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Domingo - 24 de Junho de 2018 às 11:51

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Falam-se muito em nomes para as disputas. Apenas neles. São nomes de um lado e do outro. Há também os que ficam na butuca, à espera de melhor oportunidade. Apostam na especulação, em matéria plantada. Às vezes têm sorte, e, então, se dão bem nas negociações para a feitura de alianças. Nem mesmo na discussão sobre coligações, projetos e ideias são as protagonistas. Não são, sequer, lembrados, pois inexistem, tampouco existirão. Justificam-se o debate em torno de nomes. Debate que igualmente depende de estratégia. Quase como uma jogada de xadrez. Pois qualquer movimento em falso resulta-se em enfraquecimento do grupo, e o enfraquecer, claro, pode levar a derrota eleitoral.

Isto é óbvio. Nem todo óbvio é tão claro para todas as pessoas. Não o é apenas para a plateia, mas também está longe de ser para analistas. Veja, por exemplo, a insistência do PT em manter o seu maior líder como candidato à presidência da República. Muitos têm se colocados contrários. São contrários com a argumentação de que o Lula da Silva, com a condenação por um colegiado, ficou inscrito na Lei da Ficha Suja. Ele se tornou inelegível. Isto é verdade. Mas pode recorrer, e seus advogados irão se valer de todos os recursos necessários para continuarem a mantê-lo na disputa. Manutenção que deve ultrapassar a 15 de agosto (último dia de pedido de registro de candidaturas). Existem liminares. Estas não o efetivam na condição, mas lhe dão o tempo para se manter na briga. Ainda que mais tarde, seu pedido seja indeferido (não imediato). E é o que deve acontecer. Mas até lá, a campanha se desenrola, e o petista continuará atraindo eleitores e colhendo dividendos eleitorais.

Dividendos e eleitores suficientes para mantê-lo em primeiro lugar na pesquisa de intenção de votos. E, por mais que alguém venha questionar a inclusão de seu nome na pesquisa, os institutos não podem, nem devem retirá-lo. Por mais que se tenha aumentado o número de quem discordam de seu registro nas pesquisas. A sua condição de inelegibilidade, nesta fase da disputa, não obriga a retirada de seu nome. E é isto que não entende seus críticos. Estes também não conseguem perceber as jogadas da sigla petista, nem as do próprio Lula da Silva. Taticamente, os petistas estão perfeitos. Pois a manutenção do Lula na disputa permite ganhos e dividendos, e estes e aqueles podem ser transferidos para o seu substituto na disputa da presidência da república.

Transferência nada fácil. Não se dá simplesmente assim. Mas o ex-presidente já demonstrou ter a capacidade de transferências de votos. Transferiu-os para Dilma Rousseff em 2010 e em 2014. Lembra-se, (e) leitor? É esta a aposta do PT e do próprio Lula. O ex-presidente acredita que pode transferir seus votos e dividendos para o seu substituto na campanha. E, se isto acontecer, o quadro da disputa pode ser bem outro do pensado ou do imaginado por muitos analistas.

E é exatamente por esta razão que o Ciro Gomes (PDT) procura se aproximar do PT. Bem mais se junto com tal sigla, o PCdoB pudesse também vir junto, pois a Manuela poderia abrir as portas do eleitorado gaúcho. Possibilidade de torcida dos petistas. Inclusive sem a coligação com o Ciro. Mesmo sem o estarem junto com o PSB. Aliás, a aliança PSB e PT não é fácil de concretizar, mesmo com a saída do Joaquim Barbosa do páreo. Tudo porque a direção nacional petista subornou as alianças regionais com a coligação para a presidência da República. Tem resistência, por exemplo, em Pernambuco e Bahia. Isto dificulta o coligar-se. Ainda que a coligação se prende tão somente em nomes, em Fulanos, Beltranos e Sicranos. Prende-se tão somente em nomes, nunca em projetos e ideias. É isto.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.



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