Toque de Alerta - toquedealerta.com.br
QUEIMADAS
Sexta - 14 de Outubro de 2011 às 20:24

    Imprimir


O período proibitivo para queimadas se encerra neste sábado (15 de outubro). Desde o dia 1º de julho, quando a proibição entrou em vigor, o Sistema Famato realiza uma campanha para orientar e alertar os produtores rurais de Mato Grosso sobre como prevenir e combater os incêndios nas propriedades. Para isso, a entidade utilizou como estratégia de comunicação o envio de mensagem de celular (SMS), publicação de matérias no site, produção de folder, envio de e-mail marketing e entrevistas especiais no programa de rádio semanal da Famato.

O presidente do Sistema Famato, Rui Prado, avalia como positivo o resultado da campanha. “Este resultado demonstra a conscientização dos produtores e da sociedade em geral para os cuidados necessários com o meio ambiente. Nós, do Sistema Famato, defendemos o cumprimento da lei. Nosso objetivo é orientar o que os produtores rurais devem fazer e como evitar mais prejuízos nesta época do ano, considerada crítica por ser seca e suscetível aos incêndios florestais. A Famato tem o papel de alertar os sindicatos rurais que, por sua vez, fazem a comunicação direta com os produtores rurais associados”, informa o presidente, Rui Prado.

Prova desse bom desempenho foi verificada em sindicatos rurais como os de Rosário Oeste, Porto Estrela, Alta Floresta e Matupá, que realizaram ações específicas nos municípios para orientar os produtores rurais.

Em Rosário Oeste, por exemplo, folders com informações sobre os cuidados para evitar incêndios foram anexados às contas de energia dos moradores. Além disso, o sindicato, em parceria com o Corpo de Bombeiros, a Floresteca e a prefeitura, com o apoio do Sistema Famato, lançou o projeto piloto de combate ao incêndio “Brigada do Pantanal de Rosário Oeste”.

Segundo o presidente do sindicato, Euclides Maciel, a prefeitura contratou seis pessoas para ficar de plantão para apagar os focos de incêndio que surgissem no município. A equipe foi treinada pelo Corpo de Bombeiros, que disponibilizou dois membros da corporação de Cuiabá para integrar o grupo. A prefeitura ofereceu um caminhão pipa e o espaço para os brigadistas. A Floresteca forneceu os equipamentos para o treinamento da equipe e o Sindicato Rural distribuiu os uniformes e o material informativo anexado às contas de energia dos moradores das zonas rural e urbana.

Focos de calor diminuem em MT – Na semana passada, o Comitê Gestor do Fogo, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), apresentou o número de focos de calor registrados em Mato Grosso de 1º de julho até 5 de outubro. Os dados apontam para uma redução de 74% nos focos de calor em comparação ao mesmo período de 2010 (de 210.768 focos para 55.690), segundo informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Embora a redução seja significativa, o professor e pesquisador do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Romildo Gonçalves, explica que o ano passado não serve de parâmetro para comparação, pois foi um ano totalmente atípico. “O ano de 2010 fugiu a todas as regras ambientais em termos de evolução do fogo. Tivemos incêndios terríveis. Os 141 municípios de Mato Grosso tiveram áreas queimadas. E em outros estados do Brasil também”, afirma Gonçalves. Entre os fatores que contribuíram para esses fenômenos atípicos estavam a alta quantidade de biomassa (matéria orgânica) dispersa no solo, o efeito El Niño e a própria atividade econômica de Mato Grosso.

De acordo com o pesquisador, que estuda o assunto desde a década de 1980, a cada cinco anos é natural ocorrer grandes incêndios florestais por conta do acúmulo de biomassa no solo. “Este é o ciclo médio do fogo nos ecossistemas”, acrescenta.

Apesar do desempenho ruim de 2010, em anos anteriores os focos de calor durante o período proibitivo de queimada e fora do período também diminuíram. De 2007 para 2008, por exemplo, houve redução de 70% (de 220.352 para 65.938) e de 2008 para 2009 um decréscimo de 47% (de 65.938 para 34.826) nos meses de julho a outubro.

Para Gonçalves, estas reduções anuais na quantidade de focos de calor em Mato Grosso se devem ao aumento das informações divulgadas pela mídia, à educação e legislação ambiental e às aplicações de multas para inibir a prática da queimada ilegal. Porém, ele avalia que ainda é necessário um trabalho educativo constante para sensibilizar e esclarecer a comunidade sobre a importância de prevenir incêndios florestais. Além disso, ele destaca a responsabilidade dos poderes públicos na limpeza das estradas vicinais, estaduais e federais, e no manejo das unidades de conservação.

As diferenças entre focos de calor, queimadas e incêndios florestais – É importante esclarecer a diferença entre focos de calor, queimada e incêndio florestal. Segundo Romildo Gonçalves, os focos de calor são tudo aquilo que o satélite quantifica e identifica que emite calor acima de 47°C. Isso pode ser, por exemplo, fogo, terra nua e espelho d’água.

Conforme o pesquisador, a queimada é o fogo autorizado pelos órgãos ambientais e, por isso, é denominada queima controlada ou queima prescrita. “A queimada tem objetivo econômico, para a produção agrícola e controle fitossanitário. Se for feita no período certo, não tem problema”, explica Gonçalves.

Já o incêndio é a perda do controle do fogo na vegetação, o que pode acontecer tanto na zona rural como no perímetro urbano. Segundo o professor, o fogo autorizado pela queima controlada não alcança 0,001% da área total queimada em Mato Grosso. “O que ocorre anualmente no Estado são incêndios florestais”, esclarece.

A Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso) é a entidade que reúne e representa os sindicatos rurais de todo o Estado. Sua estrutura organizacional também inclui o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) e o Senar-MT (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso). Esse conjunto de entidades forma o Sistema Famato.






URL Fonte: http://toquedealerta.com.br/noticia/18605/visualizar/