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MEIO AMBIENTE
Domingo - 08 de Setembro de 2019 às 22:17

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Foto: CCRE/Sema

A Superintendência de Biodiversidade da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) realiza o levantamento das áreas com cobertura vegetal nativa, tomando como base as já existentes e preservadas no Centro Político Administrativo.

Inicialmente a Coordenadoria de Conservação e Restauração de Ecossistemas da Sema, que coordena os trabalhos, optou por fazer levantamentos nos fragmentos vegetais onde não há conflito fundiário. Desta forma as áreas escolhidas dentro do CPA para esta primeira etapa foram a Sema, Ibama e Inpe.

O trabalho é resultado de uma ação acordada por meio de Termo de Ajustamento de conduta (TAC) do Centro Político Administrativo celebrado entre o Governo do Estado de Mato Grosso e o Ministério Público Estadual.

A equipe é formada por cinco analistas e, pela relevância das atividades desenvolvidas, foi firmada parceria com Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e um grupo de alunos, sob orientação de professores, coopera nas propostas de estudos em campo e validação das metodologias dos trabalhos.

As áreas analisadas dentro do CPA apresentam várias situações distintas que foram caracterizadas conforme sua condição ambiental, dentro do grau de alteração ou degradação apresentada. Os fragmentos são inventariados e os dados brutos, sem tratamentos, servirão tanto para fundamentar o cumprimento do TAC como para geração de monografias e dissertações de estudantes que participam do trabalho.

Trabalho em Campo

A identificação das espécies foi realizada em campo e para cada espécie levantada existem pelo menos duas amostras, que estão armazenadas na Sema. O levantamento abrange: identificação, medição do diâmetro e altura, coleta de informações geográficas, coleta de material botânico e outras informações relevantes.

As pesquisas e estudos técnicos irão subsidiar atividades que envolvam conservação e preservação dos recursos ambientais e o estabelecimento de critérios de exploração e manejo dos mesmos, considerando, de forma especial, espécies raras e endêmicas, vulneráveis ou em perigo de extinção, objetivando sua perpetuação.

Os procedimentos técnicos que deverão orientar as propostas são diagnóstico ambiental, erradicação de espécies invasoras e recuperação ou restauração ambiental das áreas degradas ou alteradas.

O Coordenador de Conservação e Restauração de Ecossistemas da Sema, Marcos Ferreira, explica que a marcação das espécies, que é realizada com um tipo de placa, é importante para que possa se analisar o desenvolvimento ao longo dos anos. “Coletamos os dados iniciais e a ideia é coletar novamente estes dados daqui uns cinco anos para ver a dinâmica, quem continua vivo, quem cresceu, quem morreu”

Na Sema 100% da espécies estão sendo inventariadas, já no Ibama e no Inpe o trabalho é por amostragem, aponta Marcos. “Nos surpreendemos com algumas áreas, como por exemplo a do Ibama, que já está finalizada. Ali um elevado número de espécies foi detectado em três ambientes distintos, o fragmento está tão preservado que aproxima de uma floresta natural, uma vegetação natural como se não tivesse cidade em volta dele”.

Monografia

Dois estagiários do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que integraram a equipe apresentaram monografias baseadas no trabalho de campo realizado junto a Sema. Os trabalhos foram em conformidade a um artigo do TAC, que determina o levantamento dos recursos hídricos, das nascentes das áreas de preservação permanente e das áreas com cobertura vegetal nativas, com potencial ambiental e preservadas.

Matheus Souza realizou o trabalho “Composição Florística e Fitossociologia de um Fragmento Florestal Urbano em Cuiabá”. O fragmento analisado foi no bosque do Ibama e foi dividido em três áreas – seca, úmida e alagadas e identificado cada indivíduo.

O estudante apresentou sua defesa de monografia na Sema, com banca formada com participação de analistas do órgão e concluiu que o fragmento estudado apresentou elevada riqueza e diversidade de espécies, mesmo sendo um fragmento urbano e relativamente pequeno.

“Os fragmentos urbanos apresentam uma importância estratégica tanto para a conservação da biodiversidade como na qualidade de vida da sociedade. O trabalho traz uma abordagem científica visando reforçar ainda mais a necessidade de conservar esses ecossistemas pouco estudados, além de apresentar informações importantes que vão subsidiar, por exemplo, programas de recuperação de áreas degradadas no próprio Centro Político, sendo um ecossistema de referência”, destaca.

A estudante Yasmin Barros apresentou o trabalho “Dinâmica Temporal de Fragmentos Florestais no Entorno de Nascentes em Área Urbana” observando áreas no entorno das nascentes existentes entre os anos de 1990 e 2019 no Centro Político Administrativo, em Cuiabá. A análise foi por meio de Sistema de Informações Geográficas e Sensoriamento Remoto, com o intuito de gerar informações que possam contribuir no planejamento e na gestão ambiental municipal.

A localização das nascentes foi obtida do mapeamento realizado pelo Ministério Público em Mato Grosso no projeto Água para o Futuro. “Nos nossos estudos percebemos sim que houve mudança que devem ser conciliadas entre as questões ambientais e o desenvolvimento da população. É preciso preservar as nascentes, que são importantes tanto para a qualidade de vida da população como para os seres vivos que precisam delas para sobreviver”, afirma a estudante.

Por: Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil - São Paulo





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