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POLÍTICA
Terça - 01 de Janeiro de 2019 às 17:28
Por: Estadão

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BRASÍLIA - Um forte esquema de segurança foi montado na Esplanada dos Ministérios para a cerimônia de posse do presidente Jair Bolsonaro. Além do público, a imprensa credenciada também foi submetida a diversas restrições impostas pela organização, que incluiu o confinamento em espaços pré-definidos e até mesmo a impossibilidade de levar frutas inteiras, como maçãs, que precisaram ser cortadas.

Para ter acesso aos locais das cerimônias, todos os jornalistas tiveram que chegar a partir das 7h ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funcionou o gabinete da transição. De lá, ônibus do governo levaram repórteres e fotógrafos até o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Itamaraty – onde haverá uma recepção a convidados a partir das 19h. Mesmo assim, repórteres foram confinados em uma sala no subsolo desde o início da manhã, de onde não podem sair para acompanhar os outros atos da cerimônia, que começou às 14h47. Diante das restrições, quatro jornalistas de veículos de imprensa de fora do País decidiram abandonar o espaço e abdicaram de cobrir a cerimônia no Itamaraty.

Diferentemente de posses anteriores, quando jornalistas podiam circular entre os diferentes espaços, desta vez todos foram advertidos de que teriam a circulação restrita durante a cobertura da posse presidencial e orientados pelo cerimonial de Bolsonaro a “não tentarem pular a cerca de jeito nenhum”.

Os profissionais de imprensa também tiveram que levar alimentos em sacos transparentes para as refeições e lanches ao longo de todo o dia, já que não houve lugar que servisse alimentação durante o evento. A exceção foi no Itamaraty, onde foi servido macarrão.

Houve também informações desencontradas entre a equipe de transição, seguranças e assessoria do Congresso. Assessores chegaram a informar que jornalistas que estavam em um dos salões da Câmara não teriam acesso a banheiros durante a cerimônia de posse, o que gerou protestos. A restrição foi revertida em seguida.

No Palácio do Planalto, a preocupação com a segurança foi tamanha que funcionários foram orientados a não tocar nas persianas das salas desde domingo. Qualquer movimento, disseram os agentes, poderia ser interpretado como hostil.

Público passa por barreiras

Para o público que foi acompanhar a cerimônia da Esplanada,também houve restrições. Logo no primeiro ponto de revista, mensagens de um caminhão de som alertavam que, para garantir a segurança, foram posicionados vários atiradores, além de agentes especializados em defesa química, biológica e nuclear.

O público que acompanha a passagem da faixa pesidencial na Praça dos Três Poderes precisou fazer uma caminhada de cerca de 1h15 entre a Rodoviária do Plano Piloto e o Planalto. São três postos de controle no caminho, com detectores de metal e revista de sacolas plásticas. Há também diversos postos de hidratação e banheiros químicos.

Um dos principais aliados de Jair Bolsonaro, o deputado federalAlberto Fraga (DEM-DF) criticou o forte esquema de segurança organizado para a posse do novo presidente. Fraga disse que o excesso de barreiras está criando constrangimento para os parlamentares que irão acompanhar a cerimônia.

"Para chegar até aqui (Plenário da Câmara) foi uma dificuldade, você imagina para o povo. Esse excesso de medidas de segurança pode causar algum tipo de transtorno ou até constrangimento para alguém que se elegeu com base no povo", disse. "Do meu gabinete ao Plenário aqui, fui barrado três vezes. Isso não é necessário. Muita gente que poderia vir aqui para dar um abraço vai se sentir constrangida pelo excesso de segurança", complementou.

O deputado disse ainda que não era necessário todo esse esquema de segurança e classificou a organização de "exagerada". "Com todo respeito, evidente que não precisava de toda essa segurança. A gente não tem essa cultura de atentados. A gente sabe que as medidas devem ser adotadas, mas não com esse exagero. Não vou dizer que invadiram porque foi autorizado, mas entraram em todos os gabinetes para fechar as persianas", disse.

Por meio de rede social, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) semanifestou sobre o esquema restrito para os jornalistas. “Um governo que restringe o trabalho da imprensa ignora a obrigação constitucional de ser transparente. (...) A Abraji protesta contra este tratamento antidemocrático aos profissionais que estão lá para levar ao público o registro histórico deste momento”, diz a nota.





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