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Sexta - 06 de Junho de 2014 às 22:12
Por: Lourembergue Alves

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Dilma Rousseff continua favorita na disputa à presidência, até por conta da fragilidade da oposição e da ausência de um projeto alternativo de governo. Esta fragilidade oposicionista se agiganta quando se percebe que a caminhada da presidente-candidata está cheia de obstáculos. Obstáculos que ela própria criou ao longo de sua administração. Pois demonstrou cotidianamente três faltas gravíssimas: a de preparo, a de foco e a de objetivos, restando-lhe tão somente o da manutenção do poder, e, mesmo neste, ela cometeu deslizes consideráveis. Ainda assim, continua bem à frente nas pesquisas de intenção de votos, enquanto o tucano e o socialista não conseguem seduzir os 74% dos brasileiros que defendem mudanças na maneira de tocar a administração pública federal.

Apesar disso, cabe lembrar, a decisão pode ser levada para o segundo turno. As últimas pesquisas, de institutos diferenciados, têm anunciado a dita possibilidade. Isto tem ficado mais forte em função do alto índice de rejeição da petista, do aumento de pessoas que desaprovam o governo e, particularmente, das divisões nos mais diferentes segmentos da sociedade civil com relação às candidaturas postas. Tal divisão se torna mais nítida quando se analisa, por exemplo, os posicionamentos das maiores centrais sindicais do país. Bastante diversos do registrado nas eleições de 2010. Nestas, vale dizer, todas as centrais apoiaram a candidata Dilma. Agora, o retrato é muito outro. Tanto que as cinco centrais estão divididas, com as cúpulas da CUT, da Força Sindical e União Geral dos Trabalhadores posicionadas a apoiarem a petista, ao passo que suas bases tendem a apoiar ou o Aécio Neves e/ou o Eduardo Campos. A situação é tão inusitada que até a CUT – uma espécie de cozinha do PT – registra no seu seio fortes traços de descontentamentos com o governo. Insatisfações que foram provocadas pelo não cumprimento de promessa políticas da presidente. Na Força Sindical também existe discordâncias internas bastante acentuadas sobre a sucessão presidencial. O Paulinho da Força, por exemplo, já faz defesa da candidatura do neto de Tancredo Neves, enquanto o secretário-geral da entidade sindical, João Carlos, diz que fará campanha para a Dilma, e alguns dirigentes da UGT (União Geral dos Trabalhadores), ligados ao PPS, preferem o neto de Miguel Arraes.

Essas dissidências dentro das sindicais, em forma de divisões de posicionamentos políticos-eleitorais, podem trazer prejuízos eleitorais para a presidente-candidata, assim como igualmente podem pesar, negativa para a petista, na hora do voto, as ameaças de manifestações populares durante os jogos da Copa do Mundo de Futebol.

Aliás, foram as manifestações de junho de 2013 que provocaram a queda da Dilma nas pesquisas de intenções de votos. Ela perdeu, em um curto período de tempo, quase 30%. Parte destes foi por ela recuperado. Porém, uma queda desse tamanho neste ano, pode ser de difícil recuperação, especialmente em razão do apertado calendário, cuja campanha eleitoral se acha espremida entre os jogos e o dia da votação.

Patinando contra este cenário político-eleitora favorável, no entanto, se encontra a oposição, que ora se vê batendo cabeças entre si, ora se encontra amarrada em sua própria incapacidade em elaborar um discurso convincente, bem como um programa de governo que caia no gosto do eleitorado.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.  


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