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POLÍCIA
Quinta - 10 de Setembro de 2015 às 15:37
Por: G1 MT

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 Diante de diversas situações de riscos e ameaças de morte, magistrados de Mato Grosso participam de curso, em Cuiabá, para obterem técnicas de defesa pessoal, direção defensiva, tiro, além de reação contra assaltos e abordagens. Dados apontam que atualmente há seis juízes que atuam no estado sob proteção policial após serem ameaçados pelo crime organizado. O sétimo caso já foi encaminhado pela Associação Mato-grossense dos Magistrados (Amam) ao Tribunal de Justiça (TJMT) e o pedido de escolta está em análise.

O presidente da Amam, José Arimatéia Neves, disse que as denúncias dos magistrados foram registradas pela instituição entre o último ano e em 2015, e os casos são monitorados pelo Poder Judiciário. Esses juízes atuam em Cuiabá, Várzea Grande, região metropolitana da capital, e em fóruns e comarcas do interior. Os nomes não são divulgados por questão de segurança.

Todos os casos são acompanhados pela Comissão de Segurança Permanente do Poder Judiciário, criada há dois anos, na tentativa de reforçar a segurança dos magistrados ameaçados. A reportagem do G1 tentou, mas não conseguiu obter contato com a desembargadora Maria Erotides Kneip, que preside a Comissão e também atua como corregedora do TJMT.

“Todas as denúncias são levadas ao Poder Judiciário que oferece segurança pessoal ao magistrado que sente essa necessidade. Exercemos uma atividade que gera risco não apenas para nós, mas também para a nossa família. É uma situação tanto quanto recorrente e não podemos descuidar. Temos que tentar prevenir”, enfatizou Neves. Diante disso e na tentativa de evitar situações adversas, juízes e desembargadores participam há dois de do “Curso de Sobrevivência e Combate Urbano” realizado por uma empresa privada e oferecido pela Amam.

Ações criminosas
O grupo é formado por 11 desembargadores e juízes, sendo seis mulheres e cinco homens. A juíza Célia Regina Vidotti, da Vara Especializada de Ação Civil Pública e Popular, conta que já foi alvo de assaltantes e até sequestrada, na capital. Ela, que tem 51 anos, é uma das participantes do curso e revelou que foi feita refém por ladrões, dentro da residência, e levada até uma rodovia no próprio carro. Em seguida, eles a abandonaram e fugiram com o veículo.

“Acho importante saber como lidar nessas ocasiões e até mesmo como me defender. Sempre ocorre situação de risco no nosso trabalho tanto dentro dos fóruns, como fora, e precisamos saber o que fazer na situação e garantir a nossa segurança”, avaliou. Vidotti está há 16 anos na magistratura e confirmou já ter sido ameaçada.

 

O juiz de Guarantã do Norte, Darwin Pontes, declarou ter recebido ameaça de morte de criminosos na região e observou os ricos que a família sofre. Preferindo não fornecer detalhes sobre o caso, o juiz ressalta a necessidade obter técnicas contra qualquer tipo de abordagem criminosa. “Precisamos dessa segurança, pois, lidamos diariamente com situação de risco e até a nossa família é atingida”, frisa. O magistrado tem 39 anos e atua no município, distante 721 km de Cuiabá, há três anos.

Para o juiz Paulo Sérgio de Souza, da 1ª Vara do Direito Bancário da capital, as aulas de direção defensiva, manuseio de arma de fogo, são válidas e importantes. “Percebemos que não somos tão bons quanto pensamos. Um detalhe, uma ação ou reação na hora certa pode fazer a diferença”, conclui o magistrado que atua na área há 23 anos. Apesar de preferir não fornecer detalhes, o juiz também já foi alvo de situações de risco.

Emboscada
A reportagem do G1 acompanhou nesta quarta-feira (9) o treinamento envolvendo os magistrados. Um dos pontos de tensão é tentar fugir de uma emboscada “armada” por instrutores, que efetuam disparos contra o veículo conduzido pelo magistrado. Eles percorrem uma área, onde devem desviar de diversos cones e, de forma inusitada, são abordados por atiradores que disparam tinta contra o carro. O magistrado tem que tentar fugir do local, com manobras já treinadas antes, aprendendo como enfrentar a situação, caso seja necessário.

Já em outra ocasião, os magistrados também aprendem a manusear arma de fogo e atirar. Ainda como enfrentar abordagens diretas e tentativas de assaltos, com golpes. O curso foi realizado na terça (8) e quarta-feira. Outro grupo de magistrados devem participar de uma nova etapa prevista para o final de setembro.

 

Escolta e segurança
Cerca de 80 policiais que compõem o efetivo do estado estão à disposição do Poder Judiciário para atuar na segurança de juízes, como também nos fóruns, segundo informou o G1 a Secretaria de Segurança Pública (Sesp). Eles recebem treinamento específico para a atividade e fazem a proteção a título de cargo comissionado pelo serviço prestado.





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