estabelecendo metas de redução, engajar e comunicar as ações aos stakeholders envolvidos. Desde a criação das Olimpíadas Escolares, o COB já realizava ações ambientais. Agora essas iniciativas estão mais estruturadas, com metas a serem cumpridas.
A edição de Cuiabá contou pela segunda vez com o sistema DartFish, um software de vídeo análise. O programa é utilizado para avaliar tanto o desenvolvimento motor do atleta, quanto a estatística de um jogo. O projeto de origem suíça é oferecido pelo Departamento de Ciência do Esporte do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
A organização do evento contou com o apoio de 220 voluntários, sendo 140 mato-grossenses, 60 do exército e 20 vindos de outros estados do país. Os voluntários foram utilizados no apoio às mais diversas funções, entre elas: credenciamento, apoio às delegações e aos atletas, assessoria de imprensa, área técnica, transporte, cerimônias, atividades culturais, refeitório, entre outras.
Os locais das próximas edições das Olimpíadas Escolares já estão definidos. Em 2013, Natal (RN) receberá a etapa de 12 a 14 anos, e Belém (PA) a de 15 a 17 anos.
As Olimpíadas Escolares são organizadas e realizadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro, correalizadas pelo Ministério do Esporte e Organizações Globo e apoiadas pela Prefeitura Municipal de Cuiabá e Governo do Estado de Mato Grosso.