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POLÍCIA
Sábado - 03 de Maio de 2014 às 07:33

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Subiu para 36 mandados de prisão preventiva cumpridos da operação "Grená", deflagrada pela Polícia Judiciária Civil, na quarta-feira (30.05), para desarticular a facção criminosa denominada "Comando Vermelho  Mato Grosso (CV-MT), que controla presídio no Estado. Sete integrantes da organização criminosa estão foragidos.

A última prisão aconteceu na cidade de Rondonópolis (212 km Norte), no início da noite de quarta-feira (30.04). A suspeita,  Thaísa Souza de Almeida, esposa do líder da facção Sandro da Silva Rabelo, conhecido por  “Sandro Louco”, “Bile ou Bili”, foi presa na cidade ao tentar visitar o companheiro na Penitenciária Major Eldo de Sá Correa, popular Mata Grande. Segundo o levantamento, a suspeita já estava tentando fugir depois de tomar conhecimento da operação.

A mulher é uma das  autoras do crime de tráfico de drogas, comandado por Sandro de dentro do presídio. No dia 12 de setembro de 2013, ela foi presa junto com outra mulher, por crime de tráfico de entorpecentes.

Ainda estão foragidos: 1. Meykson Campos Oliveira, conhecido por “Zé”- membro do CV-MT, que possui altíssima liderança, sendo um dos principais reeducandos a frente de Ala D no CRC e um dos um dos executores do homicídio de Rafael Ramos de Oliveira, o “Rafinha”, assassinado no dia  9 de setembro de 2013, dentro do CRC. Ele ganhou direito a progressão de pena passou para o regime semiaberto. 2. Luênio César Rondon Rocha, conhecido por “Bicudo” – é integrante do CV-MT, auxilia nas atividades administrativas da facção na rua e também exerce grande liderança. Responde por um homicídio em Cuiabá, por formação de quadrilha e explosão de caixa eletrônico; assalto a mão armada em Cuiabá e porte de arma de fogo de uso proibido. 3. Babilis Paes de Barros - membro do CV-MT. 4. Célio Jamil de Campos Franca, membro do CV-MT. 5. Luciano Roberto Gonçalves Lagares, membro da CV-MT, 6. Marcos Antônio da Rocha Silva, o "Mafú". 7 Reginaldo Miranda, vulgo “Bongo” – criminoso condenado por diversos crimes, sendo um deles pela extorsão mediante sequestro de um dos donos do Supermercado Big Lar, em 2003, que ficou em cativeiro por 92 dias. É membro do CV-MT e possui altíssima liderança, considerado “braço-direito” do “Conselho Final”, participando de decisões referente à punições impostas pelo “Conselho Final” a outros reeducandos. O criminoso tem condenações por assalto em Sinop, Várzea Grande; condenação por porte ilegal de arma de fogo em Várzea Grande; responde por assalto em Jaciara; responde por um homicídio e dois assaltos em Cuiabá. Em 2013 foi posto em liberdade para cumprimento de pena em regime semiaberto.

Mandados expedidos

Para a operação foram expedidas 55 ordens judiciais, sendo 43 mandados de prisão preventiva e 12 buscas e apreensão. As ordens de prisão foram decretadas contra 31 membros da facção que estão dentro de presídios e 12 integrantes e colaboradores do CV-MT que estão do lado de fora das cadeias, em Cuiabá e Várzea Grande. A operação ainda realizou buscas em 12 endereços de pessoas ligadas à organização criminosa.

Na operação, oito internos da Penitenciária Central do Estado, sendo sete ligados ao alto escalão da facção “Comando Vermelho de Mato Grosso” (CV-MT), e o líder de  outra facção foram transferidos para um presídio federal no Estado do Rio Grande do Norte.

Dois 31 internos de presídios de Mato Grosso, 27 reeducandos tiveram mandados de prisão preventiva cumpridos. Quatro entraram recentemente para o regime semiaberto e ainda não foram localizados. Eles são considerados foragidos. Do lado de fora das cadeias, 9 pessoas foram presas, de 12 mandados de prisão decretados. Três são procuradas.

O CV-MT

O Comando Vermelho de Mato Grosso tem mais de 400 membros presentes nas principais unidades prisionais do Estado e fora delas, a facção é apontada como a principal organização criminosa que, atualmente, comanda o tráfico de drogas, roubos e furtos, e explosões de caixas eletrônicos na região metropolitana de Mato Grosso, envolvida também em estelionatos, apologia ao crime, latrocínio e homicídios.

