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POLÍTICA
Domingo - 15 de Setembro de 2019 às 20:50
Por: Pablo Rodrigo, Gazeta Digital

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Gazeta Digital

Com o recurso da senadora Selma Arruda (PSL) prestes a ser julgado pelo pleno do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que pode confirmar a sua cassação e convocar uma eleição suplementar para a vaga, o Gazeta Digital ouviu os candidatos derrotados de 2018 e possíveis candidatos, caso a parlamenar perca o mandato em definitivo e fique inelegível por 8 anos.

Para a maioria dos que disputaram 2018, caso seja confirmada às acusações contra a senadora, ela deve perder o mandato.
Já em relação a uma nova à caderia que ficará vaga, os ex-adversários e possíveis candidatos, divergem em parte.

Sebastião Carlos, que disputou o Senado pela Rede Sustentabilidade, foi o autor da denúncia contra Selma Arruda ainda durante o período eleitoral.

Para ele, a confirmação da denúncia fortalecerá a democracia, já que dá como certa a cassação. "Ficou muito mais difícil para ela (Selma) com o parecer da PGR. A decisão do TRE deve ser mantida", disse.

Sebastião Carlos também aponta que denunciou Selma Arruda na Justiça Eleitoral por "princípio" e não por interesse político.

"Eu entrei na Justiça antes do resultado das eleições. E foi por acreditar na Justiça e acreditar na democracia. Não entrei depois que perdi", pontua criticando o atual chefe do Escritório de Representação de Mato Grosso (Ermat) e ex-vice-governador, Carlos Fávaro (PSD).

"Teve outro (Fávaro) que entrou depois que perdeu a eleição. Esse sim agiu com interesse próprio e politiqueira. O meu recurso é por princípio para defender o processo legal", completa.

Já sobre uma possível candidatura, caso se confirme a cassação, Sebastião Rezende praticamente descartou a possibilidade.

Para ele, a disputa eleitoral no Brasil ainda continua sendo uma "disputa de quem gasta mais", e por isso pretende não concorrer novamente.

"Não disputaria porque não tenho condições financeiras para isso. Não tive recurso do meu partido no ano passado e com certeza não terei em uma nova eleição", argumenta.

Para ele, não há igualdade de disputa no processo eleitoral brasileiro. "Eu tive apenas 30 segundos de tempo de TV, não tive recurso e nem pude participar de debates. Então a disputa é desigual", lembra.

"Disputei para marcar posição, para debater ideias, defender projetos e princípios. O debate político tinha que ser assim e não como é hoje, com outros interesses. Não quero enfrentar o mesmo desgaste que é um processo eleitoral", finalizou.

Já Carlos Fávaro (PSD), que ingressou na Justiça contra Selma Arruda após a disputa eleitoral, quando ficou em 3º lugar, e teve o seu processo anexado ao de Sebastião Carlos, acredita que a ex-juíza será cassada.

"O TRE confirmou a cassação por unanimidade, o recurso dela foi rejeitado, e agora o parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) reafirma tudo isso. Tudo indica que ela será cassada por ter violado a regra eleitoral. A lei tem que servir para todos", diz.

Em "pré-campanha" desde abril, quando o TRE cassou Selma Arruda por 7 a 0, Fávaro já vem dialogando com vários partidos em busca de apoio, principalmente do governador Mauro Mendes (DEM), que já manifestou simpatia pela continuidade do apoio.

Já o ex-deputado federal Adilton Sachetti (PRB), que também disputou em 2018, acredita que os crimes imputados contra a senadora do PSL não interferiu diretamente nas eleições e nem no resultado das eleições, mas defende a punição.

"Lei é lei e tem que cumprir. Se for comprovado os crimes, ela terá que pagar. Mas entendo que isso não foi determinante para a vitória dela", disse.

Sobre disputar novamente o Senado, Sachetti diz que o PRB tem interesse em participar da disputa e coloca o seu nome à disposição da legenda.

"O PRB quer sim disputar essa eleição caso se confirme. Até porque ela também será importante em 2020. E já estou conversando internamente para me colocar como uma alternativa", disse.

Sachetti também afirma que buscará aliança dentro do agronegócio e dos grupos políticos e aliados de 2018. "Já estou conversando sim com várias lideranças, mas isso se tornará uma agenda constante depois do julgamento no TSE", afirmou.

Já ex-reitora da UFMT, professora Maria Lúcia (PCdoB), acredita que as supostas irregularidade cometidas por Selma Arruda na disputa do ano passado, prejudicou as demais candidaturas.

