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Terça - 10 de Junho de 2014 às 16:49
Por: Lourembergue Alves

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O jogo político-eleitoral é carregado de mitos e de críticas. Aqueles e estas se misturam e se entrelaçam a tal ponto que os primeiros podem ser apresentados como suporte dos segundos, ou até, em muitas ocasiões, na condição da própria fundamentação das opiniões, as quais – quase sempre – são infundadas. Um exemplo disso e a lenga-lenga de que um dado candidato chegou sozinho à vitória eleitoral para o Senado ou para o governo. Ninguém consegue tamanha proeza, principalmente destituído de capital político, ou ainda que seja possuidor desta espécie de representação. Igualmente é destituída de argumento, a crítica dirigida a um determinado candidato, cuja pregação foca a renovação, mas se vale da velha guarda da política.

Esta crítica, curiosamente, associa equivocadamente renovação com rostos novos, fotos novas no álbum de fotografias. Renovação, na verdade, anuncia mudanças, e estas, cabe lembrar, só ocorrem e ocorrerão com a transformação de comportamentos dos atores. Isso porque mudança alguma parte do zero, mas, isto sim, de algo que já existe. Portanto, das pessoas que estão atuando, dispostas a trocarem de postura, de visão política e carregando na bagagem um projeto alternativo de governo. Caso contrário, haverá a repetição dos erros do pretérito – próximo e/ou mais que perfeito. As páginas dos jornais, aliás, estão cheias dos registros em que políticos, eleitos com a plataforma de mudanças, tiveram gestões comprometidas com a mesmice e a falta de criatividade, a despeito de suas caras novas.

Nesse sentido, vale trazer também como exemplo a Câmara Cuiabana. Esta, em 2013, fixou no seu mural dezoito fotografias novatas, porém o resultado de seu desempenho foi tão ruim quanto às composições do passado. Tão ruim, ou pior porque vem da mesma escola partidária, corporativista, que se personifica na figura do ator ou dos atores, não da coletividade, cujo alicerce é o bem comum, e cresce em um ambiente de desejos conflitantes. Daí a necessidade da inovação e da mudança, que se inicia com a do comportamento.

Mas, não se deve esquecer, a mudança de comportamento também depende de transformação de ser do próprio eleitorado. Mais cobrador, exigente e crítico – fruto de uma formação política, tão necessária, infelizmente em falta no país.

E é, por conta dessa falta, que ainda não se tem um cenário propício para a mudança, à renovação – no sentido verdadeiro destes termos. Isto se torna pior, então, pelo descomprometimento dos partidos com seu verdadeiro papel, pois cada qual tem dono, e os segmentos da chamada sociedade civil são todos partidários – até pela sua condição de privada – e, em razão disso, ignora, na prática, os interesses coletivos, excetos os particulares.

Isso, porém, não descarta a possibilidade de um candidato – independentemente de quem seja - trazer no discurso um viés para a renovação, ainda que venha acompanhado de velhos nomes, tradicionais do jogo político. Afinal, a aliança e os apoios são imprescindíveis para uma dada vitória eleitoral.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


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