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POLÍTICA
Sábado - 15 de Outubro de 2016 às 08:34
Por: Do G1, em Brasília

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Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em imagem de arquivo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em imagem de arquivo

Com a decisão de antecipar as eleições internas, o PT passou a buscar um substituto para o atual presidente, Rui Falcão, e, conforme relatos de dirigentes de quatro correntes internas do partido ouvidos pelo G1, ainda não há consenso sobre se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria assumir a função.

No último dia 5, após reunião da Comissão Executiva Nacional, Falcão disse a jornalistas que, em setembro, o partido decidiu antecipar do segundo para o primeiro semestre do ano que vem a escolha da nova direção.

Um grupo contrário à presidência de Rui Falcão chegou a marcar, para a noite desta segunda-feira (17), um ato na sede do PT em Brasília para pedir a troca no comando do partido.

Falcão, diz sua assessoria, defende que Lula assuma o comando do PT por considerar que o ex-presidente é uma "unanimidade" na sigla.

Segundo apurou o G1, o atual presidente tem tentado convencer Lula a se tornar presidente do partido, mas o ex-presidente teria mostrado resistência à ideia.

Atualmente, Lula é réu em três processos na Justiça – no Distrito Federal e no Paraná – e é alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal. O petista é acusado, por exemplo, de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato e de ter envolvimento em fraudes em contratos do BNDES para execução de obras em Angola. O ex-presidente nega todas as acusações.

Avaliações

Um dos cinco vice-presidentes do PT, o deputado Paulo Teixeira (SP), da corrente Mensagem ao Partido, por exemplo, avalia que as investigações sobre Lula não são um "impeditivo" para que o ex-presidente assuma o comando do PT.

Ao G1, ele disse, porém, acreditar que a legenda precisa passar por um processo de "refundação", envolvendo a troca no comando da cúpula e a "atualização da agenda".

"Eu acho que esses aspectos [processos] não são impeditivos. Ele [Lula] tem toda condição de assumir o PT, mas, talvez, seja melhor para o próprio Lula ficar solto para desempenhar suas tarefas políticas. Esse negócio das acusações contra ele são, na verdade, uma narrativa política e, por isso, acho que não são impeditivas. Mas é preciso buscar um nome que renove e unifique o partido", afirmou o deputado.

Na mesma linha, o deputado José Guimarães (CE), também vice-presidente do PT, da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), afirma que a legenda precisa passar por uma "renovação geral, ampla e irrestrita" porque, em sua avaliação, o partido "envelheceu".

Embora ele diga que Lula tenha "todas as condições" para assumir o posto de presidente do PT a partir de 2017, acrescenta que há outros nomes para a função, como o do ex-ministro da Casa Civil e ex-governador da Bahia Jaques Wagner.

"Se o Lula quiser [assumir como presidente do PT], ele tem todas as condições, mas acho que há outros nomes. Claro que, se ele desejar, se ele avaliar que vai ser bom para o partido, tudo bem, não tenho objeção nenhuma. Mas há outros nomes e o Lula será sempre o Lula. Mas eu prefiro a renovação. Que tal apostarmos em outros nomes? O Jaques Wagner está aí, por exemplo", declarou Guimarães ao G1.

'Melhor presidente da história'

Ligado à corrente Democracia Socialista, o atual líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), avalia que o ex-presidente Lula tem "totais condições" de assumir oficialmente o comando do partido por ter sido "o melhor presidente da história" do país.

O parlamentar baiano, entretanto, diz que o "tema central" do partido deve ser a "renovação" em 2017 porque, além da escolha do novo presidente, a legenda precisa identificar os desafios que o novo presidente terá nos próximos anos.

"Ele [Lula] pode assumir todos os cargos em que isso for possível, ele foi o melhor presidente da história. Mas o tema central é: quais são as tarefas do momento? O PT precisa ver é isso. O PT precisa viver um momento de atualizar seu programa, atualizar sua agenda para o país, se renovar", disse o líder.

Discurso 'raso'

Ex-presidente da Câmara e integrante da corrente Movimento PT, o deputado Arlindo Chinaglia (SP) avaliou, sem citar nomes, que o discurso sobre uma possível renovação do partido é "raso" porque, diz, "os problemas do PT não vão se resolver só com a mudança de direção."

Ao G1, Chinaglia acrescentou ainda ter "seriíssimas dúvidas" sobre a tese de renovação, porque, "para assumir esse discurso, o PT precisa, antes, olhar para si e dizer que os velhos quadros não servem mais".

"Eu não estou defendendo o nome dele [Lula] ao dizer isso, mas a pergunta que o PT deve se fazer é: 'Se o Lula assumir, qual o peso que ele dará ao PT?'. Quando alguém fala que o Lula, se quiser, pode assumir, mas não deve, está querendo encontrar uma forma de dar um tapa e esconder a mão. Parece um debate que ainda está verde", concluiu.





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