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POLÍTICA
Domingo - 07 de Outubro de 2018 às 22:10
Por: G1 — Brasília

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Os candidatos do PSL, Jair Bolsonaro, e do PT, Fernando Haddad — Foto: REUTERS/Paulo Whitaker/Nacho Doce
Os candidatos do PSL, Jair Bolsonaro, e do PT, Fernando Haddad — Foto: REUTERS/Paulo Whitaker/Nacho Doce

Os candidatos Jair Bolsonaro(PSL) e Fernando Haddad (PT) decidirão no segundo turno quem será o presidente do Brasil pelos próximos quatro anos, segundo os dados de apuração do Tribunal Superior Eleitoral(TSE) divulgados na noite deste domingo (7). Eles disputam a Presidência pela primeira vez.

Com quase todas as urnas apuradas, Bolsonaro tinha quase 50 milhões de votos, e Haddad superava os 30 milhões. O terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT), somava pouco mais de 13 milhões.

Esta é a oitava eleição presidencial por meio do voto direto desde a redemocratização, no fim da década de 1980. O vencedor governará o Brasil de 1º de janeiro 2019 a 31 de dezembro de 2022.

O resultado do primeiro turno quebrou a polarização entre PT e PSDB na eleição presidencial. Nas últimas seis eleições, os dois primeiros colocados foram dos dois partidos, com duas vitórias do PSDB (1994 e 1998) e quatro do PT (2002, 2006, 2010 e 2014).

A campanha

A campanha eleitoral teve início em agosto com 13 candidatos à Presidência da República, o maior número de concorrentes desde 1989, quando houve 22 postulantes.

A corrida ao Planalto deste ano foi marcada por dois fatos que podem ter influenciado até mesmo o desempenho de outras candidaturas:

Lula

Preso desde abril em Curitiba, e com sucessivos recursos negados pela Justiça, Lula liderava as pesquisas de intenção de voto quando teve o registro da candidatura rejeitado pelo TSE com base na Lei da Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de condenados em órgão colegiado da Justiça.

O ex-presidente foi condenado a 12 anos e um mês em regime inicialmente fechado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex em Guarujá (SP), na Operação Lava Jato.

Mesmo ciente de que o registro poderia ser negado, o PT registrou a candidatura de Lula, que recebeu 16 contestações.

Antes da decisão do TSE, um parecer assinado por dois integrantes do Comitê de Direitos Humanos da ONU recomendou ao Brasil que garantisse os direitos políticos de Lula, e permitisse que ele impedi-lo de concorrer até o término da análise de todos os recursos judiciais de sua condenação.

O TSE entendeu que a manifestação dos integrantes do comitê não tinha caráter vinculante. A defesa do ex-presidente tentou usar essa posição para suspender a inelegibilidade dele, mas o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido.

Fernando Haddad

Fernando Haddad

Haddad candidato

O PT confirmou em 11 de setembro o acordo costurado nos bastidores pelo próprio ex-presidente Lula: elevar Fernando Haddad, vice na chapa, à condição de presidenciável. A deputada estadual Manuela D’Ávila (RS) assumiu a vaga de vice, na aliança com o PCdoB.

Nas palavras de Haddad, que percorria o país como vice, Lula lhe conferiu a missão de assumir a candidatura com o slogan "O Brasil feliz de novo", com a promessa ao eleitor de trazer de volta o "Brasil de Lula".

A estratégia de manter a candidatura de Lula até o limite permitido pela Justiça foi definida pelo petista na sede da Polícia Federal no Paraná, onde, preso, recebeu uma romaria de aliados e advogados, entre os quais, Haddad. O partido apostou na transferência de votos do ex-presidente. Haddad tinha 4% nas pesquisas e passou da faixa dos 20% – metade das intenções de voto que o padrinho vinha obtendo.

A candidatura teve de lidar com desgastes. Em setembro, Haddad foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Mas a Corregedoria do Ministério Público decidiu investigar o procuradorque denunciou Haddad por ter apresentado a acusação no período eleitoral.

Outro ponto de degaste para Haddad foi a situação de Lula. No último dia 1º, o juiz federal Sergio Moro retirou o sigilo de parte do acordo de delação de Antonio Palocci, ministro nos governos petistas. A Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deu 15 dias para Moro explicar a divulgação justamente na semana anterior à eleição.

Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro

Facada em Bolsonaro

Deputado federal desde 1991, Bolsonaro filiou-se ao PSL em marçopara disputar a primeira eleição presidencial. Em 6 de setembro, foi vítima de uma facada no abdômen durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).

O candidato do PSL passou por cirurgias e ficou 23 dias internado. Em razão do atentado, Bolsonaro concentrou a campanha nas redes sociais, com a publicação de mensagens por escrito e de vídeos.

Sem fazer campanha nas ruas, manteve o primeiro lugar nas pesquisas – liderou desde o início nos cenários sem o ex-presidente Lula – mesmo sem um espectro grande de alianças e com pouco tempo na propaganda eleitoral gratuita de TV. A popularidade de Bolsonaro cresceu à base de um discurso anti-PT e antiesquerda.

