A Prefeitura de Cuiabá promoveu uma confraternização entre os gestores municipais, lideres de comunidades terapêuticas, recuperandos e seus familiares. O encontro objetivou apresentar os resultados alcançados com os trabalhos sociais realizados com os dependentes químicos na capital, por intermédio de parcerias entre as comunidades e o poder Público. A reunião aconteceu na Secretaria de Ordem Pública do Município, uma das precursoras à frente das ações de combate às drogas.
“Estamos promovendo este pequeno encontro com intuito de mostrar à população que as ações trazem resultados bons sim e que mais ainda, esses resultados trabalham em prol de recuperar outras pessoas. Uma vez que aqueles que conseguem alcançar a positividade na recuperação, são vozes curativas para os que se encontram nas ruas, sem forças para buscar ajuda. Além disso, aqui também está o manifesto das famílias e amigos, que são parte dessa luta. Toda nossa equipe está muito feliz pela oportunidade de fazer parte desse trabalho, que dignifica a todos. Esperamos que cresça as parecerias com as demais secretarias para que essas ações continuem pela capital”, declarou o secretário de Ordem Pública, Henrique de Souza, um dos gestores organizador das ações.
As ações estão sendo realizadas desde o ano passado, em períodos alternados. Elas são desenvolvidas por pontos críticos da capital, de acordo com as demandas, quando existe acumulo de lixo, aumento desses moradores nos locais, dificultando o trânsito de veículos e pessoas que circulam na região.
O secretário-adjunto de Ordem Pública, Zilmar Dias, responsável pelo Programa “Crack, é possível vencer” em Cuiabá, destacou a união de todos no resultado das ações. Ele explicou que hoje, depois desses encontros com esse grupo de pessoas, é possível ter uma visão mais ampla do problema e traçar projetos para auxiliá-los a retornar à vida com dignidade.
“É um trabalho que exige mais que estrutura. Ele exige paciência. Um trabalho de “formiguinha”, pois necessitamos que os dependentes aceitem o tratamento. Então temos que nos atentarmos aos pequenos sinais de confiança que eles dão. É onde vamos conseguindo os resultados que buscamos. Hoje, olhar para esse grupo de pessoas aqui presentes, é uma alegria imensa. Ajudar as comunidades nesse projeto nos proporciona um conhecimento muito grande. Isso é gratificante”, disse.
Um dos resultados das ações dos trabalhos em conjunto, é Antônio Souza, 60 anos, que foi usuário por mais de 40 anos. Ele contou que usou todos os tipos de drogas. Cheguei na comunidade terapêutica em um estado deprimente, onde ninguém mais acreditava em mim. Não conseguia parar em pé. Os primeiros três meses foram uma guerra, pois a vontade da droga chega ser maior que a vontade de melhorar. Mas com muita paciência das pessoas e o meu querer, que foi aumentando no decorrer dos dias, estou há sete anos limpo e recuperei minha dignidade”, declarou Antônio, que hoje é coordenador de uma das comunidade e auxilia na recuperação dos que ali chegam.
Segundo dados da Secretaria de Assistência Social e Desenvolvimento Humano, na capital existem mais 250 pessoas em situação de rua com uso de drogas. A incidência de usuários ainda é maior entre os homens, representando 70% desse número. Mas é registrado um crescimento entre as mulheres nos últimos anos, aproximadamente de 10%.
Desde o ano passado, que iniciou as ações do Programa, foram encaminhadas 50 pessoas para as comunidades terapêuticas. Dessas, 45 homens e 5 mulheres. O programa é desenvolvido pela Secretaria de Ordem Pública, com apoio das Secretarias de Assistência Social, Serviços Urbanos e agora Cultura, Esporte e Turismo. Todas com parceria com as comunidades terapêuticas, que ao todo são 16 inscritas no programa. Elas recebem os dependentes químicos encaminhados pelo município, dando suporte no tratamento e posterior regresso ao convívio com a família e sociedade. Segundo informações da Federação das Comunidades, cada uma atende até 70 dependentes por mês.
“Há muitos anos desenvolvemos esse resgate de pessoas que se encontram em situação de rua, com problemas de dependência química. É um processo moroso e que exige muita dedicação de todos. Sozinhos não conseguiríamos esses bons resultados, que aqui estamos apresentando. As parcerias com o poder público nos possibilitam mais espaço e recursos para cuidar dessas pessoas. Agradecemos a todos da equipe do prefeito Mauro Mendes, que está nesta luta conosco”, destacou Alonso Moura, presidente da Federação das Comunidades Terapêuticas do Centro-Oeste.