Por conta da reprovação do balanço financeiro, Murilo e Tião ficam inelegíveis por oito anos. A decisão do afastamento será publicada no Diário Oficial e em jornal do município.
EM CLIMA DE FESTA: Câmara aprova afastamento de Murilo Domingos e Tião da Zaeli

A Câmara Municipal de Várzea Grande aprovou na noite de ontem, por unanimidade, o afastamento do prefeito Murilo Domingos (PR) e do vice-prefeito, Sebastião Gonçalves, o Tião da Zaeli, do mesmo partido, por período de até 180 dias. Numa sessão marcada pela presença da comunidade, os vereadores aprovaram a criação de Comissão Processante que terá a missão de investigar denúncias sobre o gestor republicano - com o suposto vínculo com empresa de sua propriedade, a Casa Domingos. Os parlamentares também reprovaram as contas do Executivo municipal referentes ao exercício de 2009 -que foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Por conta da reprovação do balanço financeiro, Murilo e Tião ficam inelegíveis por oito anos. A decisão do afastamento será publicada no Diário Oficial e em jornal do município. O prefeito pode recorrer da decisão. Se comprovadas irregularidades na gestão, o prefeito pode ter o mandato cassado. Caso se concretize a meta dos parlamentares, o presidente do legislativo, João Madureira dos Santos (PSC), assumirá o comando da prefeitura. Nessa ordem, o primeiro-vice-presidente da Casa de Leis, Maninho Barros (DEM) comandará o Legislativo.

Diante do cenário crescente de denúncias e reclamações sobre a administração, Murilo contabilizou a perda total dos aliados. Então líder do Governo, o vereador Charles Caetano (PR) abriu mão da função. Ele alegou que votou de acordo com os demais parlamentares por entender que não houve contrapartida do prefeito republicano em relação aos constantes apelos para que realizasse uma mudança "severa" na cidade.

Ele destacou ainda que entregou o cargo na terça-feira, por isso a posição de acompanhar os vereadores na votação contra Murilo. "Conversamos com o prefeito entre terça-feira e quarta-feira em várias reuniões. Foram mais de 10 horas de conversas e não consegui uma resposta condizente com as necessidades. Não dá para continuar na liderança quando não se tem resposta do prefeito".

O clima acalorado tomou conta da Casa de Leis já na manhã de ontem. Ao tomar conhecimento do grau de insatisfação dos parlamentares, o gestor buscou entendimento numa reunião ampliada realizada no gabinete de João Madureira. Na tarde de ontem, o prefeito ainda apostava na compreensão dos parlamentares. "Ficou tudo certo. Eu expliquei que volto depois do carnaval e que vou implantar uma reforma na cidade. Tá tudo certo", disse. À noite, após o resultado da sessão, Murilo não atendeu a reportagem.

O advogado Paulo Taques foi acionado na noite de ontem para assumir a defesa de Murilo. Ele se reuniu com o prefeito e equipe próxima ao gestor. Adiantou apenas que cabe recurso "tanto administrativo como possível medida judicial para garantir o mandato do prefeito".

Vereador diz haver revolta

Relator da Comissão Processante que vai investigar as denúncias de corrupção na Prefeitura de Várzea Grande, vereador Fábio Saad (PTC) revelou que a decisão pelo afastamento por 180 dias do prefeito Murilo Domingos e do vice-prefeito Tião da Zaeli foi motivada pelo relatório do Tribunal de Contas do Estado que reprovou as contas de 2009 e elencou 33 irregularidades graves. "É um consenso que o município está um caos. O prefeito não consegue administrar, se licencia, repassa a responsabilidade ao vice e fica só o jogo de empurra-empurra. Chegamos no limite e acompanhamos a revolta da população".

O parlamentar afirmou ainda que toas as denúncias protocoladas pelo Ministério Público Estadual na Justiça serão investigadas na CP. Uma das condenações trata do caso João Só, no qual a empresa de propriedade do prefeito, Casa Domingos, fornecia produtos de merenda escolar ao município explorando uma empresa laranja. "Vamos investigar tudo o que for de competência do Legislativo. As investigações ainda serão comandadas pela vereadora Isabela Guimarães (DEM) e o membro Hilton Gusmão (PV). (Rafael Costa - A GAZETA)