Toque de Alerta - toquedealerta.com.br
Geral
Domingo - 15 de Outubro de 2017 às 21:55

    Imprimir


Gonçalo Antunes de Barros Neto escreve aos domingos em A Gazeta
Gonçalo Antunes de Barros Neto escreve aos domingos em A Gazeta

Uma noite em Cassiciaco, Agostinho ficou acordado e pensando. Ao ouvir a água correndo na casa de banhos, observou que não fazia barulho uniforme, mas variado. Ponderou, qual seria a razão para isso? Um som fê-lo perceber que Licêncio ainda estava acordado.

Agostinho falou a Licêncio de seus pensamentos, tendo este sugerido uma explicação racional e científica: estando o canal bloqueado por folhas caídas, a pressão da água podia movimentá-las, fazendo barulhos diferentes quando alternadamente a impedia de fluir livremente.

Agostinho, em interrogação racional o que dá origem a um evento fora do curso ordinário de eventos? Será que pode algo acontecer por acaso, ou devemos buscar ordem também em tais coisas aparentemente casuais?

Chegou Agostinho ao axioma fundamental de que nada acontece sem uma causa, e que, portanto, nada fica fora da vontade das coisas (G. R. Evans Agostinho Sobre o Mal).

Considerando a ordem das coisas, que Deus é perfeito e a premissa de que perfeição gera perfeição, posto o contrário ser contraditório, o mal não é criação divina, mas humana, vale dizer, da vontade permeada pelo livre arbítrio.

Então, se pode inquietar Porque Deus permite o mal?

Exageros epistemológicos à parte, Platão diz que os corpos são movidos primeiro pelas almas, boas ou más. O mal é na quase totalidade oculto, tendo a providência do bem o papel de retirar-lhe o manto. Portanto, o mal é ausência do bem, do bom, do correto. É dependente e irrelevante no atacado, assumindo papel necessário no varejo, para a recuperação e manutenção da ordem das coisas.

Deus assume o mal em seu plano para o universo, fazendo-o trabalhar para ele (Evans).

Desastres, catástrofes, maldades, fatos desagradáveis que nos cercam, têm uma causa, e não estão na ação direta da providência divina, mas na permissão. A ação imperfeita é das criaturas, não da perfeição, do criador. Por princípio, do que é perfeito, o efeito é perfeição.

Mas não somos criaturas feitas à imagem e semelhança Dele? Sim, criaturas; mas não gerados por Ele, como o foi Cristo. Perfeito, posto Gerado e não Criado.

Vivamos no bem, com essência no bom, e tudo de positivo nos será acrescentado. Não se busca santificação, mas purificação, para a vida espiritualmente eloquente.

"Não há nada bom nem mau a não ser estas duas coisas: a sabedoria que é um bem e a ignorância que é um mal" (Platão).

É por aí...

Gonçalo Antunes de Barros Neto escreve aos domingos em A Gazeta (e-mail: antunesdebarros@hotmail.com).



URL Fonte: http://toquedealerta.com.br/artigo/1013/visualizar/