Nas investigações da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso há 255 membros da facção qualificados. Mas estima-se que facção tenha  ultrapassado a casa de 420 membros batizados.

O CV-MT conta com membros em diversas unidades prisionais no Estado de Mato Grosso, dentre elas a Penitenciaria Central do Estado (PCE), o Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), a penitenciaria feminina Ana Maria do Couto May, a Cadeia Pública do Capão Grande, em Várzea Grande, a penitenciária Major Eldo Sá Correia, conhecido por Mata Grande, em Rondonópolis, e a penitenciária Osvaldo F. Leite Ferreira, conhecida por “Ferrugem”, em Sinop.

Os membros estão presentes, especificamente em Raios e Alas reservados aos reeducandos mais perigosos e visando manter o controle sobre seus membros e atualizados quanto às decisões tomadas pelo comando da facção.

A facção mato-grossense nasceu no início de 2013 e funciona de forma independente do Comando Vermelho do Rio de Janeiro, criado em 1979, no presídio Cândido Mendes, na Ilha Grande (RJ), por um conjunto de presos comuns e presos políticos membros da Falange Vermelha, que lutaram contra a ditadura militar. “Meados do ano passado começamos a receber informações de que algumas pessoas estavam  tentando abrir um campo de atividade aqui no nosso Estado e começamos a monitorar as atividades desse grupo aqui no Estado e dentro do presídio”, disse o delegado titular do GCCO, Flávio Henrique Stringueta.

O CV-MT foi criado dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE), idealizado pelo detento Sandro da Silva Rabelo, conhecido também por “Sandro Louco”, “Bile ou Bili”, considerado um dos organizadores da facção mato-grossense, juntamente com Renato Sigarini, conhecido por “Vermelhão”, Miro Arcângelo Gonçalves de Jesus, o “Miro Louco” ou “Gentil”, e Renildo Silva Rios, conhecido por “Nego”, “Negão” ou “Liberdade”.

A facção CV-MT, assim como outras organizações criminosas rivais, é acompanhada pelos serviços de inteligência da Segurança Pública, entre eles a Diretoria de Inteligência da Polícia Judiciária Civil que mantém contato com outras unidades de inteligência do país, no controle de informações das organizações criminosas que atuam de dentro de presídios brasileiros. “Utilizamos de todo o tipo de atividade de inteligência tanto da Polícia Civil quanto do Sistema Prisional e confirmamos que realmente estava intensa a arregimentação de pessoas para o Comando Vermelho e isso passou a preocupar as autoridades policiais e do Sistema Prisional”, destacou Flavio Stringueta.

De acordo com o GCCO e a inteligência da Polícia Civil de Mato Grosso, o CV-MT visando à expansão da facção criminosa estabeleceu duas principais ações iniciais importantes, a primeira dela foi à criação de um “Conselho” denominado “Conselho do Estado” ou “Conselho Final”, compostos por reeducando do mais alto nível de conhecimento sobre as regras do estatuto. Na estrutura do “Conselho Final” há os cargos de presidente, do vice-presidente, do porta-voz e do tesoureiro.

A segunda ação tida como crucial para o desenvolvimento da facção foi fixar autonomia em relação ao Comando Vermelho o Rio de Janeiro, não tendo que prestar contas das atividades ao comando nacional e nem efetuar pagamentos mensais. No entanto, existe uma aliança entre as duas facções.

Uma vez fixando como facção independente, a organização buscou acordo junto a facções rivais, ficando de comum acordo a proibição de “batismo” ou entrada de novos membros a partir de 01 de julho de 2013. A partir dessa data não podiam batizar novos membros e ficou estabelecido ainda que jamais haveria desentendimento entre as facções, tendo em vista que há um elo entre elas, permanecendo o respeito.

O diretor de Inteligência da Polícia Civil, Marcelo Felisbino Martins, explica que o reflexo da “carta branca” deu autonomia para a facção do CV-MT pudesse atuar dentro e fora das unidades prisionais, conquistando novos integrantes e alcançar seu objetivo principal, o domínio do tráfico de drogas em Mato Grosso e também o fortalecimento da estrutura bélica do comando. “O CV-MT em tão pouco estruturou de tal maneira que alguns membros do ‘Conselho Final’ criaram uma espécie de recursos humanos, usado para coordenar o cadastramento de novos membros, bem como recrutar novos e também um sistema de arrecadação mensal”, disse o diretor.  





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