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POLÍTICA
Segunda - 28 de Novembro de 2016 às 07:02
Por: Redação TA c/ O ESTADÃO

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Foto: EVARISTO SA/AFP
Renan Calheiros, Michel Temer e Rodrigo Maia
Renan Calheiros, Michel Temer e Rodrigo Maia

O anúncio do presidente Michel Temer de que seria impossível sancionar uma emenda para anistiar o caixa 2 eleitoral, caso a proposta seja aprovada pelo Congresso, marca o início de uma nova estratégia de comunicação do Palácio do Planalto. Com a imagem desgastada pela crise política, Temer foi aconselhado por sua equipe a dar respostas imediatas a temas que vêm minando cada vez mais a avaliação do governo. Nos bastidores, o diagnóstico é o de que, até agora, o presidente virou refém da agenda negativa.

Nos constantes monitoramentos das redes sociais, a Secretaria de Comunicação (Secom) constatou que a ideia de embutir a anistia ao caixa 2 no pacote anticorrupção tem potencial de causar estrago ainda maior para o Planalto. Foi então que Temer decidiu, em conjunto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - todos eles pressionados por reações da sociedade -, anunciar um acordo institucional no sentido de barrar qualquer movimento para perdoar quem cometeu crime de caixa 2.

Sob o risco do ressurgimento das manifestações de rua, em defesa do "Fora, Temer", o presidente resolveu lançar vacinas para blindar o governo e, na tentativa de mostrar que não é conivente com falcatruas, admitiu a possibilidade de solicitar ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que grave todas as suas audiências públicas. Temer manifestou esta intenção após ser acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de ter agido para atender aos interesses pessoais do então chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, na briga com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O imbróglio ocorreu por causa de um empreendimento imobiliário embargado, em Salvador, onde Geddel comprou um apartamento.

A ideia de criar uma espécie de "gabinete de portas abertas" faz parte da nova política de comunicação do governo, montada depois que o Planalto foi informado de que Calero gravou conversas com Temer, com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e também com Geddel, que caiu na sexta-feira. Orientado por auxiliares a sair da defensiva e ir a público pessoalmente para reagir - não deixando a iniciativa apenas a cargo do porta-voz, Alexandre Parola -, Temer considerou o ato de Calero como de "uma indignidade absoluta".

A percepção no Planalto é a de que a saída de Geddel ameniza, mas não acaba com a crise política, que contamina a recuperação da economia. Em conversas reservadas, aliados de Temer lembram que a oposição, apesar de minoritária, tem conseguido fazer muito mais barulho no Congresso e pode obter respaldo popular ao levantar a bandeira do impeachment, caso o Executivo não apresente resultados em curto prazo.

No momento em que a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) de 2017 caiu de 1,6% para 1% e a Fazenda prevê queda de arrecadação, o desafio imediato do governo é aprovar o Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos - âncora do ajuste fiscal -, sobreviver às delações de executivos da empreiteira Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato, e evitar que manifestações de "Fora, Temer" se alastrem pelo País.

Em almoço no Palácio da Alvorada, na sexta-feira, com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do senador Aécio Neves (MG), entre outros tucanos, Temer ouviu que é necessário ter uma ofensiva não só para se contrapor à onda de acusações, mas também para mostrar o que sua equipe está fazendo. Em seis meses de administração, Temer ainda não tem nenhuma marca de governo para "vender".

O publicitário Nizan Guanaes também pediu ao presidente, no último dia 21, que aproveite sua impopularidade para fazer as reformas de que o Brasil precisa, mesmo com medidas amargas. "Não é possível passar as reformas sem um trabalho de comunicação. O Ministério do Emprego, hoje, é o Ministério do Desemprego", provocou Nizan, em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, numa alusão aos 12 milhões de desempregados. "O senhor deve puxar esse trabalho para si e falar à Nação." Foi exatamente isso o que Temer tentou fazer neste domingo, ao seguir a máxima do apresentador Chacrinha, segundo a qual "quem não se comunica, se trumbica". (Vera Rosa)





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