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Domingo - 06 de Dezembro de 2020 às 20:54

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Faleceu há mais de seis anos, aos 81 anos, o padre jesuíta João Batista Libânio, um dos maiores teóricos da Teologia da Libertação. Padre Libânio, como era conhecido mundialmente, dedicou-se aos estudos teológicos, à ação pastoral e ao magistério durante anos. Foi autor de mais de 125 livros. Primo de Frei Betto, veio a óbito no dia internacional da não violência.

Conforme a CNBB, estudou Filosofia na Faculdade de Filosofia de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, e cursou Letras Neolatinas na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Foi professor de Teologia na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo (RS), e no Instituto Teológico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Posteriormente, foi professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Seus estudos de Teologia Sistemática foram concluídos na Hochschule Sankt Georgen, em Frankfurt, Alemanha, onde também estudou com os maiores nomes da Teologia europeia. Mestre e doutor (1968) em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Nos últimos anos o jesuíta lecionou na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, sendo vigário da paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Vespasiano.

Padre Libânio dizia que ‘nada faz o ser humano ser tão feliz como colaborar no crescimento interior e espiritual das pessoas’. O dar de si, virtuosidade dos santos. O que seria da humanidade sem essas almas que por aqui aportam? Amar, sem pedir nada em troca. Nunca fazer ao semelhante o que não gostaríamos que fizessem conosco. Eis um certeiro mandamento humanitário.

O Jesuíta pode assistir ao bom começo que ajudou a teorizar. As instituições, e em especial a Igreja Católica, estão num processo de diáspora histórica, de mudanças para melhor, e a prova disso são as boas novas do Papa Francisco. As razões dos ricos estão sendo questionadas. Nada prevalece antes do processo depuratório e dialético, o povo aprendeu a pensar. O mundo avança, parece direcionar para algo esplêndido, mágico, até espiritual. É sintomático, basta observar.

Quer um exemplo? Estamos no tempo do cada vez maior aperfeiçoamento das Defensorias Públicas. Pela primeira vez na história republicana deste país o pobre tem vez e voz na Justiça. Defendido e assistido por senhores e senhoras concursados e da mais alta competência. Isso tem um preço, os reacionários não querem. Tentam atrasar o processo de igualdade judicial, formal e material. Uns com medo de perder poder, espaço. Outros, por pura advocacia em causa própria, pois, ser rico é sinônimo de estar em juízo com um profissional do Direito da sua confiança. Agora tudo mudou. A Defensoria é, sim, a portadora dessa igualdade de todos perante o Estado, perante o juiz, e seu constante crescimento significa a consolidação dos ideais igualitários nas lides judiciárias. Ser contra a Defensoria Pública é ser contra os direitos do pobre. Simples, assim! E muito faz essa nobre instituição, apesar de seu diminuto orçamento comparado aos das outras.

Outros exemplos podem ser citados, como o movimento dos jovens em 2013, a lei anticorrupção sancionada ainda em 2014, os questionamentos ao império americano e suas invasões virtuais à privacidade alheia, a retirada de tropas do oriente médio e a consequente busca do diálogo, o avanço da imprensa e de seus sites de informação na internet etc.

Seria um pleonasmo dizer - descanse em paz Padre Libânio-, pois a paz sempre lhe foi amiga e companheira. Mas não a paz muda, que envergonha, mas a da consciência do dever cumprido, que encanta e santifica. Bastamos, então, afirmar um ‘até breve’, se com ele a misericórdia divina nos permitir estar, em outra dimensão, em outro tempo; e aqui, de novo, talvez.

É por aí...

GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (Saíto) tem formação em Filosofia e Direito, autor da página Bedelho.Filosófico no Face e Instagram, e escreve aos domingos em A Gazeta (e-mail: antunesdebarros@hotmail.com).



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