A campanha do deputado federal também teve polêmicas envolvendo declarações de Bolsonaro e do candidato a vice na chapa dele, general Hamilton Mourão.

Bolsonaro:

General Mourão:

Bolsonaro também teve de explicar frases polêmicas ditas ao longo da carreira política, em especial sobre negros, gays e mulheres – o STF rejeitou denúncia de racismo contra ele.

Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência, fala durante entrevista ao G1 e à CBN no estúdio da rádio, em São Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1

Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência, fala durante entrevista ao G1 e à CBN no estúdio da rádio, em São Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1

Ciro Gomes

Coligado ao PT nas duas últimas eleições presidenciais, o PDT também reapareceu na corrida presidencial, desta vez com Ciro Gomes, que apresentou como uma terceira via, na esperança de obter votos no centro e na esquerda, como alternativa aos eleitores desencantados com o PT e refratários a Bolsonaro.

Ele insistiu nas críticas à postura do PT em relação à sua candidatura e, inclusive, chegou a declarar que "não é mais possível" apoiar o partido.

A proposta de Ciro que mais chamou atenção foi o projeto para quitar débitos de consumidores no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

Conhecido pelo temperamento forte e pelas frases ríspidas, Ciro teve entre seus alvos preferidos na campanha o general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro.

O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin — Foto: Evaristo Sa/AFP

Alckmin

Disputando a Presidência da República pela segunda vez, Geraldo Alckmin (PSDB) oscilou nas pesquisas Datafolha e Ibope entre 7% e 10% e não disputará o segundo turno.

Durante a campanha, na tentativa de se firmar como a "terceira via" entre Bolsonaro e Haddad, o tucano fechou aliança com oito partidos, apoio que incluiu legendas do "Centrão" (DEM, PP, PR, PRB e SD) e garantiu a Alckmin quase metade do tempo na propaganda de rádio e TV.

Para tentar justificar o desgaste causado pela união com o bloco, tido publicamente como fisiologista por ocupar cargos nos governos do PT e do MDB, Alckmin defendeu a necessidade de alianças para governar e aprovar reformas para o país voltar a gerar empregos.

Alckmin se apresentou ao longo da campanha como um gestor experiente e focou em um discurso de combate ao "radicalismo" de Bolsonaro e ao retorno do PT ao poder.

As alianças, o tempo de TV e o discurso de Alckmin não funcionaram. O tucano estacionou nas pesquisas, foi abandonado por aliados do Centrão e de setores do próprio PSDB, que passaram a apoiar Bolsonaro e Marina Silva (Rede).

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Marina Silva, candidata da Rede à Presidência, fala durante entrevista ao G1 e à CBN no estúdio da rádio, em São Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1Marina Silva, candidata da Rede à Presidência, fala durante entrevista ao G1 e à CBN no estúdio da rádio, em São Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1

Marina Silva, candidata da Rede à Presidência, fala durante entrevista ao G1 e à CBN no estúdio da rádio, em São Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1

Marina Silva

Em sua terceira candidatura presidencial, agora pela Rede, Marina Silva também se apresentou como alternativa ao PT e a Bolsonaro.

Começou bem nas pesquisas, mas perdeu força e teve desempenho bem inferior ao terceiro lugar registrado em 2014, quando obteve mais de 22 milhões de votos. Desta vez, alcançou pouco mais de 1 mihão.

O candidato do Podemos à Presidência da República, Alvaro Dias, durante debate nos estúdios da TV Globo no Rio de Janeiro — Foto: Marcos Serra Lima/G1O candidato do Podemos à Presidência da República, Alvaro Dias, durante debate nos estúdios da TV Globo no Rio de Janeiro — Foto: Marcos Serra Lima/G1

O candidato do Podemos à Presidência da República, Alvaro Dias, durante debate nos estúdios da TV Globo no Rio de Janeiro — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Alvaro Dias

O senador Alvaro Dias, candidato do Podemos, centrou no discurso de combate à corrupção. Tentou seduzir sem sucesso o eleitor com um convite, caso eleito, para que o juiz Sergio Moro assumisse o Ministério da Justiça.

O candidato do MDB à Presidência da República, Henrique Meirelles, durante debate nos estúdios da TV Globo no Rio de Janeiro — Foto: Marcos Serra Lima/G1

O candidato do MDB à Presidência da República, Henrique Meirelles, durante debate nos estúdios da TV Globo no Rio de Janeiro — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Henrique Meirelles

Vice do PT em 2010 e 2014 e partido do presidente Michel Temer, o MDB voltou a ter candidato próprio, algo inédito desde 1994. Temer ensaiou buscar a reeleição, mas a impopularidade transformou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles no candidato do partido. Ele tirou R$ 45 milhões do próprio bolso para financiar a campanha, apostou no discurso de recuperação da economia, mas não decolou.

João Amoêdo, do partido Novo, durante entrevista ao G1 e à CBN — Foto: Marcelo Brandt/G1João Amoêdo, do partido Novo, durante entrevista ao G1 e à CBN — Foto: Marcelo Brandt/G1

João Amoêdo, do partido Novo, durante entrevista ao G1 e à CBN — Foto: Marcelo Brandt/G1





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