MT levou prejuízo e o Ministério das Cidades tem sua parcela de culpa, diz relator da CPI da Copa
“O Ministério das Cidades tem culpa sim, afinal o órgão foi responsável porque permitiu que um projeto inviável vingasse. A senhora Luiza alega que entendeu ser viável, porém, tecnicamente não haviam condições para isso. E o nosso papel é exatamente este, de apurar, levantar provas e acionar a Justiça. E nós iremos até o fim, culpados existem e vão aparecer, não importa quem seja. Justiça seja feita, afinal Mato Grosso herdou uma divida milionária por causa de inúmeras obras inacabadas. Um verdadeiro elefante branco. Cuiabá e Várzea Grande foram rasgadas ao meio. Chegaram os vagões, mas onde estão os trilhos, a estrutura? Até árvores derrubaram, pra que?”, indagou Silvano durante entrevista.
Em depoimento à CPI a diretora do departamento de Mobilidade, Luiza Gomide de Faria Viana admitiu ter alterado o parecer já concedido pelo analista e fiscal de projetos, Higor de Oliveira Guerra, que considerou inviável a implantação do VLT em Mato Grosso. Higor que também prestou depoimento à comissão considerou vazios os argumentos utilizados por Gomide para a troca do modal e, disse que “se houvesse novos elementos eu faria uma nova nota técnica, e como me recusei, ela (Gomide) resolveu efetuar a troca das notas”, relatou Higor.
Para Higor, o objetivo era maquiar a inviabilidade técnica do modal, e que por isso houve a necessidade de trocar as notas, em razão da requisição dos documentos com cópia integral dos autos pelo Ministério Público de Mato Grosso, que estava questionando a mudança. “Acredito que houve a decisão para tirar a nota, pois se o MPE recebe os autos em que uma nota técnica não dava respaldo ao VLT, poderia dar algum questionamento”, observou o analista e fiscal de projetos do Ministério das Cidades.
Nas explicações dadas a CPI na tarde desta quarta-feira, Gomide disse que levou em consideração o número de desapropriações que seriam menores, se comparado a implantação do BRT e, por também acreditar que em dois anos e meio, tempo que faltava para a realização do Mundial de Futebol, a implantação do VLT sairia do papel. A diretora de Mobilidade Urbana, no entanto atribui a responsabilidade ao então governador do Estado, Silval Barbosa.
“Eu não sou culpada de o VLT não ter dado certo, eu acreditei que seria possível implantá-lo, o Ministério das Cidades acreditou. Se alguém falhou foi o governador do estado, que sentou com alguém ou ouviu de alguém que a troca seria viável e tomou essa decisão”, disse Gomide em tom irritado e sem mencionar nomes. “Eu não admito que a minha nota técnica seja responsável por tudo isso. Afinal, quem defendeu com unhas e dentes a troca do modal foi o governador de Mato Grosso, não eu”, acrescentou.
Questionada pelo deputado Silvano, sobre quantos estados haviam solicitado a troca do modal, Gomide afirmou que Cuiabá foi a única sub-sede da Copa que solicitou a troca do BRT pelo VLT. Gomide, que responde a processo administrativo, por adulteração fraudulenta de processo administrativo, envolvendo a análise da viabilidade técnica de obra de VLT, em Cuiabá, também denunciou à CPI que teve o processo do Modal, à época, roubado de sua sala.
Questionada também pelo deputado Dilmar Dal Bosco, se a mesma havia feito Boletim de Ocorrência sobre o suposto furto, a diretora do Ministério das Cidades respondeu em tom bastante ríspido que “não vem ao caso” detalhar o ocorrido à comissão. Vale ressaltar que, o depoimento de Gomide foi gravado em áudio/ vídeo e também lavrado em ata pela equipe técnica da Casa de Leis.
A resposta da diretora de Mobilidade Urbana foi rebatida por Silvano Amaral, que solicitou detalhe sobre o suposto furto e que a CPI também quer saber se há ou não Boletim de Ocorrência. Caso não tenha o boletim, Gomide terá que se explicar e poderá depor novamente, caso a CPI entenda necessárioo depoimento prolongado de Gomide, fez com que os deputados alterassem a data do depoimento do ex-assessor especial da Secretaria Especial da Copa, João Paulo Curvo Borges para terça-feira (24).