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POLÍTICA
Sábado - 29 de Abril de 2017 às 09:56
Por: Redação TA c/ O ESTADÃO

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Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari.
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari.

Echo Chato, Formatador e Revista. Os três codinomes foram usados pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, a máquina de fazer propinas criada por Marcelo Odebrecht, para repassar R$ 17 milhões ao PT, via ex-tesoureiro João Vaccari Neto, pelo contrato para construção de um estaleiro e de cinco submarinos – um deles, nuclear – para a Marinha do Brasil. O negócio de R$ 31 bilhões foi fechado em parceria com a francesa DNSC, que tem como principal acionista o governo da França, em 2008.

Ao todo, o projeto do Prosub, envolve pagamentos de 40 milhões de euros para o lobista José Amaro Pinto Ramos, outros 1,5 milhão de euros e R$ 1,2 milhão ao ex-presidente da Eletronuclear (estatal brasileira) Othon Luis Pinheiro da Silva e os R$ 17 milhões para o PT, via Vaccari.

O programa para a construção dos submarinos (batizado de Prosub) foi lançado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assinou a “parceria estratégica” com o então mandatário da França, Nicolas Sarkozy. A DCNS ficou responsável pela transferência de tecnologia ao País e escolheu a Odebrecht como parceira nacional no projeto, sem realização de licitação.

O pacote previa a construção de um estaleiro, localizado em Itaguaí, no Rio, a operação e manutenção dos submarinos e a construção de quatro submarinos convencionais e o projeto e a construção do submarino com propulsão nuclear. Nenhum deles foi ainda entregue.

Fábio Gandolfo, um dos 78 delatores da Odebrecht, afirmou que após a liberação do primeiro repasse para a empresa, para início da construção do estaleiro, no Rio, onde seriam construídos os submarinos, Vaccari procurou o grupo e pediu R$ 17 milhões. (aos 35min do vídeo)

Gandolfo era o diretor do contrato para a obra do estaleiro. Quando assumiu, o acerto já teria sido acertado com o superior da área de infraestrutura da empresa, Benedicto Barbosa da Silva Junior, e com o então diretor-presidente, Marcelo Odebrecht. Foi do superior que ele teria recebido os codinomes que tinham relação com pagamentos à legenda. Acabaram liberando os R$ 17 milhões para o PT, do setor de propinas.

O delator disse que foi informado por Benedicto Júnior sobre compromissos de caixa 2 que ele teria que cumprir. O primeiro compromisso foi do codinome Champanhe. Eu não sabia quem era e levei um tempo para saber quem era”, afirmou o delator. Champanhe era o lobista internacional José Amaro Ramos, que falava em nome dos franceses. “Ele tem um nível bastante alvo, morou na França, trabalhou lá.”

Gandolfo também relatou que recebeu do superior o codinome Mergulhador, como um dos compromissos a serem pagos no Prosub. Era o apelido do almirante Othon, ex-Eletronuclear

Conta ‘Italiano’. BJ, como é conhecido Benedicto Júnior, detalhou como foi o pedido feito por Vaccari e como se resolveu o pagamento, abatendo o valor da “conta corrente” que a empresa tinha com o PT, controlada por Marcelo Odebrecht e pelo ex-ministro Antonio Palocci, identificado como “Italiano”.

O delator disse não ter concordado com o pagamento ao PT, por cobrança de Vaccari. O percentual de propina pelo negócio já estaria acertado com o diretor-presidente do grupo, dentro das contribuições ao PT e suas campanhas presidenciais – fruto da relação entre Lula e o patriarca Emílio Odebrecht.

“Procurei o Marcelo Odebrecht e relatei o ocorrido. Marcelo me retornou e disse que minha posição estava correta, pois ele já havia alocado como custo ao projeto por conta do PT o montante de R$ 50 milhões”, explicou Benedicto.

Vaccari está preso em Curitiba desde abril de 2015. Ele já foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro, em outros processos, e será alvo central dessa nova investigação da Lava Jato, aberta à partir das delações da Odebrecht, que vão envolver investigadores do Rio de Janeiro e do Paraná.

Por meio de defesa, Vaccari nega qualquer relação com ilícitos. O PT também afirma que todos os recebimentos de valores do partido e suas campanhas foram legais e aprovados pela Justiça Eleitoral.

COM A PALAVRA, A MARINHA DO BRASIL

Por meio de nota, a Marinha do Brasil (MB) informou que “desconhece qualquer irregularidade sobre os pagamentos do contrato de construção dos submarinos do Programa de Desenvolvimento de Submarino (PROSUB)”.

“Por esse motivo, não há qualquer investigação (interna) em andamento.”

COM A PALAVRA, A DEFESA DE JOSÉ AMARO PINTO RAMOS

O advogado Álvaro Luís Fleury Malheiros, que representa José Amaro Pinto Ramos, informou que seu cliente recebeu aproximadamente 17,5 milhões de euros – e não 40 milhões de euros, como informou o delator da Odebrecht Benedicto Júnior, o ‘BJ’.

Segundo Malheiros, o dinheiro foi pago pela empreiteira a título de honorários. Ramos, segundo seu advogado, recebeu porque levou para a Odebrecht um negócio importante, de grande porte, e também pela atuação intensa que promoveu entre duas sociedades que fecharam parceria.

O advogado esclareceu que a empresa francesa (DCNS) para a qual Ramos vinha trabalhando tinha intenção de fazer parceria com uma empreiteira também francesa no Brasil para construção do estaleiro e da base naval, necessários para implantação do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub).

Malheiros destacou que Ramos fazia assessoria para a acionista principal e controladora da DCNS. “Ele mostrou que para a DCNS seria mais importante arrumar um parceiro que fosse uma empresa nacional. Aí apresentou esse projeto para a Odebrecht que acabou pagando honorários a ele.”

“O dr. Ramos foi fundamental para o avanço e o êxito desse projeto”, afirma Malheiros.

O advogado informou que Ramos declarou o recebimento dos valores. “Tudo está perfeitamente regularizado.”





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