Porém, ela pontua que isso não foi o fator determinante para a vitória de Selma Arruda em 2018. "Sabemos que qualquer candidatura pelo PSL, impulsionada por essa onda conservadora e pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), ganharia a eleição do ano passado. Independente de quem fosse", analisa Maria Lúcia.

"Obviamente que o momento político, de cunho conservador, foi determinante para o resultado das eleições. Mas a lei é para todos. E se comprovar que cometeu crimes e irregularidades deverá ser punida de acordo com a legislação e com direito a ampla defesa", completa.

Sobre colocar o seu nome para uma nova disputa, a comunista defende que se construa uma grande aliança que denomina de "centro-esquerda", para conter o avanço "conservador" no Brasil.

"Eu penso que é preciso construir uma alternativa de centro-esquerda em caso de uma nova disputa. Porque acho que temos que fortalecer e equilibrar as forças no Congresso Nacional contra essa onda conservadora que se instalou lá", diz.

"Isso será fundamental para a democracia do país. Ou entendemos isso e depois passamos para o debate de nomes, ou então o campo popular e democrático poderá sofrer uma nova derrota", avaliou.

Além das ponderações, Maria Lúcia diz que está disposta a colocar o seu nome para análise, mas, desde que se construa uma frente ampla com partidos de esquerda e centro. "A aliança será mais importante que nomes", disse ao Gazeta Digital. Ex-senador Cidinho Santos (PL) descarta disputar o Senado em uma eventual eleição suplementar. Segundo ele, questões impresariais o impede de retornar à política.

"Eu não tenho nenhuma chance de disputar. Eu acabei de assinar um contrato de compliance e um dos requisitos para o contrato é que o empresário não esteja e não participe de processos politicos eleitorais. Então vou continuar cuidando dos meus negócios", explicou.

Apesar de não disputar, Cidinho analisa que é muito difícil Selma Arruda conseguir reverter a cassação. "A situação jurídica dela é muito complicada. Talvez ganhe um tempo a mais no cargo, mas dificilmente conseguirá ter êxito", afirma.

O ex-governador Pedro Taques (PSDB) também negou interesse em disputar uma nova eleição, caso Selma Arruda seja cassada.

"Está fora de cogitação. Eu já avisei o PSDB que preciso de tempo para me organizar, organizar a minha vida e o meu trabalho", disse.

Porém, Taques torce para que Selma exerça a sua ampla defesa e consiga comprovar na Justiça o que ocorreu. "Eu espero de verdade que ela tenha sucesso em sua ampla defesa", se limitou a dizer.

Ex-deputado Nilson Leitão (PSDB), que disputou o Senado na eleição passada, não foi localizado para comentar o processo jurídico de cassação da senador Selma Arruda.

"A ação que cassou Selma Arruda é irrefutável. Está repleta de provas de abuso por parte da ex-juíza. Como uma nova eleição para o Senado seria uma continuação da Eleição de 2018, que foi fraudada por Selma Arruda, não descarto a possibilidade de concorrer novamente", disse o procurador Mauro (Psol).

Cassação

Selma Arruda foi cassada por 7 votos a 0 no dia 10 de abril por prática de caixa 2 e e abuso de poder econômico, além de propaganda extemporânea durante a pré-campanha ao contratar uma empresa de publicidade com valores acima de sua capacidade financeira.

Para o Ministério Público Federal, as apurações e a quebra de sigilo bancário da senadora e seus suplentes comprovariam que a ex-juíza contraiu despesas de natureza tipicamente eleitoral de, no mínimo, R$ 1,2 milhão, “as quais foram quitadas com recursos de origem clandestina que não tiveram regular trânsito pela conta bancária oficial”, diz trecho do relatório.

Em sua defesa, Selma Arruda diz que os recursos utilizados seriam de um empréstimo de R$ 1,5 milhão que teria feito junto ao seu suplente, Gilberto Possamai (PSL), que teria depositado em sua conta pessoal ainda em abril de 2018, e, portanto, não seria doação de campanha nem caixa dois.

O processo se encontra com o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Og Fernandes, que decidirá quando colocar o processo em votação no pleno do TSE.

Resultado de 2018

Selma Arruda 678.542 votos

Jayme Campos 490.699 votos

Carlos Fávaro 434.972 votos
Adilton Sachetti 333.082 votos
Nilson Leitão 330.430 votos
Procurador Mauro 226.053 votos
Professora Maria Lucia 172.259 votos
Waldir Caldas (Novo) 71.494 votos
Aladir (PPL) 9.325 votos
Gilberto Lopes (Psol) 6.079 votos
Sebastião Carlos 0





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