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Sábado - 19 de Julho de 2014 às 00:50
Por: Lourembergue Alves

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O quadro da saúde pública está em crise. Isso não é de hoje. Vem de muito tempo. E, cada vez mais, agravam-se os problemas, que não se restringem apenas a falta de medicamentos, ou a ausência de atendimentos. Já se criou, inclusive, um imposto destinado ao setor, denominada CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira), porém grande parte dos recursos arrecadados era desviada para outros fins, os quais nada tinham a ver com os objetivos do imposto criado. Assim, a saúde pública continua em um estado caótico, e não é em razão do desaparecimento da CPMF. O que a inscreve na pauta de discussão político-eleitoral, tanto no âmbito estadual como federal. E isso, vale dizer, obrigam partidos, políticos e candidatos a apresentarem projetos, planos de ações que venham diminuir as dificuldades reinantes no setor.

Tem-se a impressão que essas dificuldades se agigantam bem mais em Mato Grosso. Pois existem, por aqui, atrasos constantes no repasse do governo estadual para os municípios, e estes, nem mesmo os polos, contam com hospitais públicos regionais. O que sobrecarregam os Prontos Socorros de Várzea Grande e de Cuiabá.

A solução, portanto, divulgada largamente, seria a construção de hospitais públicos em cinco ou seis dos grandes municípios do Estado. Para tal é necessário que os candidatos ao governo mato-grossense apresentem projetos dessas construções – com todo o planejamento devido: de onde virão os recursos, os custos das obras e as datas de início e de término.

Os ditos candidatos, no entanto, preferem falar dos problemas da saúde, e, quando muito, jogá-los sobre os ombros de alguém, em especial do adversário ou de quem os apoia. Isso chega a ser tragicômico, para não dizer outra coisa. Aliás, neste sentido, o depoimento a um site local, do petista Lúdio Cabral se encaixa perfeitamente, pois ele atribui ao pedetista Pedro Taques à responsabilidade do caos da saúde pública cuiabana. Isso é no mínimo curioso, ou de uma grande piada, até porque não está a cargo do senador a administração dos postos e do Pronto Socorro, nem se encontra sob seu controle a autorização do repasse da verba estadual que toca para a Capital, tampouco é da sua competência comprar medicamentos e organizar equipes de trabalhos no dito setor, ainda que o secretário da pasta seja do PDT.

Talvez, um dos culpados nessa história toda, entre os candidatos ao governo, seja o José Riva, que é deputado e “presidente” afastado da Assembleia Legislativa, e até hoje – juntamente com seus pares – não tenha provocado uma discussão sobre o atual quadro da saúde pública estadual. Ao invés disso, mantém-se, ao lado de vários parlamentares, “casas de repouso”, onde pacientes do interior são alojados para depois serem atendidos no Pronto Socorro, sobrecarregando-o – uma espécie de pagamentos antecipados de votos.

Isso amplia as dificuldades da saúde pública estadual. E o jogar a culpa dos problemas em outro, ou as acusações mútuas, na verdade, esconde a própria incapacidade de formular planos, planejamentos ou de propor soluções para diminuir as ditas dificuldades. Isto, por outro lado, é forte indício da fragilidade de capacidade de governo, caso seja eleito.

O ideal seria, portanto, a apresentação de projetos ou de programas de ações para o setor da saúde. É tarefa de o eleitorado decidir qual deles prefere. Afinal, eleição é escolha.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.  


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