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POLÍTICA
Segunda - 22 de Maio de 2017 às 08:11
Por: Redação TA c/ O ESTADÃO

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Foto: André Dusek/Estadão
Romero Jucá e Renan Calheiros.
Romero Jucá e Renan Calheiros.

O executivo da JBS que era responsável pelos pagamentos para políticos, Ricardo Saud, entregou em sua delação premiada com a Operação Lava Jato um roteiro dos pagamentos do grupo ao PMDB, em 2014, para evitar a debandada da bancada de apoio ao governo Dilma Rousseff (PT), para o candidato da oposição Aécio Neves (PSDB).

Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), o delator relatou que a JBS teria acertado com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, os repasses de R$ 43 milhões de “‘propinas dissimuladas” aos “coringas” do PMDB no Senado.

O objetivo, segundo o delator, era abafar uma rebelião deles contra a candidatura à vice-presidência de Michel Temer na chapa de Dilma. Saud contou que Temer, ao saber do acordo feito sem sua autorização, teria ficado “indignado” e acabou recebendo outros R$ 15 milhões.

Responsável pela Diretoria de Assuntos Institucionais e de Governo da JBS, Saud disse aos procuradores, no dia 5 de maio, que o dinheiro repassado a Temer foi tirado da “conta-corrente” com o PT, que tinha um montante de R$ 300 milhões para a disputa de reeleição.

Segundo o delator registra no anexo 26, entregue à PGR, Mantega usou R$ 35 milhões “logo ao abrir a etapa de ‘retiradas da conta corrente que o PT mantinha com o Grupo JF”.

“Determinando a Joesley Batista que direcionasse essa quantia para os principais líderes do PMDB no Senado”, registra Saud. “Esse direcionamento tinha a finalidade de assegurar a unidade do PMDB, que apresentava, ao tempo, risco real de fratura, com a perspectiva de parte do partido passar a apoiar formalmente Aécio Neves, tendência que era palpável no período anterior à campanha.”

Valores. No documento entregue aos investigadores e elaborado pela defesa do delator com base nos registros e informações de Saud, estão listados os valores pagos aos caciques do PMDB: os senadores Renan Calheiros (AL), R$ 9,9 milhões, Jader Barbalho (PA), R$ 8,9 milhões, Eduardo Braga (AM), Eunício de Oliveira (CE) e Valdir Raupp (RO).

Os valores, segundo o delator, não incluem as propinas pagas relacionadas ao presidente Michel Temer, ao ex-presidente Câmara Eduardo Cunha (RJ), ao ex-governador Sérgio Cabral, nem a três governadores peemedebistas e deputados.

Provas. O delator entregou, ainda ao listar os valores para cada cacique do PMDB do Senado, que ameaçavam debandar da base de apoio à reeleição de Dilma, como foram pagos os valores: doações oficiais carimbadas, serviços fictícios, como pagamentos por jatos e consultorias e entregas de dinheiro vivo.

O ex-presidente do Senado Renan Calheiro, que recebeu a maior fatia do bolo, R$ 2 milhões foram repassados em forma de pagamentos para a GPS Comunicação e para o Ibope Inteligência Pesquisa e Consultoria. Outros R$ 4,8 milhões foram entregues em espécie a dois emissários: Durval Rodrigues e Dário Berguer. Para o último, foram dados, segundo o delator, R$ 1 milhão “por ordem de Renan”.

O restante foi pago em doações oficiais para o PMDB de Alagoas – onde o filho Renan Filho foi eleito governador -, Sergipe, Amapá e para o PMDB Nacional, tudo “carimbado” para o senador e por ordem dele. Houve ainda doação ao PTB da Paraíba e ao PT do B Nacional, também seguinte indicação do senador.

Na delação de Saud, ele também registra que o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que era afilhado de Renan, no esquema de fatiamento político e corrupção na Petrobrás, errou em dizer em sua delação premiada, fechada em 2016, quem era o representante da JBS em reunião da cúpula do PMDB na residência oficial do então presidente do Senado, onde foi tratado do assunto.

Bilhete. Na delação, Saud contou que, em junho ou julho de 2014, o dono da JBS, Joesley Batista, após receber de Mantega a lista dos cinco peemedebistas beneficiários da propina, mandou entregar um “bilhetinho” a Michel Temer contando sobre o acordo.

Saud disse, na delação, que esteve na tarde de um sábado na residência de Temer em São Paulo para cumprir a missão dada por Joesley. Temer teria pedido para Saud adiar o repasse dos recursos.

“Ele (Temer) ficou indignado. ‘Como assim? O que está acontecendo? Estou precisando assumir o PMDB. O PMDB está passando por cima de mim.’”, relatou Saud. “Ele (Temer) me pediu: ‘Você consegue me dar dois, três dias, antes de conversar com os senadores para eu me movimentar e ver o que pode acontecer?’”





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