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Domingo - 24 de Junho de 2018 às 11:43

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VICENTE VUOLO é economista e cientista político
VICENTE VUOLO é economista e cientista político

A minha excursão histórica chega a Viena, que faz respirar calma e tranquilidade num estilo de vida imperial e culto. É uma metrópole de grande importância política internacional dominada pela magia harmônica da música, contagiante pela magnificente cultura e elegância das pessoas, onde erradia a beleza de um mundo à parte em todo o seu esplendor às margens do Danúbio.

A capital da Áustria apresenta serviços públicos e educação de alta qualidade, segurança pública eficiente, diversidade enorme de opções culturais e lazer. É conhecida como a cidade global, pois abriga uma das quatro sedes da Organização das Nações Unidas (ONU), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), várias organizações internacionais como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que trata da promoção da democracia e o liberalismo econômico na Europa.

Evidências arqueológicas na cidade, mostram ruínas da Roma Antiga (civilização itálica que surgiu no século VIII a.C que se expandiu para tornar-se um dos maiores impérios do mundo antigo). No século I, os romanos ocuparam a região onde hoje está o centro da cidade de Viena, perto do rio Danúbio. Nele, é possível ver nas ruas do primeiro distrito (Innere Stadt) o curso do muro e as ruas do acampamento militar (“castro”, em romano). Os romanos permaneceram até o século V na região.

Com a queda do Império Romano em 476 d.C., grupos asiáticos, germânicos e eslavos se estabeleceram na Áustria, sendo dominada até 814, por Carlos Magno (Imperador dos Romanos, além de Rei dos Lombardos e dos Francos). Coube ao primeiro Imperador Românico-Germânico Oto I, o Grande, conter as incursões e saques húngaros na Europa Central, na batalha de Lechfeld, em 955, dando início ao desenvolvimento de Viena, bem como da Áustria.

Após a conclusão da Terceira Cruzada (1189-1192), denominada Cruzada dos Reis, liderada pelos 3 principais soberanos europeus da época - Filipe Augusto (França), Frederico Barbaruiva (Sacro Império Romano – Germânico) e Ricardo Coração de Leão (Inglaterra) - o rei inglês de grande reputação como guerreiro e líder militar, Ricardo I, em seu retorno à Inglaterra por volta de 1192, foi capturado e preso perto de Viena, em Durnstein. Com o resgate espetacular de Ricardo Coração de leão, este passou a financiar a primeira grande expansão de Viena. Em 1221, a cidade já era a segunda maior cidade da Áustria, logo depois de Enns, a mais antiga.

Em 1679, a peste bubônica (doença pulmonar provocada por bactéria transmitida ao homem pela pulga através do rato-preto) atingiu Viena, matando cerca de um terço de sua população. Foi nesse período, que a cidade desenvolveu um sistema de tratamento de esgoto, limpeza urbana e melhoria nas condições sanitárias. Viena, logo tornou-se um importante centro cultural europeu, que culminou na música do período clássico vienense.

A partir do século XIII, coube a Casa de Habsburgo governar a Áustria até o século XX. Foi uma das famílias mais importantes e influentes da história da Europa. A ela pertenceu Maria Leopoldina de Áustria, esposa de Dom Pedro I do Brasil e mãe do último Imperador brasileiro Dom Pedro II e de Dona Maria II, Rainha de Portugal e Algarves. Foi a dinastia soberana de vários Estados e territórios, destacando-se o Sacro Império Romano-Germânico (962-1806).

Os poderosos Habsburgos foram, também, soberanos da Espanha, dos Países Baixos, de Borgonha, dos reinos de Nápoles, da Sicília e da Sardenha, da Boêmia, da Hungria e da Croácia, do Ducado de Milão, do Reino Lombardo-Venêto, de Portugal e do México.

Nesse período da dinastia dos Habsburgos, Viena se transforma num importante centro cultural europeu. Foi criada a Primeira Escola Clássica de Viena, nome que se dá ao grupo de compositores do Classicismo de Viena: Joseph Haydn, Wolfgang Amadeus Mozart, Franz Schubert e Ludwing Van Beethoven. Mais tarde integram-se na “Corte” Liszt, Brahms, Mahler e muitos outros.

É um novo ciclo musical, onde a música torna-se mais leve e menos complicada que no Barroco, marcada pela suavidade, beleza com grande equilíbrio e perfeição estética. O cravo cai em desuso para dar lugar ao piano definitivamente. Também a orquestra toma maiores proporções no mesmo tempo que diversifica os seus instrumentos. Desenvolvem-se grandes gêneros instrumentais como: a forma sonata, o quarteto de cordas, a sinfonia e o concerto.

Tudo isso pode ser apreciado no majestoso Palácio de Shonbrunn de arquitetura grandiosa, beleza incomparável e imponência. Ainda hoje, se observa toda a madeira da cama e dos armários do quarto onde a Imperatriz Sissi dormia. Eles vieram do Brasil. É o jacarandá brasileiro.

Shonbrunn foi residência de verão da família imperial, os Habsburgos. Foi lá, também, que viveu Isabel da Baviera, a Sissi, que foi Imperatriz da Áustria e Rainha da Hungria. Ela foi assassinada. A sua vida virou filme em 1955 de grande sucesso.

Hoje, pode-se assistir um belíssimo concerto no Palácio de Shonbrunn. Em determinado momento, parece até que estamos entrando num mundo encantado, de cenário de filme.

Viena não é só passado. É uma cidade moderna e grande. Mas não padece da confusão de nossas cidades, tem um sistema de transporte público moderno e eficiente. Integram-se perfeitamente o metrô, o bonde (TRAM), os ônibus e o taxi. O desenho das linhas do metrô segue um padrão diferente do adotado no resto da Europa, por isso, andar de metrô e bonde requer um pequeno planejamento.

Para nós, outra coisa que chama a atenção é a inexistência de catracas. Tudo limpo e organizado, e o mais importante, pontual. Aliás, é outra grande diferença com nossa cultura, eles prezam a pontualidade. Chegar atrasado é desrespeitoso. Podemos aprender muito com eles.

VICENTE VUOLO é economista e cientista político.



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