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CULTURA
Sábado - 11 de Fevereiro de 2017 às 11:48
Por: Redação TA c/ Gcom-MT

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Foto por: Divulgação/SEC-MT
A segunda edição do prêmio contemplou 10 escritores e um valor total de R$ 300 mil em investimentos
A segunda edição do prêmio contemplou 10 escritores e um valor total de R$ 300 mil em investimentos

Dez novas obras literárias chegam às mãos dos leitores mato-grossenses este ano. Vencedores do 2º Prêmio de Literatura, os títulos contemplam as categorias prosa, poesia, infantojuvenil e revelação. Nesta segunda edição, foram inscritas 89 obras. A iniciativa é do Governo de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC-MT) e tem por objetivo incentivar e apoiar a produção literária no estado. Cada uma das obras selecionadas irá receber R$ 30 mil, totalizando R$ 300 mil em investimentos.

Selecionado na categoria poesia, o livro Gênero, Número, Graal, de Luiz Renato Souza Pinto, reúne 85 poemas escritos a partir dos anos 80. A obra é dividida em cinco partes, identificadas por palavras que compõem o Poema do Ato Final.

“Esse livro é fruto de um apanhado geral da minha poesia depois da última publicação no gênero, Cardápio Poético, de 1993”, observa Luiz Renato, que também é autor dos romances Matrinchã do Teles Pires (1998) e Flor do Ingá (2014), além do livro de crônicas Duplo Sentido (2016), escrito em parceria com o pernambucano Carlos Barros.

Os 30 poemas que compõem a obra Entraves, de Divanize Carbonieri, também contemplada na mesma categoria, são mais recentes e foram escritos ao longo do ano passado. “Entraves também é o título de um poema individual que, possivelmente, concentra mais intensamente uma das principais temáticas exploradas de uma forma ou de outra durante todo o livro e que envolve as noções de empecilho, obstáculo e dificuldade”, explica a autora. “Outra temática constante é a da morte e perda”, completa.

Na categoria prosa, entre os quatro títulos vencedores está O assassinato na Casa Barão, de Marcelo Leite Ferraz. Segundo o autor, a obra foi escrita nos dois últimos meses de 2016 e inspirada em pesquisas feitas no Arquivo Público. O enredo deste romance policial é entremeado por crimes cometidos por um grupo de extermínio.

Marcelo é cuiabano e conta com outros livros publicados, entre eles A cidade dos poetas de Sião, Benjamin e Hannah, A Locomotiva dos Sonhos e A comunicação intertextual na sétima arte, este último uma monografia em formato de livro.

Segundo livro selecionado, Contos do Corte, de acordo com o autor Afonso Henrique Rodrigues Alves, reúne, em cinco capítulos (infância, escrita-criação, erótico, misticismo, morte e homem-natureza) uma série de contos partidos das vivências pessoais do autor.

“A maioria das histórias não é autobiográfica, mas veio por sonhos ou depois de meditações”, explica. “A palavra corte simboliza muita coisa, pode ser um corte preciso, um corte de cena ou pensamento, um corte nas coisas negativas ou no fluir. Contos do corte refletem um início de reflexão sobre a brevidade da vida, sobre como eu perspectivar a vida colocando ênfase em momentos cruciais”, acrescenta.

Uma cidade que passa por um fenômeno atípico de muita chuva seguida de seca em igual escala. Diante dos extremos causados pela natureza, o homem precisa enfrentar desafios e escolhas que são reveladas ao longo de Intermitências da Água, terceiro título vencedor na categoria prosa.

Conforme o autor, Fernando Gil Paiva Martins, a obra começou a ser escrita há cerca de três anos e foi finalizada em 2016. Apesar de não ser o primeiro livro escrito, será o primeiro publicado.

“Escrever não é fácil. Publicar um livro é ainda muito difícil no Brasil, pois tem um custo muito alto para escritores que ainda não são conhecidos pelo mercado editorial. O Prêmio de Literatura vem como um enorme incentivo para que mais autores escrevam e possam publicar seus livros que, de outra maneira, não seriam reconhecidos. Além disso, reconhece-se o talento cultural e literário de escritores do estado, o que é muito satisfatório”, observou.

A quarta obra contemplada nesta categoria é Os Mesmos, de Teodorico Campos de Almeida Filho. O autor conta com outras duas obras publicadas, Ruínas do Caixa-Prego e Tristes Ais.

Público infantil

Na categoria infantojuvenil, uma das novidades deste ano, foram duas obras premiadas. Em Papo cabeça de criança travessa, a autora Maria Cristina de Aguiar Campos dá vida ao rico vocabulário infantil. “O livro traz várias situações em que crianças dizem palavras diferentes e, de certa forma, inovam a linguagem. É um livro sobre a palavra inaugural que a criança tem”, revela a escritora, que fez uma extensa pesquisa etnográfica recolhendo palavras nas frases do próprio filho e dos filhos de amigos. “A obra é um mergulho na linguagem inventiva das crianças”, salienta.

Mundo dos sonhos – O ferreiro e a cartola é o segundo título vencedor nesta categoria. A missão de salvar o mundo dos sonhos é confiada à pequena Rita, que aceita a proposta de uma desconhecida após encontrar uma cartola caída em seu quintal, o primeiro de muitos mistérios com os quais irá se deparar nesta jornada repleta de aventuras.

O autor, Victor Hugo Machado dos Santos, conta que propôs a si mesmo o desafio de escrever um livro para o público infantil. “Escrever é a minha paixão. Eu respiro literatura”, confessa. “Foi uma experiência magnífica, pois eu descobri que, além de romances, ficções fantásticas e terror, também possuo as qualificações para escrever histórias infantis. Depois desse, eu já escrevi outros quatro livros voltados para os pequenos leitores, entre eles o segundo volume da obra contemplada no prêmio”.

A categoria Revelação teve dois títulos selecionados, entre eles Nu, de Helena Werneck dos Santos, uma jovem de 16 anos, leitora voraz que escreve desde sempre. Ainda na infância, antes de saber escrever, ela desenhava e criava seus próprios livros. Na adolescência se transformou em uma leitora assídua que passou a colocar ideias e sentimentos no papel. “A cada idade, ela escreve o que tem a ver com o seu tempo e com a sua emoção do momento. Todos na família conhecem sua veia literária”, revela a mãe, jornalista Keka Werneck.

Para o Prêmio de Literatura, a autora escolheu 70 poesias em um universo de mais de 300, entre elas a que dá nome ao livro.

Vivências e experiências junto aos índios Paresi-Haliti, de Tangará da Serra e Campo Novo dos Parecis, resultaram na obra Tikare: alma de gato, de Alexandre Marcos Rolim de Moraes, segundo título selecionado na categoria revelação.

“Vivenciei e pesquisei muito sobre as tradições, mitos e a história dessa etnia, o que me amparou com argumentos para escrever o romance. É a história de um índio adolescente que vivia numa aldeia imaginária do século XVIII, num tempo em que os Paresi habitavam toda a vastidão do Chapadão dos Parecis, desde a região Oeste até o Noroeste de Mato Grosso”, conta o autor. “Menino curioso, questionador e interessado nas histórias orais de seu povo, viu-se numa encruzilhada que mudaria para sempre a história de seu povo quando os primeiros não índios chegaram à região, os bandeirantes que vinham em busca de ouro, diamante e mão de obra escrava”, completa.

Segundo o autor, este é o primeiro livro publicado, mas há outros cinco já escritos. “Com a visibilidade proporcionada pelo Prêmio de Literatura, acredito que serão publicados em breve”, conclui.





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