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CIDADANIA
Quinta - 24 de Julho de 2014 às 07:15

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Acostumado a fazer orações na obra todas as segundas-feiras para interceder pelos seus companheiros de trabalho, o carpinteiro João Simão de Souza terá algo mais que a fé para ajudar seus colegas. Desde o dia 22 ele é o representante de cerca de 300 trabalhadores com a missão de aprimorar as condições de trabalho no canteiro de obras do conjunto Habitacional Chapada do Horizonte, em Várzea Grande. Ele passa a ter uma atividade sindical nos moldes de Comissão de Fábrica, numa ação que envolve a empresa, o Governo Federal e os trabalhadores no programa “Compromisso Nacional para Aperfeiçoamento das condições de trabalho na Construção”.

João Simão vive o que o presidente do Sindicato da Construção Civil Joquim Dias Santana qualifica como “novo sindicalismo”, uma forma moderna de organizar o canteiro de obras, ampliando responsabilidades de empregados e empregadores. “O programa, impulsionado pelo Governo Federal só tem um defeito, em vez de ser um compromisso, o que o torna espontâneo, deveria ser algo obrigatório para todas as empresas”, diz.

Na verdade se fosse para fazer uma comparação, seria levar às relações de trabalho o que ficou conhecido como “padrão Fifa”. Surgido em 2012 a partir dos problemas gerados pelas obras das usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia. “Após os conflitos, o governo reuniu as Centrais Sindicais do País e as entidades patronais para discutir o problema. O resultado foi um decreto com o Compromisso Nacional”, relata Sergio Lavarini, diretor de Relações Institucionais da MRV, empresa responsável pela obras.

Para o governo a incoerência do crescimento do país, com níveis de salários e condições de trabalho elevado não poderia justificar o aumento do conflito de classes. Foi então que surgiu o decreto presidencial e as partes envolvidas no processo discutiram formatos de relacionamento . Quatro pontos marcam o “compromisso” e garantem um padrão: o uso preferencial do Sine (Sistema Nacional de Empregos) como recrutador de mão de obra; a representação sindical no canteiro de obras (comissão); a implantação de uma escola para capacitação dos trabalhadores na obra e o envolvimento da comunidade no entorno da obra. “Com estes pontos acreditamos que 90% dos problemas são resolvidos, antes mesmo de se tornarem crônicos”, diz Lavarini.

O governador Silval Barbosa que já vivenciou a implantação do “Compromisso”, na construção da Arena Pantanal e na Hidrelétrica do Teles Pires comemorou o avanço das relações de trabalho na cerimônia que marcou a adesão do primeiro canteiro de obras da construção civil no estado. ”Com certeza Mato Grosso continua fazendo a diferença em relação aos outros estados”, argumentou esperançoso de que o relacionamento venha a se tornar uma coisa constante no crescimento do estado que avança de 8 a 10% anualmente. “Estamos criando a solução de problemas”, argumentou José Lopes Feijó , assessor do ministro da Secretária-geral da presidência da Republica, Gilberto Carvalho, responsável pela implantação do programa. “Às vezes pequenos problemas são resolvidos logo que aparecem e não geram crise, o que é ruim para o trabalhador e para o empregador”, explicou. “Não tenho dúvidas que fazemos, desta forma, um resgate dos excluídos”, comentou Gilberto Carvalho, entusiasmado com as novas relações que estão sendo criadas.

A cerimônia que marcou a posse de João Simão de Souza também recebeu o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, e da diretoria da MRV Construtora, que já tem 11 obras em todo o Brasil com adesão ao compromisso. A empresa será representada pela técnica em segurança do trabalho, Ronise Faria Barbosa, que manterá estreito contato com João Simão para as discussões do dia a dia, além de uma reunião protocolar mensalmente. 





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