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ECONOMIA
Domingo - 24 de Abril de 2011 às 08:31
Por: Gustavo Casadio

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Eduardo Lopes/Especial para Terra
Evento reúne líderes empresarias, governantes e demais interessados em Comandatuba, na Bahia
Evento reúne líderes empresarias, governantes e demais interessados em Comandatuba, na Bahia

A 10ª edição do Fórum Empresarial, realizado na Bahia, terminou neste domingo com dois consensos entre empresários e políticos que debateram durante três dias: a melhor maneira de se iniciar a reforma tributária é fazê-las abordando primeiramente pontos mais urgentes. Os participantes concordaram também que é preciso valorizar mais professores e investir em educação. O evento foi organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), na ilha de Comandatuba.

O primeiro a acenar com a possibilidade de uma reforma tributária "parcial" foi o vice-presidente da República, Michel Temer. Ele, que já foi presidente da Câmara dos Deputados, lembrou de uma proposta de reforma tributária apresentada durante sua passagem como comandante da Casa, que tinha sido aprovada na comissão de reforma tributária, mas se mostrou inviável no plenário por ser "completa".

Durante o debate, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que a administração da presidente Dilma Rousseff dará prioridade a três questões referentes à reforma: desoneração da folha salarial, desoneração para investimentos e a uma discussão sobre incentivos a importações. Para o senador, o grande volume de importações atual gera desequilíbrios e, em algumas regiões do País, há até um processo de desindustrialização, conhecido pela substituição de produção nacional pela compra de artigos de outros países.

Da parte dos empresários, o presidente do conselho de administração da Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, afirmou que o governo deve tomar o primeiro passo em relação à reforma, e que o setor produtivo se adaptaria em seguida. O empresário disse que com o real valorizado a reforma tributária tornou-se urgente, pois as companhias brasileiras têm perdido competitividade ante às rivais de outros países.

Gerdau afirmou à plateia de executivos e políticos que o bom momento da economia brasileira pode estar mascarando a necessidade da reforma tributária, mas que o governo deveria fazê-la, sem aumentar a carga e acabando com os impostos em cascata. O executivo confirmou durante o fórum que aceitou um convite do governo federal para participar da câmara de gestão e competitividade, que será criada pela administração a presidente Dilma Roussef.

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), afirmou que o modelo de tributação do País faz com que os Estados tenham apenas uma ferramenta para atrair empresas: a guerra fiscal. Temer concordou que será necessário mexer no pacto federativo, mas o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, alertou que é nesse momento que as propostas emperram: "a dificuldade é quando se define quem vai sair ganhando e quem vai sair perdendo com as mudanças", disse. Cardozo concordou que seria mais viável abordar a reforma aos poucos e sugeriu simplificar o sistema de cobrança de tributos como um primeiro passo para a reforma.

Educação
Um dos dias do fórum foi totalmente voltado para a discussão de melhorias no sistema educacional brasileiro. O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil possui uma "dívida educacional", por ter investido menos do que deveria durante o século XX. "O Brasil tem que reconhecer que não priorizou a educação no século XX", afirmou o ministro.

De acordo com ele, a média de investimento do País em educação no século passado foi de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Haddad afirmou que se essa média tivesse sido de 6% do PIB desde os anos 1930, a renda per capita dos brasileiros hoje seria ao menos o dobro do que é (US$ 8,1 mil, em 2009). Haddad disse que se a taxa de 6% desde 1930 fosse aplicada, a população brasileira hoje seria de cerca de 100 milhões de habitantes, e não os 198 milhões atuais.

O ministro disse ainda que o Brasil avançou em relação a investimento em educação e hoje a taxa de aplicação em relação ao PIB é de cerca de 5%.

Por parte dos executivos, houve cobrança em relação à formação de mais engenheiros no Brasil. Johannpeter citou os sul-coreanos como paradigmas para a formação do trabalhador brasileiro. Gerdau disse que a grande maioria das empresas brasileiras são pequenas e não têm condições financeiras de capacitar mão-de-obra. "Por isso, precisamos ter trabalhadores que cheguem às empresas com boa formação", afirmou o empresário.

Segundo o presidente da consultoria Accenture, Roger Ingold, o País forma cerca de 40 mil engenheiros por ano, contra 400 mil que são formados na China. O empresário citou exemplos de países asiáticos, como a Coreia do Sul, que investiram na formação desses profissionais e estão colhendo frutos. "A Philips anunciou o fim da fabricação de televisores por causa dos asiáticos", disse Ingold sobre o anúncio da fabricante europeia, no começo da semana, que deixará a atividade dada a competição, principalmente, com as sul-coreanas LG e Samsung.

Ao final, políticos e empresários concordaram que uma das soluções para sanar as deficiências do sistema educacional no Brasil seria criar mais vagas em universidades, melhorar a qualidade do ensino prestado por elas e valorizar o salário de professores para atrair mais e melhores profissionais para lecionar.





Fonte: Terra

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