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TRÂNSITO
Domingo - 08 de Maio de 2011 às 17:03

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Pedro Alves
Nas ruas e estradas brasileiras, o drama de pedestres e motoristas vem se agravando.
Nas ruas e estradas brasileiras, o drama de pedestres e motoristas vem se agravando.

Dados do Departamento Nacional de Trânsito e do Ministério da Saúde apontam que por ano no Brasil mais de 300 mil acidentes de trânsito matam pelo menos 50 mil pessoas. Isso equivale a um acidente como o do Airbus da TAM a cada dois dias. A tragédia em Congonhas, São Paulo, que matou 199 pessoas no ano de 2007, aconteceu, em grande medida, por causa da crise no setor aéreo. Nas ruas e estradas brasileiras, o drama de pedestres e motoristas vem se agravando devido a uma combinação de fatores que vão desde a falta de investimentos na educação para o trânsito até a leniência na punição dos infratores.

Um pedestre atravessa a avenida Miguel Sutil fora da faixa de segurança e morre atropelado por um carro a 120 quilômetros por hora, às 20 horas. O motorista estava embriagado, era menor de idade e, portanto, não possuía habilitação. Um automóvel com sete pessoas bate de frente em um caminhão no Estado do Sergipe, matando mãe e filha e ferindo cinco pessoas. Um carro cai no Canal de Marapendi, no Rio de Janeiro, e os três ocupantes morrem. Uma batida entre um carro e uma moto mata o motociclista e a passageira do automóvel em Congonhas, no Estado de Minas Gerais.

O Código de Trânsito Brasileiro, que entrou em vigor há 14 anos, inicialmente provocou uma redução no número de mortes. Hoje, porém, o total de vítimas supera em muito aquele de uma década atrás. No último mês, foram analisados dados da pesquisa com vítimas de acidentes, além de acompanhados seminários que discutiram estratégias para enfrentar a tragédia. Dessa pesquisa resulta a série de medidas práticas apontadas nestas páginas para que o trânsito se torne menos bárbaro e mais seguro no País.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada estima o custo anual com os acidentes de trânsito em R$ 28 bilhões. O problema não é só brasileiro. A menos que novas medidas preventivas sejam tomadas, a previsão é que haja uma piora de 65% nos próximos 20 anos. Para o pesquisador Mauri Panitz, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), o número real de mortos no trânsito pode ser três vezes maior que os 35 mil oficiais. “Vivemos uma guerra invisível, que ninguém nota. A violência no trânsito tem consequências muito piores do que se imagina.”

Muitas histórias não entram nas estatísticas oficiais. A precariedade do atendimento às vítimas é um dos problemas que merecem atenção, afirmam os consultores da área. Outras questões igualmente graves, segundo eles, podem ser resumidas em cinco itens: má educação dos condutores, facilidade em adquirir uma carteira de habilitação, falta de manutenção dos veículos e das vias, alta periculosidade do transporte de cargas e embriaguez ao volante.

Por serem conhecidas, essas causas de morte no trânsito não podem ser consideradas fatalidades, mas consequências previsíveis de um conjunto de imprudências e omissões. “O próprio Código de Trânsito Brasileiro, implantado em setembro de 1997, já prevê a maioria das soluções para eles. Mas uma legislação avançada não basta para corrigir as falhas do sistema.

O trânsito evolui mais rápido que as leis. Um exemplo é o crescimento imprevisto e vertiginoso da frota de motocicletas nas cidades brasileiras”, alerta o presidente do Detran-MT, Teodoro Moreira Lopes, o Doía.

“Além de impor a lei, é preciso mudar a mentalidade. Mais da metade dos acidentes é causada por fatores comportamentais, como imprudência e distração”, destaca o diretor de habilitação do Detran-MT, Eugênio Destri, coordenador da Campanha Trânsito Consciente, pra vida seguir em frente, lançada em março deste ano pelo Governo de Mato Grosso.

Por trás da combinação de álcool e excesso de velocidade que causa acidentes, há outro fator: a sensação de impunidade. Uma pesquisa do Ibope aponta que 30% dos motoristas dirigem sem habilitação. Segundo a Associação Nacional de Transportes Públicos, apenas uma em cada 10 mil infrações de trânsito é punida. Sem fiscalização é impossível fazer com que a lei seja respeitada. Para os especialistas, a punição é só parte do problema.

As ideias que podem trazer soluções:

1. Educar os futuros motoristas
A educação para o trânsito deve começar na pré-escola, conforme previsto no Artigo 76 do Código de Trânsito. Desde março deste ano, alunos de escolas públicas e da rede privada de Mato Grosso receberam lições sobre os perigos no trajeto para casa e como evitá-los. Pedagogas do Detran já percorreram três cidades, ministrando palestras, exibindo vídeos e alertando as crianças, que se tornam multiplicadores da Campanha ‘Trânsito Consciente’.

É o primeiro passo para reduzir o número de atropelamentos. Cinquenta por cento das crianças e dos adolescentes que morrem no trânsito são pedestres.

2. Tornar as autoescolas mais rigorosas
O Código de Trânsito acrescentou às aulas práticas de direção um pequeno curso teórico com noções de como agir no trânsito real. Mas o conhecimento prático não é cobrado nos exames. Quem precisa de carteira para dirigir ônibus, caminhão ou carreta deve ter experiência prévia no volante e ser maior de 21 anos, mas só precisa fazer três dias de curso teórico e 250 minutos de aulas práticas em local tranquilo.






URL Fonte: http://toquedealerta.com.br/noticia/20006/visualizar/