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CIDADE
Sexta - 26 de Novembro de 2010 às 17:04
Por: LUCIENE OLIVEIRA

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Assessoria
Palestras sobre a violência de gênero e respeito à diversidade – homofobia e igualdade racial.
Palestras sobre a violência de gênero e respeito à diversidade – homofobia e igualdade racial.

Delegados, investigadores e escrivães da capital e do interior participaram, na manhã desta sexta-feira (26.11), de um ciclo de palestras sobre a violência de gênero e respeito à diversidade – homofobia e igualdade racial -, com o objetivo de aprofundar as discussões sobre os temas e melhorar assim o atendimento desse público nas delegacias de polícia. As palestras foram realizadas na Academia da Polícia Judiciária Civil (Acadepol), em Cuiabá, para cerca de 50 policiais.

A diretora adjunta metropolitana, delegada Sílvia Virgínia Biagi Ferrari, falou aos policiais sobre a violência de gênero, com foco na Lei Maria da Penha (11.340/06). Estudiosa sobre o assunto, a delegada disse que estatisticamente a mulher é mais vitima do que o homem. “Depois da lei Maria da Penha o que a gente percebe é o aumento das denúncias”, afirma.

Porém, segundo a delegada, a violência psicológica que acontece veladamente não é entendida pela maioria das vítimas como crime. “Marcas físicas é o que aparece, mas as ameaças, a violência psicológica não”. “Se ela [vítima] cortasse esse ciclo de violência psicológica, talvez esses crimes bárbaros não aconteceriam”, completa Sílvia.

A delegada Juliana Carla Buzzeti, titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Rondonópolis, partilha da mesma opinião. Para Buzzeti, lidar com o emocional das vítimas exige preparo do policial. “Esses crimes, a maioria passa por problemas de autoestima e psicológicos. Tem que conversar e colher o máximo de detalhes possíveis no atendimento”, diz.

Em Rondonópolis, a Delegacia da Mulher tem cerca de 3 mil registros de ocorrências de violência doméstica. Quase 600 inquéritos estão em andamento na delegacia, fora os termos circunstanciados de ocorrência lavrados. A unidade também investiga os crimes de homicídio e tentativa de homicídio de vítimas femininas. Ameaça e lesão corporal são as principais queixas registradas.

Na segunda parte da palestra, a coordenadora do Centro de Referencia em Direitos Humanos de Combate a Homofobia, Claudia Cristina Carvalho, fez uma contextualização do racismo e da diversidade sexual, com enfoque na homofobia e o papel da polícia no contexto. “A preocupação do Centro de Referência é dar visibilidade a essas informações até mesmo para construir nossos indicadores”, declarou.

Para o diretor da Acadepol, Genison Brito, os ciclos de palestras promovidos na Academia este ano buscam dar aos policiais meios para um posicionamento crítico, responsável e construtivo nas diferentes situações sociais, além de conhecimento para o bom desempenho das funções. “A capacitação dos policiais civis na temática de gênero, raça e direitos humanos e a incorporação desse enfoque nas atividades que desempenham são desafios que se colocam para aqueles que detêm em suas mãos a titularidade das ferramentas de garantia da paz e harmonia social”, analisa.

Para a investigadora Luzia Aparecida Elias Rodrigues, as palestras contribuem para ampliar o conhecimento sobre a questão da violência doméstica e da diversidade sexual e racial. “Acho que é importante esse esclarecimento tanto para as mulheres agredidas quanto para os agressores”, disse. “Eu acredito que todos saíram mais esclarecidos sobre os assuntos”, finaliza.

De acordo com a Sílvia Virgínia a violência doméstica “é um ciclo lento e crescente, quase sempre começa com uma ameaça, podendo chegar ao homicídio”.






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